Salário mínimo sobe e novo valor entra em vigor a partir de julho
A partir de 1º de julho de 2025, trabalhadores paulistas que não têm piso definido por convenções coletivas, acordos ou legislação federal passarão a receber R$ 1.804 como salário mínimo estadual. O valor anterior, de R$ 1.640, sofreu um reajuste de 10%, percentual que supera com folga a inflação acumulada de 4,5% nos últimos 12 meses e representa um ganho real estimado de 5%.
O novo valor já está previsto em decreto e representa um movimento importante do governo paulista para fortalecer o poder de compra da população, em especial de profissionais que atuam em setores mais informais ou menos organizados sindicalmente.
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Piso estadual não pode ser inferior ao salário mínimo nacional
Conforme determina a legislação federal, nenhum piso estadual pode ser inferior ao salário mínimo nacional, que em 2025 está fixado em R$ 1.518. No entanto, os estados têm autonomia para estabelecer pisos superiores, conforme suas realidades econômicas, mediante leis ou decretos próprios.
Em São Paulo, o piso estadual é utilizado como referência especialmente para categorias que não contam com piso definido por norma coletiva, o que representa uma fatia significativa da força de trabalho no estado.
Reajuste beneficia milhares de trabalhadores paulistas
Quem tem direito ao novo piso de R$ 1.804?
Esse novo salário mínimo estadual aplica-se aos trabalhadores formais com jornada de 44 horas semanais, empregados de pequenas empresas, comércios locais, microempreendedores com vínculo empregatício, entre outros profissionais que não são abrangidos por pisos definidos por sindicatos.
O reajuste visa combater a corrosão salarial provocada pela inflação e valorizar o trabalho nos setores de base da economia paulista.
Diferença entre salário mínimo federal e estadual
| Tipo de salário mínimo | Valor em 2025 | Aplicação |
|---|---|---|
| Nacional (federal) | R$ 1.518 | Todo o Brasil, inclusive SP, quando não há piso estadual ou sindical |
| Estadual de São Paulo | R$ 1.804 | Para quem não tem piso definido por convenção, acordo ou lei federal |
Reajuste também atinge funcionalismo público estadual
Além do aumento no piso geral, o governo de São Paulo também anunciou um reajuste linear de 5% para todos os servidores estaduais ativos, aposentados e pensionistas. A medida atinge cerca de 925 mil profissionais em diversas áreas do serviço público estadual.
Abono complementar para evitar salários abaixo do piso
Outra inovação trazida pelo pacote do governo paulista é o abono complementar. Esse benefício adicional visa garantir que nenhum servidor receba menos que o salário mínimo estadual, ajustando automaticamente a remuneração dos que ficariam abaixo do novo piso de R$ 1.804. Trata-se de uma medida que busca corrigir distorções e evitar desigualdades na base do funcionalismo.
Rio Grande do Sul também aprova aumento no salário mínimo regional
O estado do Rio Grande do Sul também aprovou, via Assembleia Legislativa, um aumento no seu salário mínimo regional a partir de julho de 2025. O reajuste foi de 8% e incide sobre as cinco faixas salariais vigentes, utilizadas para categorizar trabalhadores conforme setor e qualificação profissional.
Novos valores do piso regional gaúcho
| Faixa | Valor atualizado | Categorias abrangidas |
|---|---|---|
| Faixa 1 | R$ 1.789,04 | Empregados domésticos, agricultura, pecuária, construção civil, motoboys |
| Faixa 2 | R$ 1.830,23 | Indústrias do vestuário, calçado, saúde, telemarketing, hotelaria |
| Faixa 3 | R$ 1.871,75 | Indústrias químicas, alimentação, comércio, movimentação de cargas |
| Faixa 4 | R$ 1.945,67 | Indústrias metalúrgicas, gráficas, vigilância, condomínios, educação |
| Faixa 5 | R$ 2.267,21 | Técnicos de nível médio em geral |
Piso gaúcho valoriza categorias sem convenções específicas
Assim como ocorre em São Paulo, o piso regional do Rio Grande do Sul tem como público-alvo os trabalhadores que não possuem convenções coletivas próprias. O aumento de 8% proporcionará um ganho real acima da inflação regional, estimada em torno de 4,2% no estado.
Comparativo entre SP, RS e salário mínimo nacional
| Estado | Salário mínimo (a partir de julho/25) | Reajuste | Inflação acumulada (12 meses) | Ganho real |
|---|---|---|---|---|
| Nacional (Brasil) | R$ 1.518 | – | – | – |
| São Paulo | R$ 1.804 | 10% | 4,5% | +5% |
| Rio Grande do Sul (média) | R$ 1.940* | 8% | 4,2% | +3,8% |
*Média aproximada entre as cinco faixas do piso gaúcho.
Importância dos pisos regionais no contexto trabalhista brasileiro
Valorização do trabalho local
Os pisos estaduais, especialmente em regiões com economia mais desenvolvida como São Paulo e Rio Grande do Sul, têm um papel importante na valorização do trabalhador, especialmente da base da pirâmide salarial.
Esses valores mínimos influenciam toda a cadeia de remuneração regional, inclusive servindo como referência para negociações coletivas, benefícios sociais e cálculos de aposentadoria.
Proteção em setores menos organizados
Categorias que ainda não contam com sindicatos fortes ou não possuem convenções coletivas regulares passam a ter um piso garantido de forma direta, o que ajuda a evitar abusos e garante um mínimo de segurança econômica.
Repercussões econômicas e sociais dos reajustes
Aumento do consumo e movimentação da economia
Com o reajuste dos pisos, é esperado que haja um aumento no consumo por parte da população de baixa renda, que tende a destinar grande parte de sua renda para o consumo direto. Isso tem efeito multiplicador em setores como comércio, serviços e alimentação.
Pressão sobre pequenas empresas
Por outro lado, empresários de pequeno porte expressam preocupação com o impacto do novo piso na folha de pagamento, especialmente em setores com margens apertadas. Há uma expectativa de que o governo estadual possa oferecer compensações, como incentivos fiscais, para reduzir esse impacto.
Reflexos no mercado informal
Em muitos casos, o aumento no salário mínimo formal pressiona também os salários pagos no mercado informal, elevando o patamar médio de remuneração em toda a economia regional — o que é visto como um efeito colateral positivo do reajuste.
O que esperar para os próximos anos?
Com a inflação relativamente controlada e o mercado de trabalho formal em recuperação, a tendência é que os estados continuem adotando reajustes progressivos e superiores à inflação, como forma de promover ganhos reais à população trabalhadora.
As políticas de valorização do salário mínimo devem continuar no centro do debate econômico e político, principalmente em períodos eleitorais e de revisão do orçamento público.
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