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Bitcoin registra menor hashrate desde outubro de 2024: riscos e oportunidades para mineradores e investidores

O mercado de Bitcoin vive um momento singular. A criptomoeda, cotada atualmente em US$ 106 mil, segue em trajetória de relativa estabilidade e com sentimento positivo entre investidores.

No entanto, por trás da calmaria no preço, um indicador técnico importante levantou dúvidas e reflexões estratégicas: o hashrate do Bitcoin atingiu seu nível mais baixo desde outubro de 2024, recuando para 684,48 EH/s, segundo dados da BitInfoCharts.

Essa redução abrupta, após um pico de 966 EH/s registrado em 20 de junho de 2025, levanta uma questão essencial para o ecossistema: estamos diante de um risco sistêmico ou de uma oportunidade temporária para mineradores e investidores?

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O que é hashrate e por que ele importa?

O hashrate representa a capacidade computacional total dedicada à mineração da rede Bitcoin. Em termos simples, é a quantidade de cálculos que os mineradores realizam por segundo para validar blocos e manter a integridade da blockchain.

Quanto maior o hashrate:

  • Mais segura é a rede contra ataques de 51%
  • Mais competitiva se torna a mineração
  • Maior tende a ser a dificuldade ajustada para minerar novos blocos

A queda no hashrate, portanto, pode ter implicações diretas na segurança da rede e na rentabilidade da mineração — elementos essenciais para o equilíbrio do ecossistema do Bitcoin.

Queda no hashrate do Bitcoin: dados e contexto

bitcoin
Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

A redução de 966 EH/s para 684,48 EH/s representa uma queda de 29% em menos de duas semanas — uma variação significativa para um sistema tão robusto. É a menor média diária registrada desde outubro de 2024, embora o valor atual ainda esteja bem acima dos 379,55 EH/s de julho de 2023.

Comparativo histórico do hashrate médio diário:

DataHashrate (EH/s)
Julho/2023379,55
Outubro/2024682,00
20/Junho/2025966,00
25/Junho/2025684,48

Causas da queda: aumento de custos e fatores geopolíticos

Custos em alta, clima extremo e guerras afetando as fazendas de mineração

Aumento do custo de mineração

Segundo o BeInCrypto, os custos operacionais de mineração de Bitcoin subiram mais de 34% no segundo trimestre de 2025. Os principais fatores incluem:

  • Alta no preço da energia elétrica;
  • Encarecimento de equipamentos de última geração;
  • Custos crescentes de manutenção e refrigeração.

Esse aumento reduziu a margem de lucro dos mineradores, levando muitos a desligarem temporariamente suas máquinas para evitar prejuízos operacionais.

Restrições energéticas e geopolítica

Programas de alívio de carga energética em países como EUA e Canadá também influenciaram. Grandes fazendas de mineração, que consomem megawatts de energia, foram incentivadas a suspender operações em horários de pico.

Além disso, instabilidades como o conflito no Irã foram citadas como possíveis causas. Embora muitos considerem isso mais uma coincidência do que uma correlação direta, fatores geopolíticos podem afetar a confiança e a operação de mineradores em regiões estratégicas.

“Ouça, eu sei que ‘Hashrate está baixo porque o Irã foi bombardeado’ é um ótimo meme, mas se você realmente minera Bitcoin, está olhando para os padrões climáticos dos EUA”, comentou Rob Waren, minerador e usuário da rede X (antigo Twitter).

Ajuste de dificuldade em foco: previsão de queda de 9,37%

A rede Bitcoin possui um mecanismo de ajuste de dificuldade que recalibra, aproximadamente a cada duas semanas (ou 2.016 blocos), o grau de dificuldade para encontrar um novo bloco. Isso garante que o tempo médio de bloco permaneça em 10 minutos.

Segundo projeções da CoinWarz, o próximo ajuste — previsto para 29 de junho de 2025 — deve reduzir a dificuldade de mineração em cerca de 9,37%, passando de 126,41 T para 114,40 T.

Impactos esperados:

  • Aumento da rentabilidade para mineradores que permanecerem ativos;
  • Possível incentivo à retomada das operações suspensas;
  • Redução temporária do poder computacional necessário por bloco.

Risco ou oportunidade?

Uma análise dos possíveis desdobramentos da queda no hashrate

Oportunidade para mineradores resilientes

Para mineradores que seguem operando, a redução na dificuldade pode representar um aumento imediato na rentabilidade, já que:

  • Haverá menos concorrência para encontrar blocos;
  • O gasto computacional por recompensa será menor;
  • O preço do Bitcoin permanece alto, acima de US$ 100 mil.

Além disso, a saída de mineradores ineficientes pode ajudar a consolidar o mercado entre operadores mais robustos e tecnologicamente preparados.

Riscos para a segurança da rede

Apesar de ainda estar em um nível elevado, o hashrate em queda pode, se persistir, reduzir as barreiras contra ataques à rede. Um cenário de hashrate abaixo de 400 EH/s seria alarmante. No entanto, 684 EH/s ainda oferece segurança suficiente, de acordo com especialistas em infraestrutura blockchain.

Pressão de venda

Caso o cenário de queda no hashrate se mantenha por várias semanas, é possível que mineradores com margens apertadas precisem vender parte de suas reservas de BTC para cobrir custos, o que pode gerar pressão baixista no preço da moeda.

ETFs de Bitcoin sustentam confiança do mercado

Apesar do recuo no hashrate, os principais ETFs de Bitcoin continuam atraindo fluxo de capital. O fundo da BlackRock, por exemplo, administra atualmente mais de US$ 70 bilhões em ativos, e mantém exposição firme ao BTC.

Este movimento sinaliza que investidores institucionais não estão preocupados com a retração pontual na mineração, e continuam enxergando o Bitcoin como:

  • Reserva de valor;
  • Hedge contra inflação e instabilidade geopolítica;
  • Ativo descorrelacionado de mercados tradicionais.

A dissociação entre preço e fundamentos técnicos

Historicamente, o preço do Bitcoin tende a reagir com atraso a mudanças no hashrate. Em junho de 2025, apesar da queda acentuada no poder computacional, o BTC mantém estabilidade acima dos US$ 106 mil.

Isso sugere que:

  • O mercado entende o evento como transitório;
  • A confiança institucional está resiliente;
  • Fatores macroeconômicos e de adoção estão mais influentes no curto prazo.

Perspectivas para o segundo semestre de 2025

O que esperar se o hashrate seguir em queda?

Riscos

  • Continuidade da queda pode indicar fragilidade econômica no setor de mineração;
  • Aumento na pressão de venda por mineradores;
  • Possível desincentivo à entrada de novos operadores.

Oportunidades

  • Mineradores eficientes podem ganhar mercado;
  • Reforço da importância da custódia descentralizada;
  • Crescimento de soluções como mineração doméstica e comunitária.

Considerações finais

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Imagem: tungtaechit / shutterstock.com

A recente retração no hashrate do Bitcoin não representa necessariamente um sinal de fraqueza. Pelo contrário: pode ser vista como uma fase de transição e seleção natural no setor de mineração, onde apenas os operadores mais eficientes e alinhados com os fundamentos do BTC continuarão ativos.

Enquanto isso, o mercado permanece confiante, com investidores institucionais sustentando a valorização da moeda e a expectativa de reajustes técnicos que restabeleçam o equilíbrio do ecossistema.

A chave para interpretar corretamente esse momento está em diferenciar ruído de tendência. A rede Bitcoin foi construída para resistir a flutuações, e sua força está justamente na capacidade de autocorreção, adaptação e descentralização.