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Azul tem prazo final até sexta para explicar codeshare com Gol ao Cade

A Azul Linhas Aéreas tem até esta sexta-feira, 18 de julho de 2025, para prestar esclarecimentos ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o acordo de codeshare e integração dos programas de fidelidade firmados com a Gol Linhas Aéreas.

A solicitação do órgão antitruste faz parte de uma investigação que apura se a parceria entre as duas companhias aéreas ultrapassa os limites regulatórios de cooperação previstos pela legislação brasileira.

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Cade investiga possível associação irregular entre Azul e Gol

Azul
Imagem: Matheus Obst / shutterstock.com

A investigação do Cade busca entender se os acordos estabelecidos entre Azul e Gol configuram, na prática, uma associação que deveria ter sido comunicada previamente ao órgão para avaliação.

O ponto central é determinar se essa parceria ultrapassa a simples cooperação comercial comum no setor aéreo e configura uma potencial consolidação de mercado que poderia afetar a concorrência.

Reabertura da investigação pelo tribunal do Cade

O caso foi inicialmente arquivado pela Superintendência-Geral do Cade, porém o tribunal do órgão decidiu reabrir a investigação após pedido do conselheiro Gustavo Augusto Freitas de Lima.

Ele alegou que a análise inicial não considerou aspectos importantes, como o potencial de consolidação entre as empresas via integração de voos e programas de milhagem.

O conselheiro afirmou que, embora o compartilhamento de voos e interoperabilidade dos programas de fidelidade sejam práticas comuns no setor, essas ações “não podem ser usadas como subterfúgio para integrações estruturais disfarçadas”.

O tribunal, por unanimidade, acolheu o pedido de investigação mais aprofundada para garantir a concorrência no mercado aéreo.

O que é o acordo de codeshare entre Azul e Gol?

Definição e funcionamento do codeshare

Codeshare é um acordo comercial entre companhias aéreas em que um voo operado por uma empresa pode ser vendido por outra, ampliando a oferta e conectividade para os passageiros.

No caso da Azul e da Gol, o codeshare inclui também a integração dos seus programas de milhagem, permitindo que clientes acumulem e resgatem pontos em ambas as companhias.

Benefícios e controvérsias do codeshare

Esse tipo de parceria oferece benefícios aos consumidores, como maior número de destinos acessíveis, horários otimizados e facilidades no uso dos pontos de fidelidade.

Porém, para órgãos reguladores como o Cade, quando essas parcerias ocorrem entre concorrentes diretos e com abrangência estratégica, há o risco de reduzir a concorrência, afetar preços e limitar opções para o consumidor.

Argumentos da Azul sobre o acordo com a Gol

A Azul tem defendido que os acordos firmados com a Gol são pontuais e visam exclusivamente a melhoria da conectividade entre as malhas das companhias, sem qualquer tipo de combinação de ativos ou controle societário. A empresa destaca:

  • Não há exclusividade na parceria, já que outras companhias aéreas adotam modelos semelhantes;
  • O acordo não configura integração estrutural ou fusão;
  • A iniciativa é benéfica para os clientes, ampliando a oferta de voos e facilitando o uso dos programas de fidelidade.

Apesar disso, a Azul precisará comprovar esses pontos diante do Cade para evitar possíveis sanções administrativas ou restrições à parceria.

Impactos da investigação no mercado aéreo brasileiro

Possíveis consequências para Azul e Gol

Caso o Cade entenda que o acordo configura uma associação não notificada e que afeta a concorrência, as companhias podem sofrer sanções que incluem multas, imposição de medidas corretivas e até restrições para continuar com o codeshare e a integração dos programas de milhagem.

Reflexos para o consumidor

Uma decisão que limite ou proíba o codeshare entre as duas empresas poderia impactar a oferta de voos, horários e opções para os passageiros. Por outro lado, a manutenção de uma parceria considerada excessiva poderia prejudicar a concorrência e levar a preços mais altos.

A importância da regulação antitruste

O papel do Cade é fundamental para garantir que o mercado aéreo permaneça competitivo, impedindo que acordos entre empresas reduzam a livre concorrência e prejudiquem os consumidores. Investigações como essa reforçam a atuação do órgão no monitoramento das práticas comerciais do setor.

Panorama do codeshare no setor aéreo brasileiro e mundial

Prática comum no mercado global

O codeshare é uma prática consolidada internacionalmente e adotada por diversas companhias aéreas ao redor do mundo para ampliar suas redes e oferecer melhores conexões.

No entanto, essa prática precisa ser acompanhada de perto pelas autoridades regulatórias para evitar abusos e práticas anticoncorrenciais.

Regras específicas no Brasil

No Brasil, acordos de codeshare e outras formas de cooperação devem seguir as normas da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Cade. Empresas devem notificar essas operações quando há risco de concentração de mercado, fusão ou controle societário indireto.

Exemplos internacionais de fiscalização

Nos Estados Unidos e na União Europeia, órgãos reguladores costumam analisar detalhadamente acordos desse tipo para evitar que alianças entre grandes companhias afetem a concorrência e os direitos dos consumidores.

Próximos passos e o que esperar da investigação do Cade

Azul
Imagem: SamuelVSilva / Shutterstock.com

Prazo para respostas e análise detalhada

A Azul deve entregar seus esclarecimentos ao Cade até o prazo final estipulado, sexta-feira, 18 de julho. A partir daí, o órgão poderá decidir por seguir com a investigação, aplicar sanções ou arquivar o caso.

Possibilidade de audiência pública

Caso a investigação avance, é comum que o Cade promova audiências públicas para ouvir todas as partes interessadas, incluindo representantes das companhias, concorrentes e entidades de defesa do consumidor.

Monitoramento contínuo do mercado

O Cade continuará monitorando as operações e práticas do setor aéreo para assegurar que as concorrências não sejam prejudicadas por acordos comerciais que extrapolem os limites legais.

Considerações finais

A reabertura da investigação sobre o codeshare e a integração dos programas de fidelidade entre Azul e Gol evidencia o rigor com que o Cade vem acompanhando o mercado aéreo no Brasil.

O equilíbrio entre parcerias estratégicas e a manutenção da concorrência saudável é fundamental para garantir que os passageiros tenham acesso a serviços eficientes, preços justos e ampla oferta de destinos.

A decisão que o Cade tomar nos próximos dias poderá influenciar não só o futuro da relação entre Azul e Gol, mas também o modo como as companhias aéreas brasileiras estabelecem parcerias comerciais e cooperativas nos próximos anos.

Para consumidores, agentes do mercado e gestores das companhias, acompanhar essa investigação é essencial para entender os rumos da aviação civil nacional e os desdobramentos que impactam a economia e o transporte aéreo no país.