O que está por trás do recorde de endividados no país?
O número de endividados no Brasil é o maior da série histórica, assim como o percentual de inadimplentes. Entenda os fatores!
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNM), o número de endividados bateu recorde em 2022.
Ao que tudo indica, esse cenário não deve mudar ao longo deste ano e aumentos estão previstos pelos analistas diante de uma realidade de taxa de juros em altos níveis e a busca por crédito para quitar dívidas básicas.
Para se ter ideia, no ano passado, a cada 100 famílias, 78 estavam endividadas. Para tentar solucionar o problema, o governo Lula já confirmou o lançamento de um programa para atender os brasileiros que estão com dificuldades para pagar as contas.
Recorde de endividados: o que explica?
Desde de 2019, o número de endividados só aumentou no país, conforme aponta a Peic. Entre 2020 e 2022, anos de pandemia, o percentual passou de 66,5% para 77,9%, uma alta bastante expressiva.
O fator de fundo dessa situação foi o aumento da taxa básica de juros que saltou de 2% para 13,75%, nível em que está atualmente. A Selic é usada como uma ferramenta para frear a escalada da inflação.
Segundo economistas da CNC, além da taxa de juros mais alta, a taxa inflacionária que chegou a casa dois dígitos no ano passado corroeu o poder de compra das famílias brasileiras que precisaram recorrer a outros meios para realizar compras básicas.
Essa válvula de escape, é evidente, foi o crédito que começou a ser amplamente oferecido pelas instituições financeiras, com destaque para as fintechs.
O levantamento também aponta qual o perfil dos endividados. Em 2022, as mulheres com menos de 35 anos, com Ensino Médio incompleto e residente nas regiões Sudeste e Sul são as mais afetadas.
Impacto direto na inadimplência
Diante desse cenário, a inadimplência, ou seja, o percentual de famílias endividadas com contas em atraso também atingiu um recorde durante o ano passado e chegou a 28,9%, com base nos dados da Peic.
Vale lembrar que com os juros altos, o pagamento de dívidas fica cada vez mais difícil, uma vez que os valores aumentam com o passar do tempo.
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