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Preço da gasolina vai subir em 2023?

Os combustíveis podem subir em 2023, porque há expectativa de aumento da demanda global por petróleo e volta de tributos no Brasil

A gasolina é um produto indispensável para o funcionamento de diversos setores da economia, desde o transporte até a indústria. Sua importância faz com que o preço da gasolina seja monitorado de perto pelo governo e pelos consumidores. 

Se ano passado houve redução de seus preços, para 2023 a expectativa é inversa, de possíveis aumentos nos preços dos combustíveis.

Isso acontece devido a uma série de fatores, como aumento da demanda global por petróleo ao mesmo tempo em que diminui a oferta mundial da commodity. 

Além disso, as incertezas tributárias também podem contribuir para o aumento no preço dos combustíveis.

Se você quer ficar atento sobre o que pode acontecer com o preço da gasolina em 2023, acompanhe esse artigo!

O que está por trás da alta do preço da gasolina?

Antes mesmo da invasão da Rússia à Ucrânia, em fevereiro de 2022, os preços do petróleo já haviam começado a se elevar. 

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é usado como referência para medir a inflação no Brasil, aumentou, em 2021, mais de 40% para combustíveis de veículos. 

No mesmo período, como comparação, a inflação oficial registrada no país, considerando todos os produtos analisados, foi de 10,06%. 

Ou seja, apesar da elevação geral dos preços apontar para um valor, a dos combustíveis foi superior.

Isso ocorreu porque no início da pandemia a oferta de petróleo estava abaixo da demanda. Dessa forma, os produtores do Oriente Médio – região do mundo que concentra as maiores reservas de petróleo – restringiram sua produção, o que elevou os preços.

Guerra na Ucrânia

Para piorar a situação do preço da gasolina, pouco tempo depois, foi instaurada a crise geopolítica entre Rússia e Ucrânia, que gerou uma grande incerteza no mercado global de energia. 

A Rússia é um dos principais produtores de petróleo no mundo e, com a invasão ao país vizinho, houve uma redução na oferta global do produto, o que fez com que os preços subissem. 

Parte disso ocorreu pelo boicote que vários países fizeram aos russos, por discordarem da invasão ao país vizinho, que pararam de comprar seu petróleo e gás.

Como consequência, o preço do petróleo disparou [como se vê no gráfico abaixo], logo após o início da invasão russa.

Gráfico do preço do barril do petróleo, em dólares

Fonte: OPEP

Desaceleração global e alta de juros

Essa elevação dos preços do petróleo só não se manteve, ao longo de 2022, por outros fatores, alguns deles resultantes da própria guerra entre Rússia e Ucrânia, como a desaceleração da economia mundial. 

A falta de combustíveis, sobretudo na Europa, assim como nos EUA, levou esses países a experimentarem taxas de inflação não vistas há mais de 30 anos.

Para reduzir o impacto da alta dos preços, os bancos centrais dos EUA, da Europa e da Inglaterra passaram a elevar suas taxas de juros.

O efeito dessas políticas, que visavam reduzir a inflação, foi o de desacelerar as taxas de crescimento no mundo. 

Dessa forma, os preços do petróleo acabaram perdendo força de alta, mesmo com a guerra.

Efeito China

Para 2023, porém, outros fatores preocupam e podem elevar, novamente, a cotação do petróleo e, consequentemente, o preço da gasolina, podendo atingir o bolso dos brasileiros.

Importante lembrar que os preços praticados internamente no Brasil sofrem influência das cotações no mercado internacional.

E a expectativa é de que os preços do petróleo no mundo voltem a subir. 

Isso deve ocorrer por conta da reabertura da economia chinesa, após o final da restrição à circulação de pessoas pela Covid-19. 

Em relatório sobre commodities de janeiro de 2023, o Goldman Sachs avaliou que a reabertura da economia da China foi mais acelerada do que a prevista inicialmente. 

Isso porque todas as restrições à mobilidade foram levantadas já neste início de ano, ao invés de serem aos poucos. 

Assim, há uma expectativa de recuperação da demanda por petróleo na China, em cerca de 14 milhões de barris por dia [no gráfico abaixo é possível observar na linha vermelha a elevação das projeções, ante o que era previsto antes, na linha laranja].

Para o banco, até maio, deverá ocorrer uma normalização dos estoques de petróleo aos níveis de 2021.

Gráfico da demanda por petróleo na China: Demanda implícita e demanda

Fonte: relatório Goldman Sachs

A demanda pelo produto, contudo, deverá seguir se elevando até o quarto trimestre de 2023, mas que pode ser ainda maior, conforme ocorra a recuperação econômica chinesa.

Desafios do próximo governo com preço da gasolina

Por aqui, internamente no Brasil, outros fatores preocupam, podendo levar à alta dos preços. 

