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Como o golpe do dinheiro esquecido funciona? Entenda e evite prejuízo

A iniciativa do Banco Central (BC) de devolver valores esquecidos por cidadãos e empresas em contas bancárias inativas gerou uma verdadeira corrida online por consultas.

Com mais de R$ 8,6 bilhões disponíveis, milhões de brasileiros acessaram o sistema de Valores a Receber em busca de algum dinheiro “esquecido”.

No entanto, o aumento na procura também atraiu criminosos, que viram nesse cenário uma oportunidade para aplicar o chamado golpe do dinheiro esquecido.

Esse tipo de fraude tem crescido de forma alarmante e afeta principalmente usuários com menor familiaridade digital. Por isso, entender como o golpe funciona, reconhecer os sinais de alerta e saber se proteger tornou-se essencial.

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O que é o golpe do dinheiro esquecido?

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Imagem: rafapress / shutterstock.com

O golpe do dinheiro esquecido é uma fraude que se aproveita da existência real do serviço de devolução de valores do Banco Central. Os criminosos criam páginas falsas, imitam o visual do site oficial, compram anúncios nas redes sociais ou enviam mensagens em nome de bancos e instituições públicas para atrair vítimas.

O objetivo é roubar dados pessoais e bancários, aplicar golpes financeiros diretos (como pedir dinheiro antecipado para liberação de valores) ou ainda cometer fraudes de identidade com os dados capturados.

O Banco Central já emitiu diversos alertas oficiais, reforçando que não envia links por WhatsApp, SMS ou e-mail, não realiza contato direto com cidadãos, não cobra taxas e que o único site oficial é o valoresareceber.bcb.gov.br.

Como o golpe do dinheiro esquecido é aplicado?

1. Sites falsos com aparência oficial

Os golpistas criam páginas com aparência idêntica ao site do Banco Central, usando domínios como “valoresliberados.com” ou “consulta-dinheiro.org”. O visual é muito semelhante ao oficial, o que engana rapidamente usuários desatentos.

2. Anúncios pagos e posts em redes sociais

Pagando por anúncios no Google Ads ou promovendo conteúdos no Facebook, Instagram e TikTok, os criminosos ampliam o alcance dos sites falsos. A promessa é sempre tentadora: “Você tem dinheiro esquecido! Consulte agora”.

3. Mensagens em aplicativos e e-mails

É comum o envio de mensagens via WhatsApp, Telegram, SMS e e-mail, com links falsos, alertas de “prazo final” e supostos códigos para saque. Alguns usam logos do Banco Central ou de grandes bancos para parecerem legítimos.

4. Cobrança para liberação do dinheiro

Outro tipo de golpe consiste em pedir uma “taxa” para agilizar a liberação do valor. O cidadão, acreditando na história, faz o pagamento e nunca recebe nada.

5. Captura de dados sensíveis

O golpe pode ser silencioso: apenas coleta dados como CPF, número de conta, senhas, endereço e até selfie com documento. Com isso, os criminosos aplicam fraudes posteriores, como empréstimos indevidos, abertura de contas laranjas ou clonagem de contas bancárias.

Quem são as principais vítimas?

O golpe do dinheiro esquecido é democrático: qualquer pessoa pode ser enganada, mas alguns grupos estão mais vulneráveis, como:

  • Idosos, que muitas vezes não dominam as ferramentas digitais;
  • Pessoas endividadas ou com baixa renda, que se sentem mais atraídas por promessas de dinheiro fácil;
  • Usuários com pouca familiaridade com tecnologia, especialmente em regiões com baixo índice de inclusão digital;
  • Pequenas empresas, cujos responsáveis podem ser enganados por mensagens de cobrança ou promessas de repasses governamentais.

Como se proteger do golpe do dinheiro esquecido?

Use exclusivamente o site oficial do Banco Central

O único canal para consulta de valores a receber é o site oficial do Banco Central:
👉 https://valoresareceber.bcb.gov.br
Nunca clique em links compartilhados por redes sociais, e-mails ou mensagens.

Não pague nada para consultar ou sacar valores

Todos os serviços são gratuitos. Qualquer site ou pessoa que peça dinheiro para intermediar um saque está tentando aplicar um golpe.

Ative a verificação em duas etapas no seu banco

Isso cria uma camada extra de proteção mesmo se seus dados forem expostos. A maioria dos aplicativos bancários oferece esse recurso em “Segurança” ou “Configurações”.

Não compartilhe dados sensíveis

CPF, número de conta, senhas, tokens, fotos de documentos e reconhecimento facial nunca devem ser enviados por mensagens ou sites não verificados.

Denuncie perfis falsos e anúncios suspeitos

Se encontrar algum conteúdo duvidoso nas redes, denuncie imediatamente às plataformas. Isso ajuda a reduzir a disseminação dos golpes.

Consulte sempre canais oficiais

Se tiver dúvidas, procure um CRAS, entre em contato com o Procon ou acesse diretamente os sites de instituições reconhecidas, como o Banco Central e os bancos regulados.

Quantas pessoas têm dinheiro esquecido?

De acordo com o Banco Central, mais de 42 milhões de brasileiros e 3,6 milhões de empresas têm valores esquecidos em contas inativas, consórcios antigos, tarifas cobradas indevidamente ou encerramento de contas com saldo residual.

O valor total disponível para saque ultrapassa R$ 8,6 bilhões (dados de agosto de 2024). Essa enorme cifra atrai não apenas os cidadãos que desejam recuperar recursos, mas também criminosos em busca de vítimas.

O que acontece com os valores não sacados?

Caso os valores não sejam retirados dentro do prazo legal, retornam para a conta única do Tesouro Nacional. Lá, são utilizados para compensações fiscais, ações emergenciais ou projetos aprovados pelo Congresso Nacional, como a desoneração da folha de pagamento em setores estratégicos.

Dessa forma, não há como “recuperar valores expirados” — e qualquer oferta que prometa isso é, com certeza, fraudulenta.

Quais são os sinais claros de golpe?

  • Site com endereço estranho (terminações como .org, .info, ou nomes genéricos);
  • Pedido de pagamento antecipado para sacar valores;
  • Mensagens com erros de português ou tom de urgência exagerado;
  • Uso de logos do governo em anúncios pagos não direcionados para o site oficial;
  • Solicitação de dados pessoais por WhatsApp ou SMS;
  • Oferta de “ajuda” para liberar valores após o prazo legal.

O que fazer se eu cair no golpe?

Se você foi vítima do golpe do dinheiro esquecido:

  1. Altere suas senhas bancárias e e-mail imediatamente;
  2. Ative o bloqueio temporário do cartão (pelo app do banco);
  3. Registre boletim de ocorrência na delegacia ou pela delegacia virtual;
  4. Acesse o site www.gov.br/consumidor e registre uma reclamação;
  5. Informe o banco e solicite monitoramento das movimentações.

Em casos mais graves, procure um advogado ou defensor público para buscar reparações.

Considerações finais

O golpe do dinheiro esquecido é mais um exemplo de como criminosos se aproveitam de ações legítimas para enganar e lesar a população. O programa de devolução de valores do Banco Central é seguro e importante, mas deve ser acessado exclusivamente pelo site oficial.

Com o aumento dos ataques digitais e da disseminação de informações falsas, a educação financeira e digital se torna essencial para evitar prejuízos. Desconfie sempre de promessas fáceis e links recebidos por redes sociais. Afinal, segurança também é um direito do cidadão digital.