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Alta do IOF faz brasileiros trabalhar mais só para sustentar o Estado

Os brasileiros terão que trabalhar ainda mais dias em 2025 apenas para pagar impostos. De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), a população vai precisar dedicar 151 dias do ano ao pagamento de tributos federais, estaduais e municipais. O aumento é resultado direto da recente alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciada pelo governo e em discussão no Congresso Nacional.

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Alta do IOF amplia a carga tributária

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Imagem: Freepik/Edição: Seu Crédito Digital

Antes da nova medida, a estimativa era de que os brasileiros precisariam trabalhar 149 dias para arcar com as obrigações fiscais em 2025, o que equivale ao período de 1º de janeiro até 29 de maio. Com o aumento do IOF, esse número subiu para 151 dias — um acréscimo de 48 horas na jornada tributária anual.

O IOF incide sobre uma ampla gama de operações financeiras, como empréstimos, financiamentos, seguros, operações de câmbio, crédito rotativo de cartões e até mesmo remessas internacionais. O efeito é considerado de caráter “cascata”, pois impacta diretamente o custo das operações em diversos setores da economia.

Histórico da carga tributária brasileira

O Brasil historicamente possui uma das maiores cargas tributárias do mundo, especialmente quando comparado com países em desenvolvimento. O recorde de tempo que o trabalhador brasileiro já precisou destinar ao pagamento de impostos foi registrado entre 2017 e 2019, quando o total chegou a 153 dias — o equivalente a cinco meses e dois dias de trabalho.

Para 2026, a projeção do IBPT é que o número volte a alcançar esse patamar, com uma estimativa de 153 dias necessários para cumprir as obrigações tributárias.

Impacto para a população e para a economia

Segundo João Eloi Olenike, presidente-executivo do IBPT, o aumento do IOF representa um retrocesso fiscal que afeta diretamente toda a sociedade. “Enquanto o brasileiro já destina quase cinco meses do ano para sustentar o Estado, agora terá que sacrificar ainda mais dias de trabalho sem qualquer contrapartida em qualidade dos serviços públicos”, afirmou.

A alta do IOF afeta tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Consumidores que recorrem a empréstimos ou ao crédito rotativo, por exemplo, já começam a sentir os efeitos da medida. Pequenas e médias empresas também serão impactadas, especialmente aquelas que dependem de financiamentos para manter o fluxo de caixa.

Além disso, os custos adicionais podem ser repassados aos preços de produtos e serviços, aumentando a inflação e reduzindo o poder de compra da população.

IOF e seu efeito em cadeia

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Imagem: Freepik e Canva

O IOF é considerado um tributo com efeito multiplicador negativo na economia. Ao incidir sobre operações financeiras essenciais para o funcionamento de empresas e para o consumo das famílias, o imposto acaba elevando os custos em diversas etapas produtivas.

Operações de câmbio e de comércio exterior também são afetadas, prejudicando exportadores e importadores brasileiros. Especialistas apontam que, em um cenário de economia ainda em recuperação, o aumento do IOF pode desacelerar investimentos e encarecer o crédito.

O que dizem os especialistas?

Analistas econômicos avaliam que a decisão de aumentar o IOF foi uma tentativa do governo de elevar a arrecadação em curto prazo, diante das dificuldades fiscais enfrentadas pela União. No entanto, muitos especialistas alertam para os riscos de um efeito reverso.

O aumento da carga tributária pode desestimular o consumo, prejudicar a geração de empregos e impactar negativamente o crescimento econômico no médio prazo.

Alternativas e expectativas

Diante da repercussão negativa, o tema segue em discussão no Congresso Nacional. Parlamentares de diferentes partidos têm pressionado o governo para rever a medida ou, ao menos, criar mecanismos de compensação para os setores mais afetados.

Enquanto isso, a população brasileira já se prepara para um 2025 mais pesado no bolso, com mais dias de trabalho dedicados apenas para quitar impostos.