Voos domésticos no Brasil disparam 14% em maio e batem recorde de passageiros
O mercado aéreo brasileiro voltou a demonstrar força e crescimento consistente no primeiro semestre de 2025. Segundo o relatório divulgado pela Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo (Alta), o Brasil registrou em maio um recorde histórico de 8,2 milhões de passageiros em voos domésticos — o maior volume para o mês em toda a série histórica.
Este número representa um aumento expressivo de 14% na comparação com o mesmo período de 2024, consolidando o Brasil como protagonista do setor aéreo na América Latina.
Leia Mais:
FGTS: saiba como simular o saque-aniversário
Crescimento consistente e melhor sequência histórica
O desempenho de maio reforça a tendência positiva que vinha sendo registrada nos meses anteriores. Os meses de março, abril e maio de 2025 formaram a melhor sequência de desempenho do mercado doméstico brasileiro já observada, demonstrando a retomada vigorosa do transporte aéreo nacional.
De acordo com a Alta, parte desse crescimento está diretamente ligada à redução dos preços das passagens aéreas. Em um cenário onde a inflação geral preocupa o consumidor, o setor aéreo brasileiro conseguiu se destacar como o único segmento de serviço com deflação relevante — uma queda de 11,3% nos preços das passagens domésticas em maio, comparado ao mesmo mês do ano anterior.
Impacto da deflação e do consumo privado
Além da redução dos valores cobrados, o consumo privado em serviços de transporte aéreo no Brasil cresceu 16,9% entre janeiro e abril de 2025. Esse dado reforça que o brasileiro está retomando com maior frequência as viagens aéreas, seja a trabalho, lazer ou visitas pessoais, o que explica a elevação do número de passageiros.
Mercado internacional brasileiro também cresce forte
O crescimento do setor não se limita ao âmbito doméstico. No segmento internacional, o Brasil apresentou alta de 13,2% em maio, com 250 mil passageiros adicionais. O resultado marcou o quinto mês consecutivo de crescimento nesse segmento, consolidando o País como um importante polo de conexões internacionais na região.
Outro dado expressivo é o aumento de 38% nas chegadas de turistas internacionais por via aérea no acumulado do ano. A maior parte desse fluxo vem da América do Sul, que registrou alta de 64%, com cerca de 1,5 milhão de visitantes. Esses números reforçam a posição do Brasil como um destino cada vez mais atrativo no cenário turístico regional.
Inclusão e acessibilidade impulsionam crescimento
Segundo Peter Cerdá, CEO da Alta, o avanço do transporte aéreo no Brasil nos últimos anos reflete uma maior inclusão social e acessibilidade aos serviços aéreos. Ele destaca que as tarifas médias domésticas corrigidas pela inflação caíram de R$ 851 para R$ 543 nos últimos 20 anos. No mercado internacional, essa redução foi de R$ 892 para R$ 665 desde 2011.
Essa diminuição dos preços facilita o acesso de uma parcela maior da população ao transporte aéreo, fomentando o crescimento sustentado do setor.
Riscos à expansão devido a propostas fiscais
Apesar do cenário favorável, Cerdá alerta para riscos que podem frear o desenvolvimento. Entre eles, destaca a proposta de implementação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 26,5% sobre passagens aéreas, que pode encarecer os bilhetes e restringir o acesso de milhões de brasileiros às viagens aéreas.
Panorama do tráfego aéreo na América Latina
O crescimento do Brasil integra um movimento mais amplo na América Latina e Caribe. Em maio, a região contabilizou 37,76 milhões de passageiros, um aumento de 2,6% em relação a maio de 2024. Apesar do crescimento, houve uma desaceleração na taxa de expansão nos últimos meses, que passaram de 5,3% em abril para 2,6% em maio.
Argentina lidera crescimento doméstico
Na região, a Argentina foi o mercado doméstico que apresentou a maior taxa de crescimento, com 21% de aumento no tráfego doméstico. No segmento internacional, o país cresceu 19%, impulsionado principalmente pelo aumento de 52% nas partidas de residentes.
Capacidade e demanda na região
A capacidade aérea medida em assentos-quilômetro disponíveis (ASK) cresceu 3,2% em relação ao ano anterior, enquanto a demanda, em passageiros-quilômetros transportados (RPK), aumentou 3%. O fator de ocupação médio manteve-se em 84,4%, praticamente estável, indicando boa eficiência na operação das companhias aéreas.
Perspectivas para o setor aéreo no Brasil e América Latina
O cenário apresentado pela Alta demonstra que o setor aéreo brasileiro está em franca recuperação e expansão, impulsionado por políticas de preços mais acessíveis e pela retomada econômica pós-pandemia. A tendência para os próximos meses é que o crescimento continue, especialmente se o contexto econômico se mantiver estável e políticas fiscais favoráveis forem adotadas.
A melhora na acessibilidade ao transporte aéreo não só dinamiza o turismo como também potencializa a integração econômica e social do país, ampliando oportunidades para diferentes camadas da população.
No entanto, o setor precisa ficar atento às ameaças regulatórias e fiscais que podem impactar a competitividade e o preço final das passagens, colocando em risco o avanço conquistado até agora.
O relatório da Alta reafirma o Brasil como protagonista no mercado aéreo latino-americano, apontando para um futuro promissor se os desafios forem bem geridos e as oportunidades aproveitadas. A aposta na acessibilidade e na inclusão permanece como a chave para a continuidade do crescimento.
Imagem: Ian Schofield/ Shutterstock.com