Parece seguro, mas não é: veja 3 investimentos que nunca valem a pena
Muitos brasileiros acreditam que estão fazendo boas escolhas ao investir em aplicações consideradas conservadoras. Produtos como a poupança, o CDB de baixo rendimento e as LCIs e LCAs com retorno reduzido ainda são amplamente utilizados, mas raramente entregam a performance que justificaria sua popularidade.
Apesar de parecerem seguros, esses investimentos frequentemente apresentam desvantagens em comparação com alternativas igualmente estáveis. Ao analisar a rentabilidade, o risco e a liquidez, é possível concluir que essas aplicações não são vantajosas — e o investidor bem informado pode (e deve) fazer escolhas melhores.
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Por que esses investimentos não valem a pena
A lógica por trás da escolha financeira
Todo investimento deve ser avaliado considerando três fatores: rentabilidade, segurança e liquidez. Quando um ativo perde nesses três critérios, dificilmente pode ser considerado uma boa aplicação. É exatamente isso que ocorre com os três produtos discutidos neste artigo.
Se um investimento A oferece menor rendimento e maior risco do que um investimento B, ele só faria sentido se apresentasse liquidez superior. Mas, mesmo essa vantagem não se verifica no caso da poupança, dos CDBs de até 101% do CDI ou das LCIs e LCAs de até 83% do CDI. Em suma, são investimentos inferiores sob todas as óticas.
A poupança: a ilusão da segurança
Rentabilidade historicamente baixa
A poupança ainda é vista como uma aplicação tradicional e segura no Brasil, mas essa reputação não se sustenta frente aos dados. Com uma rentabilidade que gira em torno de 8% ao ano, ela perde feio para outros ativos conservadores como os fundos DI e o Tesouro Selic.
Mesmo com uma taxa de administração elevada — digamos, 3% ao ano —, um fundo DI ainda pode render mais do que a poupança. Isso significa que o investidor está abrindo mão de ganhos significativos ao manter seu dinheiro nesse produto.
Riscos menores do que parecem
Embora o risco de perda na poupança seja pequeno, ele também é pequeno nos fundos DI. Eventuais quedas mensais são raras e quase sempre insignificantes. Além disso, a recuperação costuma ocorrer já no mês seguinte, o que reforça a superioridade dos fundos em relação à poupança.
Liquidez pode ser equivalente ou melhor
A poupança tem liquidez imediata, mas diversos fundos DI também. O investidor precisa apenas verificar esse detalhe antes de investir. Portanto, em termos de acesso ao dinheiro, não há diferença que justifique sacrificar rentabilidade.
CDB com até 101% do CDI: rentabilidade insuficiente
Por que o Tesouro Selic é superior
Os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) que pagam até 101% do CDI são amplamente ofertados por bancos, mas raramente compensam. Isso porque o Tesouro Selic, ativo de mesma natureza (renda fixa) e com a mesma tributação, oferece retorno semelhante com risco significativamente menor.
O Tesouro Selic é um título público — ou seja, garantido pelo governo federal, que é o emissor da própria moeda. Já os CDBs são títulos privados, ou seja, emitidos por bancos que podem, sim, apresentar risco de calote, apesar da garantia do FGC.
Garantia não é sinônimo de menor risco
Embora o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) cubra até R$ 250 mil por CPF e por instituição, essa proteção tem limites e não substitui a robustez de um título público. Por isso, para igualar o Tesouro Selic, o CDB precisa entregar rentabilidade mais elevada — ao menos acima de 101% do CDI.
LCI e LCA com até 83% do CDI: o fim do benefício fiscal
O impacto da tributação anunciada
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA) ganharam popularidade por serem isentas de Imposto de Renda. Porém, o governo anunciou a possibilidade de tributá-las em 5%, alterando completamente a atratividade desses papéis.
Com essa alíquota, um LCI ou LCA que renda 83% do CDI já perde para o Tesouro Selic, mesmo considerando sua tributação máxima. Se o governo desistir da nova taxação, a rentabilidade mínima aceitável volta a ser 78% do CDI — ainda assim, uma margem pequena demais.
O risco continua sendo privado
Assim como os CDBs, LCIs e LCAs são títulos privados. A isenção de imposto não compensa o risco mais alto, especialmente quando a rentabilidade é inferior. E, mesmo com a proteção do FGC, o investidor não deve se acomodar com retornos baixos só por não pagar IR.
O mínimo que você deve exigir
O ponto de corte entre razoável e inaceitável
Se um CDB paga menos de 101% do CDI, ele não é competitivo. Se uma LCA ou LCI oferece menos de 83% do CDI (com IR) ou 78% (sem IR), também não vale a pena. Esses valores são apenas os mínimos aceitáveis para que o investimento comece a ser considerado.
Não é só passar da linha — é cruzar com folga
Mesmo que um produto privado ofereça 102% do CDI, ainda assim pode não justificar o risco maior. Investir exige avaliar o retorno adicional: ele precisa ser significativo a ponto de compensar a incerteza envolvida. Caso contrário, o investidor está apenas se expondo sem motivo.
Alternativas mais vantajosas
Fundos DI e Tesouro Selic: os campeões da renda fixa
O Tesouro Selic continua sendo o melhor ponto de partida para quem quer segurança, liquidez e retorno. Fundos DI bem escolhidos — especialmente os com taxa de administração abaixo de 0,5% — também são excelentes opções. Ambos vencem a poupança, os CDBs fracos e as LCIs/LCAs de baixa performance.
CDBs e LCIs com bons percentuais do CDI
Existem, sim, bons CDBs e LCIs/LCAs no mercado. Um CDB com 106% do CDI ou mais pode ser interessante, desde que emitido por instituição sólida. LCIs e LCAs com 90% do CDI (isentos de IR) também começam a chamar atenção. Mas tudo deve ser avaliado com cautela.
Tesouro IPCA+: proteção contra inflação
Para prazos mais longos, o Tesouro IPCA+ oferece excelente proteção contra a inflação e ainda garante juros reais. É uma alternativa inteligente para quem deseja formar patrimônio pensando no futuro, com baixo risco e previsibilidade.
Segurança verdadeira exige informação
Investir com sabedoria não significa apenas evitar riscos, mas também fugir de armadilhas disfarçadas de segurança. Poupança, CDBs com rentabilidade abaixo de 101% do CDI e LCIs/LCAs com até 83% do CDI não são bons negócios. Eles entregam pouco retorno e, frequentemente, ainda oferecem mais risco do que alternativas melhores.
A falsa sensação de segurança pode custar caro a longo prazo. Um investidor bem informado consegue manter seu patrimônio protegido, rentável e com boa liquidez, escolhendo produtos que fazem sentido econômico, e não apenas cultural. Com isso, torna-se possível fazer o dinheiro trabalhar de forma mais inteligente — algo que deveria ser o objetivo de toda aplicação financeira.