Saiba por que o orçamento secreto foi considerado inconstitucional
Entenda o que é o orçamento secreto e saiba por que ele foi considerando inconstitucional na última na última segunda-feira (19)
Na última segunda-feira (19), o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou que as emendas do relator do Orçamento são inconstitucionais. Vale destacar que essas emendas ficaram conhecidas como orçamento secreto e causaram muita polêmica nos últimos meses.
A polêmica ocorreu porque o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, durante sua campanha, foi veementemente contra tal medida. Contudo poucas pessoas sabem do se trata o orçamento secreto e qual o problema dele existir.
Orçamento secreto
Primeiramente, orçamento secreto é a mesma coisa que emendas de relator, isto é, recursos da União dirigidos para o relator do orçamento. Este tipo de emenda surgiu em 2019, ano em que o Congresso ampliou o poder do relator, que começou a liberar valores do Orçamento para atender pedidos de deputados e senadores.
Portanto, a expressão “orçamento secreto” surgiu devido a falta de transparência ao distribuir estes recursos. Isso porque no sistema do Congresso há meios de identificar o órgão orçamentário, a ação que será desenvolvida e quem será favorecido pelo valor.
Contudo, não é preciso que o parlamentar que indicou para onde a verba deve ser encaminhada se identifique. Essa situação faz com que não haja transparência a respeito de quem solicita e para que o dinheiro será direcionado.
Tipos de emenda
Como dito anteriormente, o orçamento secreto é uma forma do comando da Câmara e do Senado distribuírem verbas públicas com o objetivo de atender os interesses dos deputados e senadores que os apoiam.
Ou seja, as autorizações para enviar essas verbas são incluídas no orçamento somente após a aprovação, por meio das emendas parlamentares. Portanto, existem quatro tipos de emenda, são elas:
- Emendas individuais, um congressista específico as indica;
- Emendas de bancada, que atendem às bancadas de cada unidade da Federação;
- Emendas de comissão, órgãos colegiados do Congresso fazem a solicitação;
- Emendas de relator, que são usadas no orçamento secreto e incluídas pelo relator-geral do Orçamento, isto é, um parlamentar escolhido a cada ano para ser o responsável pela redação final do texto.
Qual foi a decisão?
O Supremo avaliou quatro ações que abordavam a constitucionalidade do pagamento das emendas de relator, isto é, houve um questionamento se liberar os recursos era ou não inconstitucional. Essas ações foram apresentadas pelos seguintes partidos:
- PV (Partido Verde);
- Cidadania;
- PSB (Partido Socialista Brasileiro);
- PSOL (Partido Socialismo e Liberdade).
Desse modo, esses partidos argumentaram que a forma atual de distribuir as emendas de relator “não permite revelar quem são os parlamentares requerentes das emendas ao relator-geral”. Por este motivo, tais emendas não possuem transparência e deveriam ser consideradas inconstitucionais.
Sendo assim, Rosa Weber – presidente do STF e relatora das ações – liberou que os casos fossem para julgamento no plenário da Corte. Então, por maioria de 6 votos a 5, o plenário definiu que as emendas de relator ferem a Constituição.
Portanto, com a nova decisão o relator não poderá criar novas despesas, poderá apenas ajustar e fazer correções técnicas. Vale destacar que Weber votou para considerar o orçamento secreto inconstitucional.
“O modelo em prática viola o princípio republicano e transgride os postulados informadores do regime de transparência dos recursos financeiros do estado”, destacou a presidente do Supremo.
Votos a favor de acabar com o orçamento secreto
- Cármen Lúcia;
- Luiz Edson Fachin;
- Luiz Fux;
- Luíz Roberto Barroso;
- Ricardo Lewandowski;
- Rosa Weber.
Votos para que houvesse maior transparência nas emendas de relator
- Alexandre de Moraes;
- André Mendonça;
- Dias Toffoli;
- Gilmar Mendes;
- Kássio Nunes Marques.
Contudo, é preciso destacar que entre esses ministros houve divergência a respeito de quais medidas adotar para aprimorar o modelo.
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