Seu Crédito Digital
O Seu Crédito Digital é um portal de conteúdo em finanças, com atualizações sobre crédito, cartões de crédito, bancos e fintechs.

Estudo escancara: maioria dos brasileiros vive sem proteção financeira mínima

A maioria dos brasileiros ainda enfrenta sérias dificuldades para guardar dinheiro e criar uma reserva de emergência. É o que mostra uma pesquisa recente do Instituto Locomotiva, encomendada pela 99Pay, que escancara a fragilidade da educação financeira no país — inclusive entre as classes mais altas.

Leia mais:

Score de crédito: saiba algumas dicas para aumentar o seu

O retrato da insegurança financeira no Brasil

Um homem e uma mulher chateados e preocupados. Eles estão sentados em um sofá na frente de várias contas a pagar, uma calculadora e um computador/insegurança financeira
Imagem: fizkes/shutterstock.com

O estudo apontou que 73% dos brasileiros entrevistados disseram não ter nenhum valor guardado para lidar com imprevistos. O número é alarmante e evidencia um cenário de vulnerabilidade que atinge todas as faixas de renda.

Classes A e B também enfrentam dificuldade

Embora o problema seja mais agudo entre os mais pobres, a ausência de reserva de emergência também surpreende nas classes mais altas. Entre os entrevistados das classes A e B, 63% declararam não possuir nenhum tipo de poupança emergencial.

Isso mostra que o problema não está restrito à falta de recursos, mas também à falta de hábito de poupar, organização financeira e planejamento de médio e longo prazo.

Situação crítica nas classes C e DE

O cenário é ainda mais grave nas classes C e DE, onde 77% e 81% dos entrevistados, respectivamente, disseram não ter qualquer reserva. Esses índices escancaram a dificuldade de grande parte da população em manter as contas em dia, quanto mais acumular valores para emergências.

Fatores como desemprego, inflação alta, informalidade no trabalho e baixa renda comprometem significativamente a capacidade de economizar.

A consequência direta: mais crédito e endividamento

Sem reserva para imprevistos, muitos brasileiros recorrem a empréstimos. De acordo com o levantamento, 53% dos entrevistados afirmaram que já buscaram crédito em momentos de emergência, como problemas de saúde, conserto de veículo ou perda de renda.

Além disso, 31% disseram ter usado o dinheiro emprestado para pagar dívidas antigas, indicando que a ausência de poupança pode alimentar um ciclo contínuo de endividamento e juros altos.

Falta de cultura de planejamento financeiro

A ausência de uma reserva de emergência no orçamento da maioria dos brasileiros também revela um outro problema estrutural: a baixa educação financeira.

Educação financeira ainda é pouco acessível

Para muitos, poupar não é uma questão de escolha, mas de sobrevivência. No entanto, especialistas apontam que, mesmo com baixos rendimentos, é possível criar uma reserva aos poucos. O problema, muitas vezes, está na falta de informação, organização e apoio para dar os primeiros passos.

Iniciativas de educação financeira são tímidas e, na maioria das vezes, não alcançam as camadas mais vulneráveis da população — que seriam justamente as mais beneficiadas por esse tipo de conteúdo.

O impacto da inflação e do custo de vida

Outro obstáculo importante é o elevado custo de vida. Com o aumento dos preços dos alimentos, energia, transporte e aluguel, muitas famílias veem sua renda desaparecer já nos primeiros dias do mês.

Com um orçamento comprometido por despesas fixas, sobra pouco — ou nada — para ser destinado a uma reserva de emergência.

Como montar uma reserva de emergência

reserva de emergência
Imagem: Billion Photos / shutterstock.com

Mesmo diante desse cenário desafiador, especialistas garantem que é possível, sim, criar um colchão financeiro. A chave está na constância, disciplina e metas realistas.

Comece pequeno e com o que for possível

Guardar um valor pequeno por mês já é um excelente começo. O importante é começar e manter a regularidade, mesmo que com pouco dinheiro.

Um bom objetivo inicial é acumular o valor equivalente a três meses do custo de vida mensal. Com o tempo, esse valor pode ser ampliado para seis meses, oferecendo mais segurança.

Onde guardar o dinheiro

A reserva de emergência deve estar em um local de fácil acesso e com liquidez imediata. Poupança, CDBs de liquidez diária ou contas remuneradas são boas alternativas.

Investimentos de risco, como ações ou criptomoedas, não são recomendados para esse tipo de reserva, pois o valor pode oscilar e não estar disponível no momento necessário.

Organização e metas ajudam

Controlar os gastos, cortar supérfluos e estabelecer metas claras são passos fundamentais para quem deseja construir uma reserva de emergência. Aplicativos de controle financeiro e planilhas simples podem ajudar no processo.

Um problema nacional com impacto coletivo

A falta de reserva de emergência não afeta apenas o indivíduo, mas também a economia como um todo. Famílias sem proteção financeira são mais vulneráveis a crises e têm menos poder de compra, o que impacta negativamente o consumo e a estabilidade social.

Além disso, a tendência ao endividamento compromete o crédito no mercado e aumenta a inadimplência, criando um ambiente de maior instabilidade.