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B3 registra R$ 62 bilhões em ETFs com mais de 1 milhão de investidores

O mercado de ETFs (fundos de índice) no Brasil vive um momento de forte expansão e popularidade. De janeiro a junho de 2025, foram lançados 29 novos fundos, o equivalente a 1,12 por semana, evidenciando o apetite crescente por essa modalidade de investimento, antes restrita a poucos produtos e nichos.

Desde o lançamento do primeiro ETF brasileiro em 2004 (o PIBB11), o país acumulou cerca de 380 fundos listados na B3, incluindo ETFs nacionais e BDRs de ETFs estrangeiros. Hoje, esse universo soma R$ 62 bilhões em ativos sob gestão e conta com mais de 1,11 milhão de investidores.

Esse salto expressivo reflete mudanças estruturais na indústria de investimentos, maior educação financeira, a digitalização do acesso aos produtos, e um ambiente regulatório mais moderno. Além disso, ETFs temáticos — como os de criptomoedas, inteligência artificial e tecnologia — têm despertado o interesse de novos investidores.

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Imagem: Alf Ribeiro/shutterstock.com

O que são ETFs?

ETFs, ou Exchange Traded Funds, são fundos de investimento que replicam a performance de um índice de referência. Em vez de escolher ações ou títulos individualmente, o investidor compra uma cota de um fundo que acompanha, por exemplo, o Ibovespa, o S&P 500, ou setores como energia, finanças ou blockchain.

Eles são negociados diretamente na bolsa, como ações, e combinam diversificação, liquidez e baixo custo em um único produto.

Como o mercado de ETFs evoluiu no Brasil

Crescimento acelerado

Entre 2004 e junho de 2025, o mercado brasileiro passou de um único ETF para quase 400 opções listadas. Nos últimos cinco anos, o volume de recursos dobrado e o número de cotistas saltou de cerca de 240 mil para mais de 1,1 milhão.

A popularização dos BDRs de ETFs em 2020, permitida pela CVM para pessoas físicas, também foi decisiva para o crescimento.

“Hoje, estamos bem mais maduros do que estávamos há poucos anos”, afirma Danilo Gabriel, sócio da XP Asset.

Por que os ETFs estão se popularizando?

Acesso facilitado

A digitalização das plataformas de investimento e o surgimento de corretoras com taxas reduzidas facilitaram o acesso aos ETFs. É possível investir com valores iniciais inferiores a R$ 100, tornando o produto viável até para quem está começando a investir.

Maior variedade de produtos

Segundo a consultoria Ayta, 80% dos ETFs brasileiros são de renda variável, e os outros 20% de renda fixa. Os destaques recentes são os ETFs temáticos, como os voltados a tecnologia, criptomoedas e inteligência artificial.

“Há um esforço coordenado de gestoras, plataformas e da B3 para tornar os ETFs mais acessíveis e atraentes”, diz Henry Oyama, diretor da Hashdex.

Regulação moderna

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem adotado uma postura de incentivo à transparência, com destaque para o modelo fee-based, que estimula a recomendação de produtos com melhor relação custo-benefício, como os ETFs, ao invés dos fundos de taxa alta.

Os 10 ETFs mais rentáveis do Brasil até julho de 2025

dividendos
Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital
ETFLançamentoRetorno acumulado (%)
PIBB11 (Ind. Brasil 50)26/07/2004842,61%
IVVB11 (S&P 500)29/04/2014804,19%
SPXI11 (It Now Spxi)02/02/2015582,91%
BITI11 (Galaxy B Cripto)16/11/2022481,08%
SMAL11 (Small Caps)02/12/2008379,08%
FIND11 (Setor Financeiro)07/04/2011314,57%
BKCH39 (Blockchain Internacional)04/11/2022266,09%
QBTC11 (QR Bitcoin)22/06/2021252,20%
DIVO11 (Dividendos)31/01/2012239,58%
IGCT11 (Governança Corporativa)03/11/2011229,84%

Fonte: Economatica | Data de corte: 04/07/2025

Destaques

  • O PIBB11, primeiro ETF do Brasil, segue como o campeão histórico.
  • Os ETFs de criptomoedas (BITI11 e QBTC11) mostram que ativos temáticos podem ter valorização acelerada em poucos anos.
  • Fundos internacionais como IVVB11 e BKCH39 revelam a demanda crescente por exposição ao exterior.

Como funcionam os BDRs de ETFs?

Os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs são certificados que permitem negociar no Brasil cotas de fundos listados no exterior. Eles ampliaram o acesso dos brasileiros a índices globais como S&P 500, Nasdaq e MSCI World.

Lançados para o público geral apenas em 2020, os BDRs têm impulsionado o setor, especialmente em estratégias de diversificação internacional.

Desafios e gargalos para o crescimento dos ETFs

Apesar do avanço, os ETFs representam apenas 1% do patrimônio total dos fundos no Brasil — um número modesto diante do mercado de R$ 9 trilhões da indústria de fundos. Nos Estados Unidos, esse percentual é de 50%, com um mercado que chegou a US$ 7 trilhões em 2024.

Principais barreiras apontadas por especialistas

1. Complexidade percebida

Para muitos investidores, o uso do home broker e a quantidade de siglas podem parecer intimidantes. A falta de familiaridade ainda afasta parte do público.

2. Modelo de remuneração dos assessores

Como muitos assessores ainda são pagos por comissão, existe um incentivo para recomendar fundos com taxa de administração alta, em detrimento dos ETFs, que geralmente têm taxas muito menores.

3. Cenário macroeconômico

Com a taxa Selic ainda elevada (15% ao ano), muitos preferem investimentos atrelados ao CDI, como CDBs e fundos conservadores. Produtos de renda variável, como ETFs, perdem espaço nesse ambiente.

“Quando a taxa de juros voltar a patamares mais baixos, será natural o aumento da alocação em ativos de risco”, avalia Danilo Gabriel, da XP.

Apostas para o futuro

Os analistas são unânimes: o potencial de crescimento dos ETFs no Brasil é enorme. Com a queda dos juros, maior educação financeira e melhorias na experiência do usuário, o mercado pode dobrar de tamanho nos próximos anos.

O que deve impulsionar o setor:

  • Adoção do modelo fee-based por parte dos assessores de investimento;
  • Expansão dos ETFs temáticos, como inteligência artificial e sustentabilidade;
  • Integração com carteiras recomendadas em apps e plataformas de investimento;
  • Maior transparência e informação sobre os produtos para o público em geral.

Riscos de investir em ETFs

dividendos ações
Imagem: Freepik/ Edição: Seu Crédito Digital

Apesar das vantagens, é importante lembrar que os ETFs também carregam riscos:

Riscos principais

  • Risco de mercado: variações no índice de referência impactam diretamente o desempenho do ETF.
  • Risco cambial: afeta ETFs internacionais, cujas cotas são influenciadas pela variação do dólar.
  • Risco de liquidez: ETFs menos negociados podem apresentar dificuldade de compra ou venda a preços justos.
  • Risco regulatório: mudanças nas regras podem alterar custos operacionais e afetar a atratividade do fundo.

“O investidor deve sempre analisar o objetivo do ETF, sua composição e a liquidez no mercado antes de aplicar”, alerta Angelo Belitardo, gestor da Hike Capital.

Imagem: Alf Ribeiro / Shutterstock.com