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Ônibus elétrico pode custar seis vezes mais que o modelo a diesel, diz URBS

Curitiba, conhecida por seu modelo inovador de transporte coletivo, agora enfrenta um dilema financeiro no processo de transição para a eletrificação de sua frota.

A Urbanização de Curitiba (URBS), responsável pela gestão do transporte público na cidade, divulgou dados sobre o custo de aquisição dos ônibus elétricos em comparação aos veículos a diesel, revelando um cenário de altos custos iniciais e desafios financeiros para equilibrar a operação do sistema.

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Custo de aquisição: uma disparidade significativa

ônibus elétrico
Imagem: Eletra/Reprodução

De acordo com o relatório da URBS, a diferença de preço entre os modelos de ônibus elétricos e os a diesel é alarmante. Atualmente, a cidade conta com sete ônibus elétricos em operação na Rede Integrada de Transporte (RIT), sendo um no modelo comum e seis no modelo Padron. O custo de aquisição de cada ônibus elétrico varia entre R$ 3 milhões e R$ 3,05 milhões, dependendo do modelo, enquanto os ônibus a diesel custam significativamente menos, com preços que variam entre R$ 410 mil e R$ 545 mil.

Essa diferença de custo levanta questões sobre a viabilidade econômica da transição para uma frota totalmente elétrica no transporte público de Curitiba. Os dados revelados pela URBS indicam que o preço de um ônibus elétrico é seis vezes superior ao de um modelo a diesel, o que coloca a cidade diante de um grande desafio para garantir a sustentabilidade financeira do sistema de transporte público.

O argumento da economia no abastecimento

A prefeitura de Curitiba, ao anunciar a operação dos ônibus elétricos, fez questão de destacar que, embora o custo inicial seja mais alto, o veículo movido a energia elétrica apresenta uma economia significativa no abastecimento. Segundo o presidente da URBS, Ogeny Pedro Maia Neto, em comunicado de 28 de outubro de 2024, o veículo elétrico, ao longo de sua vida útil, apresenta custos operacionais mais baixos em comparação ao modelo a combustão.

De fato, os dados fornecidos pela URBS apontam uma economia no abastecimento de R$ 2,6 mil por mês para o modelo comum e R$ 9,5 mil para o modelo Padron. Embora esses valores indiquem uma redução significativa nos custos mensais de operação, o custo de aquisição elevado ainda representa um obstáculo financeiro substancial para o município.

Quanto tempo seria necessário para compensar a diferença?

Para ilustrar o impacto dessa disparidade de custos, o portal Plural calculou quanto tempo seria necessário para que os benefícios da economia no abastecimento pudessem compensar a diferença de R$ 2,5 milhões entre os modelos elétrico e a diesel. Para os ônibus comuns, seriam necessários 80 anos para que a economia no abastecimento compensasse a diferença de preço. Já para os modelos Padron, o tempo estimado seria de 21 anos, o que ainda está muito acima da vida útil dos ônibus elétricos, que é de apenas 15 anos.

Esses números reforçam a complexidade do processo de eletrificação da frota, que, apesar de representar uma importante contribuição para a sustentabilidade ambiental, demanda um esforço financeiro considerável e um planejamento a longo prazo para que os benefícios econômicos se materializem.

Empréstimos para acelerar a eletrificação da frota

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Apesar dos altos custos iniciais, a prefeitura de Curitiba segue avançando no processo de eletrificação da frota. Recentemente, a Câmara Municipal aprovou a obtenção de um empréstimo de R$ 1 bilhão, que será utilizado para a compra de 138 ônibus elétricos. Esse valor corresponde a cerca de 10% da frota atual de 1.164 veículos, o que representa um avanço significativo no processo de transição energética.

Contudo, o valor do empréstimo também poderia ser utilizado para a compra de veículos a diesel, com a possibilidade de adquirir entre 276 e 690 ônibus. Isso ampliaria a renovação da frota em até 60%, o que poderia trazer benefícios imediatos para a operação do sistema, mas não contribuiria para a redução das emissões de gases poluentes, um dos principais objetivos da eletrificação.

Desafios e perspectivas para o futuro

A transição para uma frota elétrica de ônibus em Curitiba é um passo importante em direção à sustentabilidade e à redução das emissões de carbono no transporte público. No entanto, os altos custos de aquisição dos veículos e os desafios financeiros envolvidos mostram que esse processo exigirá um planejamento cuidadoso e investimentos consideráveis ao longo dos próximos anos.

Embora a eletrificação da frota seja uma tendência global e uma medida necessária para atender às exigências ambientais, as autoridades locais precisarão encontrar formas de equilibrar a sustentabilidade econômica com a sustentabilidade ambiental. Isso incluirá não apenas a compra de novos veículos, mas também o aprimoramento da infraestrutura de recarga e o desenvolvimento de políticas públicas que incentivem a utilização de veículos elétricos sem comprometer a qualidade do serviço de transporte coletivo.

Conclusão

A transição para ônibus elétricos em Curitiba, embora necessária e alinhada com as metas ambientais da cidade, enfrenta obstáculos financeiros significativos. A diferença de custo entre os modelos elétricos e a diesel é grande, o que torna a viabilidade financeira do projeto uma questão importante a ser resolvida.

Com o apoio de empréstimos e políticas públicas adequadas, a cidade poderá avançar gradualmente em direção à eletrificação total da frota, mas será necessário tempo e esforço para equilibrar os custos e garantir a sustentabilidade do sistema de transporte coletivo.

Imagem: Estadão/Reprodução