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Saiba quanto papel um catador precisa juntar para ganhar 1 salário-mínimo

Já se perguntou quanto ganha um catador? Saiba quanto ele precisa juntar para conseguir um salário-mínimo e por que o cenário é desafiador

As vielas de Guarulhos, na Grande São Paulo, ouvem diariamente o barulho inconfundível dos cães latindo, anunciando a passagem de Elias Pereira. Aos 53 anos, o senhor piauiense conduz sua carroça pelas ruas todas as manhãs, trabalhando como catador de papelão.

O silêncio do amanhecer preenche-se por uma jornada de 20 km ida e volta de bicicleta, seguidos de outros 20 km puxando uma carroça artesanal de 110 kg. Seu destino? Coletar papelão para reciclagem, um trabalho digno, porém com uma recompensa de cortar o coração. Quer saber por que?

A depreciação do real afeta os catadores de maneiras diferentes

Imagem: PeopleImages.com – Yuri A / shutterstock.com

Você provavelmente nem percebeu uma mudança significativa em sua vida com a queda do dólar, certo? Para Elias, no entanto, a realidade é dura. Devido ao valor agora depreciado do real frente à moeda norte-americana, seu sustento tem sido cada vez mais difícil. Há dois anos, ele vendia um quilo de papelão por R$ 1. Agora, esse mesmo quilo vale apenas R$ 0,15.

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Dessa forma, para ganhar um salário-mínimo (R$ 1.320), Elias precisa coletar e transportar 8,8 toneladas de papelão. Considerando que uma tonelada equivale a 1.000 quilos, você consegue entender a magnitude da luta diária de Elias?

Por que isso está acontecendo?

Essa realidade cruel é explicada pela economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni. De acordo com ela, o preço do material reciclado flutua no mercado financeiro global. Dessa forma, a valorização ou desvalorização do real pode influenciar seriamente os valores negociados. Entre as consequências desse sistema está a ameaça à subsistência dos catadores.

A situação de Elias é mais do que um retrato da pobreza ou um exemplo de trabalho duro. É um lembrete de que, nos bastidores de cada objeto que jogamos fora, há sempre alguém, como Elias, esforçando-se ao máximo para transformar “lixo” em sustento. Olhar para Elias não é apenas ver um catador de materiais recicláveis, é ver a face humana da economia global.

Imagem: PeopleImages.com – Yuri A / shutterstock.com