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Por que faltam trabalhadores no mercado norte-americano?

Em todo o país surgem relatos de empresas com dificuldades de contratar funcionários.

A falta de trabalhadores nos Estados Unidos  é vista como uma anomalia econômica que anseia por respostas. Os EUA se mostram como o país mais vacinador do mundo. Com mais de 200 milhões de doses já aplicadas, a maior economia do planeta está praticamente reaberta e sem restrições na maioria de seus estados.  

De acordo com tal cenário, é evidente que a economia iria mostrar sinais de recuperação, e não foi diferente. A expectativa dos mercados já é de uma alta de 5,1% no PIB americano em comparação com o ano passado, igualmente acompanhada de uma retomada forte no setor de vendas, que teve alta histórica no último mês. Dessa forma, o país vislumbra tempos melhores. 

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Quebra de expectativa 

Dentro dessa expectativa, a maioria dos especialistas estava esperando uma criação de empregos em torno de 1 milhão de cargos em abril desse ano; contudo o número só chegou em 266 mil e, analogamente, junto com essa diferença, a taxa de desemprego aumentou para 6,1%, em vez de ter a queda anteriormente prevista para 5,6%. 

Nesse sentido, os dados confundem os analistas. Como em uma economia super flexível, onde a facilidade de contratar e demitir funcionários é alta, e que ainda por cima se encontra num cenário de forte aquecimento, essas taxas que funcionam como forte indicativo de recuperação da atividade econômica ficaram tão abaixo do esperado? 

The Job Paradox  

Sob o mesmo ponto de vista, em todo o país surgem relatos de empresas com dificuldades de contratar funcionários. O principal índice que evidencia tal dificuldade é o “labor force participation (participação da força de trabalho em tradução literal) que aponta a porcentagem de pessoas aptas para emprego que estão trabalhando ou buscando trabalho ativamente na economia. O índice alcançou a menor taxa desde 1967, de modo que apenas 61% dos Americanos estão nessa força de trabalho.  

Tal fato se mostra mais estranho quando, simultaneamente a essa falta de trabalhadores, são vistos salários e remunerações em alta na média. Do mesmo modo, a pergunta se faz presente de novo: por que, mesmo pagando mais, as empresas não estão conseguindo contratar colaboradores?  

Algumas notícias chegam ao limite do crível. Por exemplo, uma filial do Fast Food Mac Donald’s na Florida, relatou que está pagando US$ 50,00 apenas para os candidatos se apresentarem na entrevista de emprego.  

O anormal também está virando rotina em outros setores. No the beige book (um relatório periódico do Banco Central Americano sobre a situação econômica do país) aparecem mais de um caso em que cargos de baixa remuneração estão sendo ofertados com signing bonusesuma espécie de bônus de contratação, normalmente oferecido apenas em cargos de alto valor agregado ou elevadas posições. 

O cenário intrigante está sendo chamado de The Job Paradox (O paradoxo do emprego) pela mídia especializada. Há um certo espanto dos analistas econômicos com o evento e muitos estão tentando explicar a situação. Contudo, uma boa parte deles já chegou uma prévia conclusão.  

As possíveis causas 

A princípio, o motivo mais óbvio dessa distorção seria a continuidade dos estímulos de credito criados pelo FED (o banco central americano). O valor total de dinheiro injetado na economia já passa da casa de trilhões de dólares. O dinheiro chegou para as pessoas físicas em forma de cheques de US$ 1400, direcionados para as populações mais vulneráveis.  

Por outro lado, muitos economistas discorrem que o programa já deveria ter sido descontinuado. Seus argumentos se baseiam no fato de que a economia já se encontra em posição de recuperação e a maior parte dos americanos está vacinada. Apesar disso, o governo discorda de tal análise e parece indicar que mante o programa de crédito por mais algum tempo.  

Dessa forma, sua prerrogativa para manter a política é que o consumo se recuperou muito mais rapidamente do que as taxas de empregabilidade. Isso para alguns pode parecer um outro paradoxo, uma vez que a retomada lenta do nível de emprego pode está sendo empurrada para baixo justamente pela manutenção do auxílio.  

Seja como for, os efeitos estão sendo evidenciados: a renda total americana já está maior do que o patamar anterior à pandemia do coronavírus. Ademais, a falta de trabalhadores torna evidente o desemprego ainda alto.

A injeção de liquidez  

Apesar disso, o crédito direto ao consumidor final não é o responsável pela maior parte do direcionamento de liquidez. Os bancos e instituições financeiras aumentaram seu caixa na ordem de bilhões de dólares. Contudo, como não são consumidores diretos no mercado, a distorção percebida a curto prazo é mais evidente nos programas de auxílio do que nos incentivos bancários.  

Por outro lado, a política de expansão de credito não está sendo aplicada apenas nos EUA. De maneira idêntica, a grande maioria dos países desenvolvidos também está usando alguma forma de quantitative easing (termo usado para políticas de afrouxamento monetário, feitas por meio da criação de dinheiro eletrônico pelos bancos centrais). Esse é o caso de Alemanha, Reino Unido, Japão e China, que com os Estados Unidos formam as 5 maiores economias do mundo. 

Em outras palavras, a base monetária mundial sofreu grande expansão desde a crise de 2008. Posteriormente às primeiras rodadas de quantitative easing (QE) realizadas pelos soberanos da moeda ao redor do mundo, a crise imobiliária teve um breve período de recessão e, após a retomada da produção econômica, o afrouxamento foi descontinuado.  

Em contrapartida, nessa segunda rodada de QE pelos grandes bancos centrais a coisa não parece ser assim tão simples. Como visto antes, mesmo com uma recuperação econômica encaminhada, não há sinais de que a flexibilização monetária será interrompida; cenário este nunca experimentado antes na economia global e que pode levar a desdobramentos não previsíveis.  

Enfim, o resultado de tais intervenções permanece incerto. Agora resta esperar as próximas movimentações na política monetária mundial e americana, e observar possíveis outros fenômenos econômicos resultantes dessas políticas. Assim como os mercados nunca antes haviam sofrido tamanho impacto e distorção, suas consequências podem ser ainda maiores do que apenas a falta de trabalhadores.  

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Imagem: Orathai Mayoeh / Shutterstock.com