Bitcoin reage com força à tensão entre Israel e Irã e à expectativa de juros nos EUA
O mercado de criptomoedas começou a semana em alta. O Bitcoin (BTC), principal ativo digital global, registrou alta de 1,84% nas últimas 24 horas, sendo cotado a US$ 106,9 mil por volta das 9h da manhã desta segunda-feira (16), segundo dados da CoinMarketCap.
A valorização ocorre em um contexto marcado por dois grandes fatores: a escalada do conflito entre Israel e Irã e a proximidade da reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que vai definir os rumos da política monetária do país.
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Tensão no Oriente Médio e seu impacto no mercado financeiro global
Nos últimos dias, o Oriente Médio voltou a ser palco de instabilidade com o agravamento das tensões entre Israel e Irã. O aumento da atividade militar, ameaças diplomáticas e ataques indiretos via aliados regionais geraram preocupação em diversos mercados, especialmente nos setores de energia e ativos de risco.
Reflexos imediatos no mercado de criptoativos
Historicamente, períodos de crise geopolítica costumam provocar uma busca por ativos considerados “porto seguro”, como o ouro e, mais recentemente, o próprio Bitcoin. Apesar de sua volatilidade, o BTC tem demonstrado resiliência e passa a ser visto por parte dos investidores institucionais como uma reserva de valor alternativa.
Segundo André Franco, CEO da Boost Research, o movimento de alta do Bitcoin reflete uma postura defensiva diante da instabilidade internacional. Para ele, mesmo com a valorização do dólar pressionando o mercado, os fluxos institucionais seguem sustentando o BTC.
“O impacto no curto prazo é neutro a levemente negativo, mas o BTC resiste. Há fundamentos técnicos fortes e entrada de capital institucional que blindam parcialmente o ativo”, afirma o analista.
A expectativa em torno da decisão do Fed
Outro fator crucial para o comportamento do Bitcoin nesta semana é a reunião do Federal Reserve, marcada para esta quarta-feira (19). A expectativa predominante é de manutenção da atual taxa de juros, que se encontra no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
Contudo, dados recentes da economia americana, como o Índice de Preços ao Consumidor (CPI), apontam uma pressão inflacionária moderada, o que pode sinalizar que o início do ciclo de afrouxamento monetário está mais próximo do que se pensava.
CPI surpreende e reforça cenário de queda de juros
De acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, o CPI subiu 0,1% em maio, abaixo das expectativas de 0,2%. No acumulado de 12 meses, a inflação está em 2,4%, também abaixo da projeção de 2,5%. Esses dados aumentam a confiança do mercado de que o Fed poderá reduzir os juros ainda em 2025.
Como o corte de juros pode beneficiar o Bitcoin?
A relação entre a taxa de juros dos Estados Unidos e o desempenho do Bitcoin é direta. Juros mais baixos significam custo de capital menor, o que costuma resultar em aumento da liquidez global e maior apetite por ativos com maior risco e potencial de valorização — como é o caso do BTC.
O ciclo de alta de 2020-2021 como exemplo
Durante o período de estímulos econômicos provocados pela pandemia, entre 2020 e 2021, o Bitcoin viu seu preço disparar. Foi exatamente nesse cenário de juros baixos e alta liquidez que o criptoativo ultrapassou pela primeira vez a marca dos US$ 60 mil.
Opinião de especialistas
Segundo Luísa Pires, fundadora da LP Crypto, o Bitcoin tende a se beneficiar fortemente de cortes nos juros:
“Não se trata de uma possibilidade, e sim de uma questão de tempo. O movimento de queda dos juros virá, e quando vier, será combustível direto para ativos como o Bitcoin”, afirma a especialista.
BTC como proteção diante da incerteza econômica
Com a intensificação das crises internacionais e a fragilidade das economias tradicionais, o BTC tem sido cada vez mais visto como uma alternativa ao ouro. Ambos os ativos compartilham características como oferta limitada, descentralização e alta liquidez.
Outro fator relevante é o avanço dos investimentos institucionais em Bitcoin, que têm sustentado o preço mesmo diante de instabilidades. Fundos como BlackRock e Fidelity já operam ETFs de BTC nos EUA, o que reforça a legitimidade do ativo no mercado tradicional.
Panorama macroeconômico influencia o setor cripto
A combinação entre inflação controlada, dólar em alta e crise no Oriente Médio cria um ambiente paradoxal para o Bitcoin. Enquanto o dólar mais forte tende a enfraquecer os criptoativos, o aumento do risco geopolítico reforça seu apelo como proteção.
Analistas esperam um cenário de volatilidade controlada com viés de alta até o fim do ano, principalmente se o Fed confirmar uma mudança no ciclo monetário. A valorização do BTC, no entanto, dependerá da manutenção do fluxo de entrada institucional.
Riscos ainda presentes no horizonte
Apesar do otimismo, o mercado ainda observa com cautela alguns riscos que podem comprometer o desempenho do BTC:
- Manutenção prolongada de juros altos nos EUA;
- Recrudescimento do conflito no Oriente Médio;
- Aumento na regulamentação de criptoativos;
- Oscilações bruscas de mercado por decisões políticas.
Conclusão: BTC se mostra resiliente e estratégico
O Bitcoin demonstra, mais uma vez, sua capacidade de resistência frente a adversidades políticas e econômicas. A valorização recente em meio ao conflito entre Israel e Irã e a expectativa sobre a política monetária americana reforçam seu papel como ativo alternativo estratégico no portfólio de investidores.
A decisão do Federal Reserve nesta semana pode ser o gatilho para um novo ciclo de valorização — desde que acompanhada de sinais claros de corte de juros ainda em 2025.