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Governo proíbe beneficiários do Bolsa Família de fazer apostas — veja o que muda

O governo federal proibiu beneficiários do Bolsa Família e do BPC de participarem de apostas online. Saiba o que muda e mais.

O governo federal anunciou uma nova medida que impede beneficiários do Bolsa Família e do BPC de participarem de apostas online. A decisão foi oficializada por meio de uma norma do Ministério da Fazenda, que visa impedir o uso de recursos públicos destinados à assistência social em jogos de azar.

A medida afeta diretamente milhões de brasileiros que dependem desses programas e impõe novas responsabilidades às empresas de apostas que operam legalmente no país.

O que diz a nova norma do Ministério da Fazenda

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Imagem: Freepik e Canva / Edição: Seu Crédito Digital

Segundo o texto publicado pelo Ministério da Fazenda, todas as plataformas de apostas e loterias de quota fixa terão de verificar, antes de autorizar o cadastro de novos usuários, se o indivíduo é beneficiário de algum programa social federal.

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Essa checagem será feita por meio de uma base de dados administrada pelo governo, que cruzará as informações dos apostadores com o Cadastro Único (CadÚnico). Caso o sistema identifique que o usuário é beneficiário do Bolsa Família ou do BPC, o acesso será bloqueado automaticamente.

Reavaliação periódica obrigatória

Além da verificação inicial, as plataformas deverão repetir o cruzamento de informações a cada 15 dias. O objetivo é garantir que pessoas que passem a receber benefícios sociais posteriormente também sejam impedidas de continuar apostando.

Em caso de descumprimento, as empresas poderão ser multadas, suspensas ou até ter suas licenças cassadas. A norma também determina que, se um beneficiário realizar uma aposta, a operação deve ser cancelada imediatamente e o valor devolvido ao usuário.

Prazo e medidas de fiscalização

O Ministério da Fazenda estabeleceu um cronograma para que as empresas se adequem às novas exigências.

Prazos definidos pelo governo

  • 30 dias: prazo para que as plataformas ajustem seus sistemas e passem a consultar a base de dados do governo.
  • 45 dias: limite para comprovar oficialmente o cumprimento das regras e a integração do sistema de checagem.

O governo utilizará os dados do CadÚnico e de outros sistemas oficiais para fazer o controle. As empresas que descumprirem a norma poderão ser investigadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas e pelo Ministério Público Federal.

Fiscalização constante

A fiscalização será contínua e incluirá auditorias técnicas, relatórios de conformidade e inspeções periódicas. O governo também estuda criar um canal de denúncias para casos de irregularidades, como beneficiários que tentem driblar o sistema usando contas de terceiros.

Medida atende determinação do STF

A nova regra também cumpre uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia exigido que o Executivo criasse mecanismos para evitar o uso indevido de recursos públicos em atividades de risco financeiro, como as apostas online.

Razões por trás da proibição

A popularização das apostas esportivas no Brasil, impulsionada pela regulamentação do setor em 2023, trouxe preocupações sociais. Dados de pesquisas recentes indicam que o perfil dos apostadores é majoritariamente de jovens e pessoas de baixa renda, o que acendeu um alerta entre especialistas em finanças e políticas públicas.

Segundo o Ministério da Fazenda, a proibição visa proteger a população vulnerável de práticas que possam levar ao endividamento e à perda de renda familiar.

Impactos para as empresas do setor

As casas de apostas e plataformas digitais terão de realizar adaptações técnicas e operacionais para cumprir a nova norma.

Ajustes tecnológicos e integração de dados

As empresas precisarão investir em integração de sistemas com as bases do governo e em ferramentas de verificação automatizada. O processo inclui desafios relacionados à proteção de dados pessoais, pois envolve o acesso a informações sigilosas de milhões de brasileiros.

Penalidades por descumprimento

Caso não cumpram as determinações, as operadoras poderão sofrer multas elevadas, suspensão de licenças e até proibição de atuar no território nacional. O governo também poderá exigir relatórios periódicos comprovando o funcionamento do sistema de checagem.

Repercussão e opiniões de especialistas

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Imagem: Bruno Peres/Agência Brasil

Economistas e assistentes sociais avaliam que a medida é positiva do ponto de vista social, pois reforça a função dos programas de assistência como instrumentos de inclusão e segurança econômica.

Críticas e controvérsias

Apesar de o objetivo ser a proteção social, alguns especialistas apontam riscos de estigmatização dos beneficiários. Há quem argumente que a proibição cria uma espécie de vigilância excessiva sobre pessoas de baixa renda, sem o mesmo controle aplicado a outros grupos da sociedade

FAQ – Perguntas frequentes

1. Beneficiários do Bolsa Família podem fazer apostas online?
Não. A nova norma do Ministério da Fazenda proíbe o acesso de beneficiários do Bolsa Família e do BPC a qualquer plataforma de apostas online.

2. Como as empresas saberão quem é beneficiário?
As plataformas deverão consultar uma base de dados do governo, cruzando informações do CadÚnico antes de liberar o cadastro.

3. O que acontece se um beneficiário tentar apostar?
A operação será cancelada automaticamente e o valor apostado deverá ser devolvido.

4. Quando a medida começa a valer?
As empresas têm 30 dias para se adequar e 45 dias para comprovar a integração com o sistema de verificação.

Considerações finais

A medida ocorre em um momento de reestruturação do setor de apostas no país, com novas regras de tributação, licenciamento e fiscalização. O governo espera que o mercado opere de forma mais segura e transparente, garantindo que o crescimento do setor não prejudique a população mais vulnerável.

Com as novas exigências, o Brasil dá mais um passo no sentido de regular o jogo online de maneira responsável, equilibrando arrecadação fiscal e proteção social.