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Esperança contra o Alzheimer: método brasileiro foca no diagnóstico precoce

Descubra como um novo exame de sangue pode prever o Alzheimer cedo. Veja como ele funciona e quem pode se beneficiar!

Um grupo de cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está à frente de uma descoberta promissora que pode mudar os rumos do diagnóstico precoce do Alzheimer.

Utilizando biomarcadores detectáveis por exame de sangue, a equipe desenvolveu um método capaz não apenas de identificar precocemente os riscos da doença, mas também de diferenciá-la de outras demências — um dos principais desafios da medicina atual.

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Importância do diagnóstico precoce do Alzheimer

Alzheimer
Imagem: Canva

Cenário global da demência

Mais de 55 milhões de pessoas no mundo vivem com alguma forma de demência, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Alzheimer é responsável por cerca de 60% a 70% dos casos. Ainda assim, diagnosticar a doença nos estágios iniciais continua sendo um desafio clínico.

Por que diagnosticar cedo é tão difícil?

Atualmente, o Alzheimer só pode ser diagnosticado com alta precisão após o aparecimento de sintomas mais evidentes e por meio de exames de imagem invasivos ou caros, como tomografias ou PET scans. Em alguns casos, apenas a autópsia confirma o diagnóstico.

O que muda com testes baseados em biomarcadores?

A detecção de biomarcadores no sangue oferece uma alternativa menos invasiva, mais acessível e capaz de identificar alterações biológicas muito antes do aparecimento de sintomas clínicos. Isso representa uma oportunidade valiosa para iniciar intervenções mais cedo, retardando o avanço da doença.

Descoberta brasileira: o papel da proteína ADAM10

Foco da pesquisa: genótipos e proteínas

A pesquisa conduzida pela UFSCar analisou o genótipo de 500 voluntários, tanto saudáveis quanto com comprometimento cognitivo. Um dos principais achados foi a relação entre níveis elevados da proteína ADAM10 no sangue e uma alteração genética rara associada ao Alzheimer.

O que é a proteína ADAM10?

A ADAM10 é uma enzima que atua impedindo a formação das placas de beta-amiloide no cérebro, que são uma das principais características do Alzheimer. Ela quebra a proteína precursora da beta-amiloide, evitando sua agregação tóxica.

“A ADAM10 atua numa via anterior à formação das placas beta-amiloide, e isso a torna um potencial marcador prognóstico da doença”, explica a professora Márcia Regina Cominetti, uma das coordenadoras do projeto.

Diferença entre Alzheimer e outras demências

Por que distinguir é tão complexo?

Doenças como demência vascular, demência frontotemporal e demência com corpos de Lewy compartilham sintomas semelhantes com o Alzheimer, como confusão mental, perda de memória e mudanças comportamentais. No entanto, o tratamento e a progressão de cada tipo de demência são diferentes.

Como o novo teste contribui?

O painel de biomarcadores desenvolvido consegue identificar níveis distintos de ADAM10 em indivíduos com diferentes condições neurológicas. Isso pode permitir a diferenciação precoce entre Alzheimer e outras demências, algo que até então era extremamente limitado.

Como funciona o teste de sangue

Processo investigativo

Durante os testes clínicos, foram observados níveis elevados de ADAM10 em 85 indivíduos com comprometimento cognitivo leve e com predisposição genética (alelo E4 do gene APOE). Essa proteína pode indicar o risco elevado de progressão para o Alzheimer antes mesmo do surgimento das placas cerebrais.

Sensor para diferenciação diagnóstica

A equipe desenvolveu um sensor biológico que mede os níveis de ADAM10 no sangue, ainda em fase de validação. Esse dispositivo pode ajudar a distinguir idosos saudáveis de pacientes com Alzheimer com base apenas em uma amostra de sangue.

Implicações clínicas e futuras aplicações

Tratamento antecipado e prevenção

Com o diagnóstico precoce, pacientes podem iniciar intervenções terapêuticas antes dos danos cerebrais serem irreversíveis. Além disso, esse tipo de teste pode ser incorporado a programas de triagem populacional, especialmente em grupos de risco genético.

Acesso mais amplo e menos invasivo

Exames de sangue são mais baratos e acessíveis do que exames de imagem cerebral, o que amplia o alcance do diagnóstico precoce para populações que atualmente não têm acesso a tecnologias avançadas.

Desafios e próximos passos da pesquisa

Etapas de validação

Os estudos com os 500 voluntários ainda estão em fase de validação estatística. Os pesquisadores precisam garantir a reprodutibilidade dos resultados, bem como a especificidade e sensibilidade dos biomarcadores para que o exame seja aprovado para uso clínico.

Caminho até o SUS

Caso validado, o teste ainda precisará passar por processos regulatórios junto à Anvisa e outras entidades de saúde antes de ser incorporado à rede pública. A expectativa é que ele possa ser utilizado como parte de um protocolo nacional de rastreamento de demência.

Impacto social de um diagnóstico mais eficiente

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Imagem: Freepik

Redução de custos e sofrimento

Diagnosticar o Alzheimer precocemente pode reduzir os custos com internações, tratamentos de emergência e cuidados intensivos. Além disso, permite que famílias se planejem melhor e que pacientes tenham mais qualidade de vida por mais tempo.

Perspectivas para outras doenças neurodegenerativas

O sucesso na identificação de biomarcadores do Alzheimer também pode abrir caminhos para novos testes diagnósticos em doenças como Parkinson, esclerose múltipla e demência frontotemporal.

Conclusão

O desenvolvimento de um exame de sangue nacional, baseado na proteína ADAM10, representa um passo significativo para a medicina de precisão no Brasil. Ao permitir a identificação precoce e diferenciada do Alzheimer, ele não só aumenta as chances de tratamento eficaz, como também oferece esperança a milhões de famílias que convivem com a incerteza do diagnóstico.

Imagem: luchschenF / shutterstock