Crédito imobiliário terá problemas em 2025, diz presidente da Caixa

Durante a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2023, o presidente-executivo da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, alertou para possíveis problemas no crédito imobiliário em 2025. A Caixa, que representa cerca de dois terços do financiamento imobiliário no Brasil, concedeu R$ 185,4 bilhões para esse fim em 2023, um aumento de 13% em relação ao ano anterior.

A declaração de Vieira levanta preocupações sobre a oferta de crédito para aquisição de imóveis no futuro próximo, sugerindo possíveis dificuldades nesse aspecto. Isso pode impactar o mercado imobiliário e os consumidores que planejam comprar uma casa nos próximos anos.

Caixa: desvalorização da caderneta de poupança

A principal fonte desses recursos é a caderneta de poupança, que tem sofrido uma constante desvalorização nos últimos anos, à medida que os investidores buscam produtos de investimento com rendimentos superiores. Dessa forma, após registrar quase R$ 73 bilhões em retiradas em 2023, a poupança já teve saídas líquidas totalizando mais R$ 16 bilhões neste ano.

As declarações do presidente apontam para a preocupação da Caixa em se manter competitiva em relação ao financiamento imobiliário, sua principal atividade comercial. Desse modo, além dos recursos do FGTS, a Caixa também forma fundos através das captações no mercado financeiro.

O banco transforma esses recursos em LCIs (Letras de Crédito Imobiliário), cujo custo é superior, o que pode resultar em um aumento nas taxas de juros para aqueles que buscam crédito para habitação. Esse movimento pode diminuir o número de famílias capazes de assumir os empréstimos, já que o preço das prestações tende a aumentar.

Soluções para o financiamento imobiliário

Em entrevista à Inteligência Financeira, Vieira revelou que a Caixa considera duas opções para compensar a redução dos recursos da poupança. Uma delas é buscar parceiros internacionais dispostos a conceder empréstimos imobiliários.

Assim, a outra opção é tentar convencer o Banco Central a reduzir os depósitos compulsórios, o que aumentaria a quantia disponível para o setor. Além disso, os depósitos compulsórios são uma parte dos recursos dos clientes que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central, sem qualquer remuneração.

Mudanças normativas nas LCIs

Marcos Brasiliano, vice-presidente de finanças da Caixa, apontou que as mudanças normativas nas LCIs exigem que o banco emita títulos com prazos mais longos. O Conselho Monetário Nacional (CMN) limitou recentemente o número de emissores de LCIs e LCAs e estendeu os prazos para a emissão desses títulos.

Brasiliano prevê uma maior captação por títulos de longo prazo devido a essas alterações, mas expressa preocupação em compensar a perda de títulos de curto prazo. Apesar disso, Carlos Vieira, presidente da Caixa, assegura que não haverá falta de recursos para financiamento habitacional neste ano, mencionando que o banco está trabalhando em alternativas.

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Vieira também destacou o programa recentemente lançado pelo governo federal para proteção cambial de investidores internacionais interessados em fazer aplicações de longo prazo no Brasil.

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