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Nokia quer voltar a fabricar celulares, mas aposta em parceria diferente

A lendária fabricante finlandesa de celulares, Nokia, está novamente sob os holofotes. A empresa, que há anos não produz diretamente dispositivos móveis, deu sinais claros de que pretende retomar sua presença no mercado por meio de uma nova parceria de licenciamento.

Embora não tenha feito um anúncio oficial, a revelação veio de forma inusitada: em uma postagem no Reddit.

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Imagem: Reprodução

No subfórum da Nokia, uma conta atribuída à gerência de comunidades da empresa respondeu a um usuário interessado no futuro da marca.

Na resposta, a conta afirmou que a Nokia está aberta a novas parcerias no setor mobile e convidou fabricantes de grande escala a entrarem em contato por meio de seu site de parcerias. A publicação, entretanto, foi apagada pouco tempo depois, o que aumentou ainda mais a especulação.

Apesar da remoção, a mensagem foi registrada por usuários e ganhou repercussão, especialmente entre os fãs da marca, que há muito aguardam um retorno mais robusto da Nokia ao mercado de celulares inteligentes.

Nokia e HMD Global: uma parceria que perde força

O histórico da parceria com a HMD

Desde 2016, a marca Nokia no setor de smartphones está sob licenciamento da HMD Global, também finlandesa. A empresa ficou responsável por produzir e comercializar dispositivos com a marca icônica, apostando tanto em modelos de entrada quanto em versões mais sofisticadas com Android.

A estratégia envolveu também o relançamento de clássicos, como o inesquecível Nokia 3310 e o modelo 8110, que ficou famoso ao aparecer no filme Matrix. Esses modelos receberam versões modernizadas, mas mantiveram o visual nostálgico que marcou uma geração.

Resultados positivos, mas insustentáveis

Nos primeiros anos, a parceria parecia promissora. As vendas iniciais de smartphones com a marca Nokia agradaram, principalmente nos mercados europeu e asiático. No entanto, os sucessivos trimestres com resultados financeiros negativos começaram a comprometer a operação.

Em 2024, a HMD iniciou um processo gradual de retirada da marca Nokia de seu portfólio. Os celulares começaram a ser apresentados sob o nome da própria HMD, e os modelos Nokia foram excluídos de seu site oficial. Isso indicava, para muitos analistas, o esgotamento da parceria.

Fim à vista?

O contrato de licenciamento entre Nokia e HMD Global é exclusivo e tem validade até 2026. No entanto, o silêncio da HMD e a postura da Nokia sugerem que dificilmente haverá renovação. Sem detalhes públicos sobre a continuidade, cresce a expectativa sobre qual será o próximo movimento da fabricante finlandesa.

Retração nos principais mercados

Outro indício da mudança é a redução da presença da HMD Global em mercados estratégicos. Após uma tentativa tímida de retorno ao Brasil, a empresa saiu novamente do país. Em 2025, a companhia também abandonou o mercado norte-americano, impactada pelo aumento das tarifas de importação promovidas pelo governo de Donald Trump. Esse recuo pode ter pressionado ainda mais a necessidade de mudança de estratégia.

Nokia: de líder global a símbolo nostálgico

A era de ouro da telefonia móvel

Durante os anos 1990 e 2000, a Nokia foi sinônimo de celular. Modelos como o 1100, 3310, N95 e a série Communicator dominaram o mercado global, levando a empresa ao topo da indústria mobile. Em seu auge, a Nokia detinha mais de 40% do mercado global de celulares.

Inovação em rede e tecnologia

Além do sucesso comercial, a Nokia desempenhou um papel essencial no desenvolvimento de redes celulares, especialmente no padrão GSM, adotado mundialmente. Essa expertise foi, inclusive, o que sustentou a empresa após sua saída do setor de dispositivos.

A queda: da aliança com a Microsoft ao fim dos celulares Nokia

Com o avanço dos smartphones e a chegada do iPhone e de dispositivos Android, a Nokia apostou no sistema Symbian, que não conseguiu acompanhar a inovação dos concorrentes. Em 2011, firmou parceria com a Microsoft, lançando a linha Lumia com Windows Phone.

O acordo culminou na venda da divisão de dispositivos móveis da Nokia para a Microsoft em 2013. A gigante de Redmond assumiu a linha Lumia, mas deixou a marca Nokia de lado pouco tempo depois. Em 2014, os aparelhos passaram a ser vendidos como Microsoft Lumia, o que resultou em queda ainda maior na relevância da marca no setor de smartphones.

Por que a marca Nokia ainda é valiosa?

Mesmo com tantos altos e baixos, a marca Nokia continua com forte apelo. Ela representa um símbolo de qualidade, durabilidade e confiabilidade para muitos consumidores, especialmente os mais nostálgicos ou aqueles que buscam modelos mais simples.

A HMD Global soube explorar bem esse sentimento, relançando clássicos com toques modernos. No entanto, com o enfraquecimento da marca dentro da HMD, a Nokia parece disposta a recuperar o protagonismo, desde que encontre o parceiro ideal.

O futuro da Nokia no mercado de celulares

Nokia 3310 (1)
Imagem: Divulgação / Nokia

Uma nova parceria à vista?

A publicação no Reddit pode ter sido apenas um teste de percepção ou uma forma sutil de indicar ao mercado que a Nokia está disponível para novos negócios. Fabricantes interessados, especialmente nos mercados asiáticos, podem ver nisso uma oportunidade de agregar valor a seus portfólios com uma marca de prestígio global.

Possibilidades de licenciamento

Entre os possíveis caminhos, estão:

  • Licenciamento total da marca para fabricantes interessados em linhas completas de produtos
  • Parcerias para lançamento de edições limitadas ou modelos nostálgicos
  • Exploração da marca em mercados emergentes, com foco em feature phones

Reputação consolidada, mas necessidade de inovação

Para além da nostalgia, a Nokia precisará mostrar que consegue acompanhar a inovação no setor, hoje dominado por nomes como Samsung, Apple, Xiaomi e outras fabricantes emergentes. A nova parceria, se confirmada, deverá trazer ao mercado dispositivos que combinem a tradição da marca com recursos modernos e competitivos.

Considerações finais

A movimentação da Nokia pode parecer tímida, mas revela uma estratégia bem calculada: medir o interesse do mercado e preparar o terreno para um possível retorno.

Ao manter sua presença no setor de telecomunicações e buscar novos parceiros para o licenciamento da marca, a empresa demonstra que ainda vê valor em sua herança no setor mobile.

Caso encontre um parceiro forte e estratégico, a Nokia pode voltar a disputar espaço no mercado global de celulares — talvez não como líder, mas como uma marca respeitada e querida por milhões de consumidores ao redor do mundo.