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Reajuste de 6,06% nos planos de saúde aprovado pela ANS valerá desde maio

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou, no final de junho, um reajuste de 6,06% para os planos de saúde individuais e familiares regulados pela agência. A decisão impacta cerca de 8,6 milhões de beneficiários, o que corresponde a 16% do total de usuários de planos de assistência médica no país.

O aumento, segundo a ANS, é retroativo ao mês de maio de 2025 e poderá ser parcelado pelas operadoras, medida que visa reduzir o impacto imediato sobre o bolso dos consumidores. O percentual é menor do que os 9,63% autorizados em 2024, refletindo uma menor utilização dos serviços médicos e queda na sinistralidade no último ano.

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planos de saude
Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

O que é a sinistralidade e por que ela caiu?

A sinistralidade é o índice que mede o quanto das receitas das operadoras de saúde foi utilizado para cobrir despesas assistenciais, como consultas, exames, cirurgias e internações.

Em 2025, esse índice apresentou queda significativa, impulsionado por dois fatores principais:

  • Menor demanda por serviços médicos eletivos
    Muitos beneficiários adiaram procedimentos não urgentes, reduzindo os custos operacionais das operadoras.
  • Combate a fraudes e melhorias na gestão de custos
    Investimentos em auditoria e tecnologia permitiram identificar usos indevidos e ineficiências no sistema.

Segundo o diretor-presidente da ANS, Dr. Elano Figueiredo, a redução da sinistralidade foi decisiva para manter o reajuste abaixo dos dois dígitos. “O cenário nos mostra que, embora ainda existam pressões sobre os custos, a gestão mais eficiente e a queda na utilização de serviços permitiram um índice mais moderado”, afirmou.

Quem será afetado pelo reajuste?

O aumento de 6,06% será aplicado exclusivamente aos planos individuais e familiares contratados após 1º de janeiro de 1999, que são regulados pela Lei nº 9.656/98 e fiscalizados diretamente pela ANS.

Grupos afetados:

  • Planos de assistência médica com ou sem cobertura odontológica
  • Contratados individualmente por pessoas físicas
  • Com registro ativo na ANS

Planos coletivos (empresariais e por adesão) não estão sujeitos a esse teto de reajuste e seguem regras próprias estabelecidas em contrato entre empresas e operadoras, com base na sinistralidade do grupo.

Como será aplicada a retroatividade?

O reajuste, embora tenha sido anunciado em junho, é retroativo ao mês de maio de 2025. Isso significa que os contratos aniversariados a partir dessa data terão os novos valores já incluídos nas próximas faturas.

As operadoras devem:

  • Informar com antecedência mínima de 30 dias o novo valor da mensalidade
  • Discriminar na fatura o valor correspondente ao reajuste retroativo
  • Permitir o parcelamento dos valores retroativos (normalmente em até 12 vezes)

Exemplo prático:

Se um plano tem valor atual de R$ 500 e seu aniversário contratual é em maio, o valor reajustado passará para R$ 530,30. Se o usuário estiver em julho, ele pagará a diferença de dois meses retroativamente, com possibilidade de parcelamento.

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imagem: Freepik

Apesar da redução da sinistralidade, os planos de saúde continuam enfrentando pressões estruturais de custos, como:

1. Aumento nos preços de materiais e insumos médicos

  • Dispositivos importados, próteses e medicamentos registraram alta significativa no último ano.

2. Envelhecimento da população

  • Com o aumento da expectativa de vida, cresce também a demanda por tratamentos prolongados e complexos.

3. Judicialização da saúde

  • Ações judiciais obrigando o custeio de tratamentos fora do rol da ANS continuam pressionando os caixas das operadoras.

4. Reajuste da rede credenciada

  • Médicos, hospitais e laboratórios também renegociaram contratos, elevando os custos para os planos.

Operadoras registram lucros recordes

Enquanto os usuários enfrentam aumentos, as operadoras de planos de saúde vêm colhendo resultados expressivos.

Dados preliminares indicam que as principais operadoras encerraram o primeiro semestre de 2025 com lucros superiores aos de 2024, impulsionadas por:

  • Queda nas despesas assistenciais
  • Maior eficiência operacional
  • Crescimento nas receitas com planos empresariais e PME

Segundo levantamento da ANS, 80% das operadoras registraram margem operacional positiva nos primeiros cinco meses do ano, algo inédito nos últimos cinco anos.

Reação dos consumidores e entidades de defesa

O reajuste anunciado gerou críticas por parte de entidades de defesa do consumidor, que apontam falta de transparência na composição do índice e dificuldade de comparação entre operadoras.

A Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) emitiu nota cobrando da ANS maior detalhamento sobre os custos considerados e mecanismos para conter abusos nos reajustes de planos coletivos.

“Embora o percentual seja menor que o do ano passado, ele ainda pesa no bolso do consumidor. A ANS precisa reforçar a fiscalização e ampliar o acesso à informação clara para os usuários”, disse Maria Inês Dolci, coordenadora da entidade.

Alternativas e dicas para quem foi afetado

1. Negocie com a operadora

Embora os reajustes estejam autorizados pela ANS, as operadoras podem oferecer condições especiais, migração para planos mais acessíveis ou benefícios adicionais para manter o cliente.

2. Avalie a portabilidade de carências

A portabilidade de carências permite mudar de plano sem cumprir novos prazos de carência, desde que atendidos critérios como:

  • Estar há pelo menos dois anos no plano atual
  • Estar em dia com os pagamentos
  • Escolher um plano compatível com o anterior

3. Use os canais da ANS

A ANS disponibiliza ferramentas como:

  • Consulta de reajuste por CPF
  • Ranking de reclamações de operadoras
  • Guia ANS de planos de saúde

Esses recursos ajudam o consumidor a comparar opções e tomar decisões mais informadas.

Impacto no mercado de saúde suplementar

O mercado de planos de saúde conta com mais de 50 milhões de beneficiários, dos quais aproximadamente 17% estão em planos individuais regulados pela ANS. Os demais estão em planos coletivos, cujos reajustes muitas vezes são superiores à média.

Tendência de crescimento em planos por adesão

Com o avanço das cooperativas, associações e entidades de classe oferecendo planos por adesão, cada vez mais pessoas estão migrando para essa modalidade, apesar de ela não estar sujeita ao teto da ANS.

Expansão de planos com coparticipação

Outra tendência é o crescimento dos planos com coparticipação, nos quais o usuário paga uma taxa adicional por cada procedimento utilizado. Essa modalidade tem mensalidade mais baixa, mas pode surpreender em caso de uso frequente.

O que esperar para os próximos anos?

Planos de saúde
Imagem: Canva

O setor de saúde suplementar enfrenta um desafio de sustentabilidade. De um lado, há a pressão dos custos assistenciais; de outro, a exigência de moderação nos reajustes para manter a base de clientes.

Especialistas apontam que os próximos anos devem exigir:

  • Revisão do modelo de financiamento
  • Adoção de medicina preventiva com foco em saúde populacional
  • Inovação tecnológica para reduzir desperdícios
  • Maior integração com o SUS em ações de saúde pública

Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital