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Novo presidente da Argentina pode prejudicar a indústria automotiva brasileira?

Importante figura política analisou se o novo presidente da Argentina pode impactar a indústria automotiva no Brasil. Veja!

O ex-ministro da Fazenda e ex-embaixador do Brasil na Itália, Rubens Ricupero, expressou preocupações sobre a potencial ameaça que o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, pode representar para a indústria automobilística brasileira

Em uma entrevista recente, Ricupero enfatizou que a legalidade da indústria automobilística no Brasil está intrinsecamente vinculada ao acordo bilateral automotivo com a Argentina. Esse acordo opera no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Na entrevista, ele contextualizou a situação destacando um fato sobre a Rodada Uruguai em 1994, considerada o maior acordo comercial da história. Neste caso, o Brasil não manteve seu regime automobilístico de proteção. 

Dependência automotiva

Javier Milei cercado de profissionais da imprensa

Imagem: Joe Bamz/pixabay.com

Esse regime, que anteriormente permitia restrições a investimentos estrangeiros e preferências para produtos nacionais, foi considerado ilegal pela Rodada Uruguai. A Cláusula do Avô, que poderia ter preservado esse regime, não foi invocada pelo Brasil, ao contrário da Argentina.

A dependência resultante da indústria automobilística argentina está fundamentada nessa autorização legal específica. A preocupação central de Ricupero é a possibilidade de Milei denunciar esse regime anterior à Rodada Uruguai, conhecido como proteção ao produto nacional. 

Tal ação deixaria o Brasil sem uma base legal sólida, sujeito a retaliações potenciais da OMC ou de outros países, podendo resultar em restrições comerciais ou fechamento de mercados para exportações brasileiras.

Milei pode causar impacto duplo

Ricupero destacou ainda que uma decisão radical de Milei a favor do livre comércio no setor automobilístico não prejudicaria apenas o Brasil, mas também a Argentina, cuja indústria automobilística é fundamental na economia.

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O ex-embaixador ressaltou a importância das tarifas elevadas para proteger o mercado nacional de automóveis. Elas são justificadas pelo acordo automotivo com a Argentina. Além disso, ele alertou que uma denúncia desse acordo por parte de Milei poderia comprometer essa base legal, impactando os dois países.

Desafios pós-eleições

Ricupero ainda analisou as propostas genéricas de Milei durante a campanha, como o fim do Banco Central, a dolarização da economia e a eliminação de subsídios. Ele salientou que agora essas propostas precisam ser enfrentadas.

Nesse sentido, ele observou que, apesar do apoio de Macri, a força interna de Milei na Argentina pode depender consideravelmente do partido e dos parlamentares associados a Macri. 

Ademais, Ricupero concluiu a entrevista comparando figuras como Milei, Trump e Bolsonaro. Por fim, ele enfatizou que, embora sejam extravagantes durante as campanhas, a realidade muitas vezes impõe limites quando assumem o cargo.

Imagem: Facundo Florit / shutterstock.com