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Investir o FGTS na Eletrobras valeu pena?

Ao ser privatizada, muitos trabalhadores aplicaram seus recursos do FGTS nas ações da Eletrobras. Saiba mais!

A Eletrobras é uma das maiores empresas de energia elétrica do Brasil, com uma presença significativa em todo o país. Em junho de 2022, quando a companhia foi privatizada, o governo federal autorizou que parte das ações pudessem ser compradas usando os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Na prática, empregados com carteira assinada poderiam aplicar até 50% do benefício nas ações da Eletrobras. Assim, os interessados em investir na companhia poderiam comprar ações da empresa por meio dos Fundos Mútuos de Privatização (FMP), ligados ao FGTS. 

Com essa medida, o governo esperava incentivar os trabalhadores a investir na privatização da companhia e, assim, contribuir para o sucesso da venda das ações.

Na outra ponta, a operação também poderia ser vantajosa para esses investidores tendo em vista que a rentabilidade poderia ser maior do que a oferecida atualmente pelo FGTS. Por lei, o fundo paga rendimento de 3% ao ano. 

Mas valeu a pena investir o FGTS na Eletrobras? O que fazer com os recursos aplicados? Confira tudo neste artigo!

Como funcionam os Fundos Mútuos de Privatização?

Primeiramente, os Fundos Mútuos de Privatização são investimentos que aplicam em ações de empresas que estão sendo privatizadas pelo governo, como é o caso da Eletrobras. 

Essas ações podem apresentar uma valorização significativa em curto e médio prazo, uma vez que a privatização costuma atrair investidores e aumentar a demanda pelas ações.

Além disso, os fundos de privatização costumam ser gerenciados por profissionais especializados, que têm conhecimento do mercado financeiro e buscam maximizar o retorno do investimento. Dessa forma, o investidor pode contar com uma gestão mais eficiente e menos arriscada do que se investisse diretamente em ações.

Outro benefício dos fundos de privatização é a possibilidade de investir valores menores e diversificar a carteira de investimentos. No caso da Eletrobras, por exemplo, com apenas R$ 200,00 já era possível realizar o investimento.

Vale destacar, no entanto, que FMPs são fundos mono ativos. Isso significa que são uma espécie de investimento único, ou seja, que foca em um único ativo, e com isso sujeito aos riscos envolvidos em se tratando de uma empresa.

No FMP da Eletrobras, cerca de 400 mil trabalhadores autorizaram o uso dos recursos do Fundo de Garantia para investir nas ações da estatal.

O que deu errado no caso Eletrobras?

É importante lembrar que os fundos de privatização também apresentam riscos, como em qualquer outro investimento. 

Portanto, antes de investir, é recomendável avaliar os custos envolvidos, além de verificar se o investimento está de acordo com o seu perfil de investidor e objetivos financeiros.

Como se trata de um ativo da renda variável, é importante ter em mente que ele está sujeito às oscilações do mercado.

Em outras palavras, os retornos não são garantidos e o valor pode subir ou cair, dependendo das condições do mercado.

No caso dos brasileiros que usaram o FGTS para comprar ações da Eletrobras, as flutuações foram significativas – a para baixo até agora.

Inicialmente, as ações da companhia (ELET6) chegaram a valorizar 37% até início de novembro de 2022, quando, então, reverteram a tendência. Em 2023, até 15 de abril, as ações perderam quase 8%. Na mesma direção, as ações da Eletrobras (ELET3) têm se desvalorizado significativamente, acumulando perdas de 13% em 2023 e de 24% nos últimos seis meses, até 15 de abril.

Neste momento, o que está fazendo com que o preço das ações despenque são os boatos políticos a respeito da reestatização, apesar de isso ser considerado pouco possível.

Saiba mais:

Razões do governo para a reestatização

O presidente Lula não poupou críticas à desestatização da Eletrobras durante sua campanha eleitoral e ainda o faz em seus discursos atuais. Em fevereiro de 2023, ele declarou que os termos de venda da companhia eram ruins para o Brasil. 

Em seguida, no dia 21 de março, anunciou que o governo havia entrado com uma ação judicial contra a redução da participação governamental na elétrica e o preço da recompra de ações. 

Argumentando que ela é estratégica para o país, há o temor de que a desestatização cause aumento nos preços da energia e perda de controle sobre o setor. 

Em entrevista à TV 247, Lula declarou que “a privatização da Eletrobras foi um crime” e que “o governo vai voltar a ser dono”.

Nesse contexto, o presidente anunciou no final de março a Frente Parlamentar Mista pela reestatização da Eletrobras.

A comissão pretende discutir o controle acionário da Eletrobras pelo governo federal.

O plano é abolir a regra que limita a representatividade dos votos a 10%, mesmo que o acionista possua uma fatia maior na empresa. Esta lei vem prejudicando os interesses da União, que detém 42,6% da propriedade das ações ordinárias.

Migrar para fundos com gestão ativa

Dessa forma, o que fazer com o FGTS aplicado na Eletrobras? Vamos mostrar alguma alternativas.

Muitos investidores do FMP da Eletrobras ainda não sabem, mas, desde dezembro de 2022 já é possível migrar para fundos de ações com gestão ativa, que podem oferecer um maior retorno de longo prazo.

Sendo assim, os cotistas podem optar por trocar a sua participação para fundos denominados como “carteira livre”. 

Estes produtos têm uma alocação não restrita a um único ativo, e ficam a cargo de um gestor montar a investida de forma diversificada, incluindo renda fixa e ações. 

Vale lembrar que uma carteira diversificada é menos volátil do que se você tiver só uma ação. Isso acontece porque ela tem papéis diferentes baseados no cenário econômico e setorial das empresas. 

Ou seja, ela não é afetada por problemas políticos, econômicos ou setoriais que atingem só um único negócio. Com isso, há um maior equilíbrio entre o que se investe e o risco da operação.

Outra opção para aqueles que não querem mais manter investimento no FMP da Eletrobras é solicitar o retorno dos recursos para o FGTS.

Após 12 meses, seguindo as regras dos FMPs, os investidores têm a possibilidade também de solicitar o retorno dos recursos para o FGTS.

Vale e Petrobras

Apesar do rendimento negativo, até agora, com menos de um ano, é importante lembrar que o investimento em ações é uma aplicação com foco no longo prazo.

Assim como a Eletrobras agora, no passado, a Vale e a Petrobras seguiram caminho parecido, quando foram privatizadas, e o resultado, para quem manteve a aplicação, foi excelente.

Um dos fundos da Petrobras, o Caixa FMP FGTS Petrobras II rendeu, de 2000 até abril 2023, cerca de 1.120%. Como comparação, o CDI (referência da Selic), teve valorização de 500%

Enquanto isso, o Caixa FMP-FGTS Vale do Rio Doce II, de 2002, acumula ganhos ainda maiores: de 2.050%, contra 446% do CDI.

Portanto, é importante encarar essa aplicação, do FGTS da Eletrobras, como um “poupança” para o futuro, ou até mesmo aposentadoria, a depender do valor aplicado.

Imagem: Pavel Kapysh / Shutterstock.com