BlackRock rompe a marca de 700 mil BTC e redefine o futuro do Bitcoin
Há apenas alguns anos, alertas ecoavam pelas redes sociais da criptoesfera: “Não venda seus bitcoins para Larry”, uma referência ao CEO da BlackRock, Larry Fink. A preocupação girava em torno da centralização crescente de um ativo criado com base na descentralização. Hoje, esse aviso parece ter se perdido no ruído do mercado.
Os números, por outro lado, são claros: a BlackRock já detém mais de 700.000 BTC sob gestão no seu ETF spot de Bitcoin, o iShares Bitcoin Trust (IBIT). O que antes era especulação virou realidade — e com impactos profundos.
Leia mais:
Ganhe Bitcoin jogando: os melhores games gratuitos que pagam satoshis de verdade
O domínio da BlackRock no ecossistema dos ETFs
O crescimento impressionante do IBIT
Desde sua estreia em janeiro de 2024, o IBIT não apenas conquistou o público institucional como superou expectativas de performance. Com um retorno de +82,67% em apenas seis meses, o fundo já acumula US$ 75,5 bilhões em ativos, representando 55% de todos os BTC mantidos por ETFs norte-americanos.
Destaques numéricos:
- 700.307 BTC sob gestão direta da BlackRock;
- +82,67% de valorização do IBIT desde o lançamento;
- 75,5 bilhões de dólares alocados no fundo.
Essa performance supera até mesmo o tradicional ETF iShares S&P 500, tornando o IBIT não só uma ferramenta de exposição ao Bitcoin, mas também uma das mais lucrativas da atualidade para investidores institucionais.
A BlackRock como nova potência cripto
Do ouro digital ao ativo institucionalizado
O movimento da BlackRock revela uma mudança estrutural: o Bitcoin está sendo gradativamente transformado de uma reserva de valor alternativa em um ativo estratégico das finanças tradicionais. O cofundador da Apollo, Thomas Fahrer, resumiu bem o momento:
“A BlackRock agora detém 700.000 BTC.”
Esse número, embora simbólico, também é altamente significativo. Ele evidencia a transferência massiva de BTC de investidores individuais para mãos institucionais. É uma transição silenciosa, mas de grande impacto.
A nova dinâmica entre oferta e demanda: o desequilíbrio do Bitcoin
ETFs compram mais BTC do que os mineradores conseguem gerar
De acordo com a Galaxy Research, os ETFs de Bitcoin listados nos EUA, junto à MicroStrategy, compraram mais BTC do que foi minerado em todos os meses de 2025 — com exceção de fevereiro. Essa estatística expõe um desequilíbrio fundamental:
Comparativo em 2025:
Essa relação de compra x oferta representa um esgotamento estrutural da liquidez do BTC. Os mineradores não conseguem repor no mercado a mesma quantidade de moedas que está sendo comprada.
Impactos desse desequilíbrio
- Aumento da escassez percebida;
- Pressão altista sobre o preço do Bitcoin;
- Concentração do fornecimento em poucas mãos.
ETF: de cofre digital a mecanismo de rendimento
IBIT e a chegada da geração de yield
Inicialmente, os ETFs de Bitcoin eram tratados como meros cofres digitais, oferecendo exposição simples ao ativo. Agora, surgem novas estratégias.
Caso do REX-Osprey
O ETF REX-Osprey, lançado recentemente, permite investir em Solana com staking nativo dentro do fundo — um marco para os ETFs cripto. A expectativa é que, em breve, estratégias semelhantes sejam incorporadas também aos ETFs de Bitcoin, com formas indiretas de gerar rendimento passivo, como:
- Empréstimos colateralizados;
- Participação em derivativos regulamentados;
- Reinvestimento automático de lucros de arbitragem.
Esse avanço aproxima o Bitcoin de um novo estágio: de reserva de valor inerte para ativo gerador de rendimento, dentro das regras da tokenização financeira tradicional.
MicroStrategy e a nova elite da acumulação de BTC
A corrida por hegemonia no Bitcoin
Além da BlackRock, a MicroStrategy também intensificou suas compras em 2025. Liderada por Michael Saylor, a empresa se posiciona como a maior detentora de BTC do setor corporativo. Com a entrada agressiva dos ETFs no mercado, inclusive de gestoras como Fidelity, Ark Invest e VanEck, forma-se um novo quadro:
Os maiores acumuladores institucionais:
- BlackRock (IBIT) – 700.000+ BTC;
- MicroStrategy – mais de 240.000 BTC;
- Fidelity – 150.000+ BTC (estimativa);
- Ark Invest e Grayscale – participação relevante.
Esse movimento reforça o cenário em que as instituições dominam a liquidez do Bitcoin, deixando o mercado secundário — onde antes indivíduos predominavam — com menos moedas disponíveis.
A escassez programada se transforma em escassez real
Efeito do halving no suprimento de BTC
O halving do Bitcoin em abril de 2024 reduziu pela metade a recompensa de blocos, diminuindo ainda mais a emissão de novas moedas. Isso, somado ao apetite institucional crescente, agrava o cenário de escassez:
- Menos novos bitcoins são gerados;
- Compras institucionais massivas esvaziam os estoques;
- A liquidez real do BTC no mercado encolhe.
Se antes o mantra era “HODL” como forma de resistência à volatilidade, hoje ele se tornou uma estratégia institucional de concentração patrimonial.
BlackRock e a diversificação cripto além do BTC
Ethereum no radar
A BlackRock não se limita ao Bitcoin. A gestora também passou a investir agressivamente em Ethereum (ETH), apostando em sua evolução como ativo financeiro programável, apesar das incertezas regulatórias. A empresa tem se posicionado favoravelmente à criação de um ETF spot de ETH, o que ampliaria o leque de produtos oferecidos.
O futuro é multiativo?
O cenário aponta para um novo modelo de mercado, onde:
- Bitcoin é ativo de reserva institucional;
- Ethereum é plataforma de contratos e rendimento;
- Outros tokens entram por meio de ETFs com staking integrado, como o Solana via REX.
O ecossistema cripto, assim, deixa de ser uma “contracultura digital” e torna-se uma infraestrutura de ativos financeiros corporativos.
Conclusão: o Bitcoin de 2025 não é mais o mesmo

A entrada definitiva da BlackRock no universo Bitcoin, com mais de 700 mil BTC sob sua custódia, marca uma mudança de paradigma no mercado cripto. O que antes era resistência descentralizada agora se torna infraestrutura institucional, com produtos financeiros cada vez mais sofisticados.
A escassez programada do Bitcoin, combinada com a demanda massiva de ETFs e empresas como a MicroStrategy, cria um cenário de oferta limitada e centralização progressiva. Resta saber se os valores originais do Bitcoin — descentralização, soberania financeira e resistência à censura — sobreviverão neste novo mundo de ETFs, custódia institucional e rendimento passivo.
O que é certo, no entanto, é que o Bitcoin não é mais o mesmo. E o mercado também não.