Quais fatores explicam a grave crise econômica na Argentina?
A crise na Argentina têm agravado diversos problemas econômicos no país além da instabilidade política que só cresce
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Quando se fala das inflações mais altas entre os países do mundo, a Argentina tem sido destaque. Isso porque no acumulado de 12 meses, a taxa inflacionária do país chegou a 71% e, para o segundo semestre deste ano, as previsões apontam para 100%. A realidade do vizinho latino-americano é caótica.
É importante destacar que a Argentina já foi um dos países mais ricos da América Latina. As crises econômicas, no entanto, não são de agora. A nação tem um histórico de adversidades na economia.
Sobre a crise econômica na Argentina
A pandemia de Covid-19 não deixou nenhum país de fora. Os efeitos da crise sanitária ainda são sentidos e na Argentina não seria diferente. Somado a esse fator, um desequilíbrio fiscal foi o pontapé para chegar na situação grave que se pode observar hoje.
A instabilidade política do governo de Alberto Fernandéz contribui ainda mais para a piora do cenário. Só em julho, o presidente trocou duas vezes o chefe do Ministério da Economia. No mesmo período, a oscilação do dólar foi de 239 para 316 apenas em um dia.
Diante dessa realidade, os argentinos sofrem com a perda no poder de compra, com os baixos salários e a pobreza que tem aumentado no país. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas (Indec), o índice de argentinos abaixo da linha da pobreza é de 37,5%.
Déficit fiscal da Argentina
O centro do problema está relacionado com o déficit fiscal do país. A Argentina gasta muito mais do que arrecada. Dessa forma, os recursos usados para subsidiar combustíveis, serviços públicos e programas sociais ficam escassos, o que faz com que o governo apele para impressão indiscriminada de dinheiro para dar conta dos compromissos.
A emissão de dinheiro quando feita dessa forma, aumenta a inflação, que por sua vez, diminui o poder de compra dos cidadãos.
No último mês de junho, o déficit do país cresceu em 691% em comparação ao mês anterior. O que evidencia o tamanho descontrole das contas públicas no país. Esse problema é histórico na Argentina.
Restrição Cambial
Outro fator importante é a moeda fraca. As reservas internacionais em 2019 eram de US$ 44,9 bilhões. Agora, são estimadas em US$ 32 bilhões. Esta queda significativa fez com que o governo restringisse ainda mais o acesso ao dólar para os importadores. Com isso, os produtores ficam impedidos de comprar insumos para a produção necessária para atender a demanda do mercado. Isso faz com que os preços já pressionados subam ainda mais.
Preço Cuidado
O preço cuidado é um mecanismo adotado pelo governo para congelar os preços de alguns itens de consumo, em uma tentativa de manter os valores acessíveis para a população, principalmente a de baixa renda.
O problema é que com isso, os produtos desaparecem das prateleiras dos supermercados, já que a quantidade desses itens é insuficiente para suprir toda a demanda. Nesse sentido, após um período, os preços são reajustados porque os custos de produção aumentam e precisam ser repassados para o consumidor final. No final das contas, o mecanismo acaba por prejudicar quem mais deveria ser ajudado.
Instabilidade política no país
Diante dessa realidade, a estabilidade política vai por água abaixo. No começo do mandato, Fernández conquistou uma aprovação elevada entre os argentinos devido a sua postura em relação à pandemia. Porém, com o passar dos anos, o presidente vem perdendo apoio.
Para se ter uma ideia, a popularidade do chefe do governo chegou a 67%. Em 2020, já caiu para 50%. Agora, está em cerca de 21%, uma das mais baixas já registradas entre os governantes da América Latina.
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