Seu Crédito Digital
O Seu Crédito Digital é um portal de conteúdo em finanças, com atualizações sobre crédito, cartões de crédito, bancos e fintechs.

Dinheiro no bolso? STF decide sobre nova regra para correção do FGTS

STF decidiu sobre a correção do FGTS, determinando a aplicação do IPCA em vez da TR. Saiba se a decisão terá efeitos retroativos.

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um benefício essencial para milhões de trabalhadores brasileiros, sendo uma poupança forçada depositada mensalmente pelos empregadores. Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu sobre uma importante mudança na forma de correção dos saldos do FGTS, que agora será feita pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em vez da Taxa Referencial (TR).

STF e o Pedido de Retroatividade

Visão na diagonal do prédio do supremo tribunal federal (stf)
Imagem: Reprodução/Agência Brasil

O partido Solidariedade protocolou um recurso conhecido como “embargos de declaração”, solicitando que a decisão de corrigir o FGTS pelo IPCA tenha efeitos retroativos. O argumento central é que os trabalhadores que ingressaram com ações judiciais tinham anteriormente a legítima expectativa de que a nova forma de correção seria aplicada retroativamente, cobrindo perdas acumuladas ao longo dos anos devido à correção pela TR.

Leia mais:
Mudança no FGTS? STF pode revisar correção

Os embargos de declaração são um tipo de recurso utilizado para esclarecer possíveis omissões, contradições ou obscuridades em uma decisão judicial. Neste caso, o Solidariedade argumenta que a decisão do STF deixou de considerar o impacto nos trabalhadores que já estavam em litígio, solicitando uma revisão para incluir os efeitos retroativos.

Correção do FGTS

Desde 1999, os saldos do FGTS têm sido corrigidos pela TR mais 3% ao ano. Contudo, a TR tem se mantido muito próxima de zero, o que, na prática, faz com que os saldos do FGTS percam poder de compra frente à inflação. Com a nova decisão do STF, o objetivo é, pelo menos, garantir que os saldos sejam corrigidos para repor a inflação, usando o IPCA como índice.

A Modulação de Efeitos e Seus Impactos

Na decisão de junho, o STF optou por limitar a aplicação da nova regra para frente, ou seja, para os próximos depósitos. Isso é conhecido como “modulação de efeitos”, uma prática comum em julgamentos de grande impacto econômico, destinada a minimizar os prejuízos aos cofres públicos.

O Que é a Modulação de Efeitos?

A modulação de efeitos é uma técnica usada pelo Judiciário para definir a partir de quando uma decisão terá validade, visando evitar grandes impactos financeiros ou sociais. No caso do FGTS, a preocupação era com um impacto de cerca de R$ 295 bilhões caso a correção retroativa fosse aplicada desde 1999.

Apesar da decisão, a limitação da eficácia para o futuro pode prejudicar trabalhadores que já haviam ajuizado ações judiciais. Esses trabalhadores argumentam terem uma expectativa legítima de que a correção seria aplicada retroativamente, considerando a defasagem inflacionária significativa acumulada ao longo dos anos.

O Papel do Conselho Curador do FGTS

Outro ponto levantado pelo Solidariedade no recurso foi o papel do Conselho Curador do FGTS. Para o partido, delegar ao conselho a responsabilidade por determinar compensações pela defasagem inflacionária pode gerar insegurança econômica, tanto para os trabalhadores quanto para o próprio fundo.

O partido argumenta que, ao permitir que o Conselho Curador determine formas de compensação para os trabalhadores, sem um critério claro e uniforme, pode-se comprometer a estabilidade financeira do FGTS. Isso poderia impactar negativamente os recursos destinados a políticas públicas que dependem do fundo, como o financiamento de projetos habitacionais e de saneamento básico.

Negociações e Propostas Rejeitadas

Antes da decisão do STF, a Advocacia-Geral da União (AGU) havia sugerido um acordo para resolver as perdas passadas administrativamente, por meio de um depósito extraordinário nas contas dos trabalhadores. Entretanto, essa proposta não foi aceita pela Corte, que preferiu limitar a aplicação do IPCA para os próximos depósitos.

Caso o STF tivesse optado por aplicar a correção retroativa, o impacto estimado seria de R$ 295 bilhões. Esse valor considera todas as diferenças acumuladas entre a correção pela TR e o índice inflacionário IPCA desde 1999. Com a decisão atual, o governo evita esse desembolso, mas a questão sobre a retroatividade permanece em aberto com o recurso apresentado pelo Solidariedade.

Reações dos Sindicatos e Centrais Sindicais

A decisão do STF foi recebida com críticas por sindicatos e centrais sindicais, que defendem a aplicação retroativa para compensar as perdas dos trabalhadores. Para essas entidades, a modulação de efeitos favorece o governo, ao invés de corrigir uma injustiça histórica contra os trabalhadores.

Com o recurso em andamento, há uma esperança de que o STF reconsidere a questão e amplie os efeitos da decisão para abranger também as perdas passadas. A expectativa é que, se aceito o pedido do Solidariedade, milhões de trabalhadores possam receber um valor significativo como compensação pelas perdas acumuladas devido à correção pela TR.

Implicações para os Trabalhadores: O Que Está em Jogo?

Para o trabalhador, a principal implicação é a possibilidade de receber uma correção retroativa que compense as perdas de poder de compra acumuladas ao longo de mais de duas décadas. Isso significaria um aumento expressivo nos saldos do FGTS, possibilitando maior segurança financeira e acesso a recursos para investimentos em imóveis, reformas, educação, entre outros.

Os trabalhadores que possuem saldo no FGTS e ajuizaram ações questionando a correção pela TR têm maior possibilidade de se beneficiar, caso a retroatividade seja concedida. Além disso, a decisão pode incentivar novos processos para garantir essa correção.

O Próximo Passo do STF

STF
Imagem: Fellip Agner/ Shutterstock.com

O STF ainda não se pronunciou sobre o recurso, e a expectativa é que a decisão final tenha um grande impacto para milhões de brasileiros. Se a retroatividade for concedida, o governo precisará encontrar formas de compensar financeiramente os trabalhadores sem comprometer a sustentabilidade do FGTS.

Considerações finais

A decisão do STF de corrigir os saldos do FGTS pelo IPCA, em vez da TR, é um passo importante para garantir que os trabalhadores não percam poder de compra ao longo do tempo. No entanto, a questão da retroatividade permanece um ponto controverso, com o recurso do Solidariedade representando a esperança de que as perdas passadas sejam reconhecidas e compensadas.

A decisão final poderá redefinir os rumos do FGTS, com impactos significativos tanto para os trabalhadores quanto para o governo.