O primeiro deles se refere aos tributos relativos ao Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Em um de seus primeiros atos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prorrogou a isenção de PIS e Cofins até 28 de fevereiro de 2023, para álcool e gasolina. 

Na mesma medida provisória, o governo zerou a alíquota de impostos para óleo diesel, biodiesel, gás liquefeito de petróleo derivado de petróleo e de gás natural até 31 de dezembro.

Portanto, é importante entender se haverá ou não uma renovação. Estimativas dão conta de que a volta dos tributos federais poderia elevar em cerca de 14% o preço dos combustíveis.

ICMS

Outro ponto de atenção se refere ao ICMS, impostos cobrado pelos estados sobre a gasolina, com grande impacto positivo na arrecadação dos entes da federação.

No intuito de conter a alta nos preços, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou em julho de 2022 a PEC do combustíveis.

A medida limitava a aplicação de alíquotas de ICMS relativos “aos combustíveis, à energia elétrica, às comunicações e ao transporte coletivo”. 

Diante disso, foi proibido alíquotas de ICMS superiores a 17%. Nesse contexto, a normativa imposta pelo governo promoveu uma redução que chegou a mais de 30% no preço dos combustíveis.

Para se ter uma ideia, em junho de 2022, a gasolina operava num valor médio superior a R$ 7,30. Após a PEC, ficou estabilizada abaixo de R$ 5,00 no mês de setembro.

Nos seis meses de implantação do teto do ICMS, o preço do etanol caiu 22%. E o do diesel, 16%.

Vale destacar que uma parte considerável do valor da gasolina é formada por impostos. 

No final de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) debateu a questão, que gerou queda de braço entre os Estados e a União.

Na decisão, o STF determinou que a medida implementada no meio do ano passado deixe de valer para diesel, gás natural e de cozinha. 

Por sua vez, o imposto sobre os preços da gasolina ficou de fora da decisão, sendo que terá um novo debate ao longo do primeiro semestre de 2023.

Popularidade governo

Previsto para retornar no início de 2023, a tributação federal sobre os combustíveis foi prorrogada exatamente para evitar um desgaste da popularidade do governo, já em seu início.

Outra briga é com os governadores, por conta do ICMS. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o consultor Adriano Pires, que chegou a ser convidado para presidir a Petrobras, disse que o aumento nas alíquotas pode até agradar aos governadores e aliviar os custos para as empresas e os consumidores. 

No entanto, o custo disso pode levar a um aumento na inflação e perda na popularidade de Lula.

Política de preços da Petrobras

Para tentar buscar uma nova forma de equilibrar preços e custos, o novo governo indicou um novo presidente para a Petrobras, o ex-senador Jean Paul Prates.

Entre seus desafios está exatamente buscar uma nova política de preços para a estatal, equilibrando interesses sociais e dos acionistas.

Mas uma mudança busca não é fácil, já que pode gerar riscos de desabastecimento de combustíveis, caso haja uma alteração drástica da política. 

Desde o governo do ex-presidente Michel Temer, a estatal vem seguindo as variações do petróleo e do dólar na composição dos preços.

Não por acaso, a Petrobras anunciou o primeiro aumento do preço da gasolina em 2023, refletindo essa recente alta dos preços.

O aumento do preço da gasolina foi de 7,46%, passando de R$ 3,08 para R$ 3,31 por litro. Este é o primeiro aumento de tarifas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Preço da gasolina em 2023

Como vimos acima há vários fatores que influenciam os preços dos combustíveis, alguns internos e outros externos. 

Enquanto alguns podem passar pela análise de decisões de governo, outros são totalmente alheios à vontade dos políticos, economistas e executivos no Brasil.

Em resumo, estes abaixo são alguns deles:

  • Demanda global por petróleo; 
  • Dólar com relação à moeda local;  
  • Oferta de combustíveis; 
  • Tarifas aduaneiras e impostos. 

Dessa forma, a possibilidade de um aumento no preço da gasolina já é algo abordado pelos analistas do mercado no Brasil. 

O debate sobre este assunto tem crescido na esfera política e econômica, com previsões de que o preço da gasolina aumentará caso não haja novas medidas de controle de preço.

Se houver um aumento na demanda global, isso pode influenciar a oferta e, consequentemente, o preço da gasolina – que pode subir.

Com a alta do preço do combustível, há um grande impacto na economia como um todo, com aumento da inflação.

A inflação, que é a taxa de aumento de preços de bens e serviços, deve aumentar ainda mais, o que levará a aumentos de custos para os consumidores. 

Além disso, pode haver aumentos na conta de luz, nos preços do gás, nos transportes públicos e até mesmo nos supermercados. 

Por fim, apesar de não ser possível prever exatamente como a gasolina vai se comportar no mercado brasileiro, a expectativa é de que o preço será mais alto em 2023. 

Diante desse cenário, a recomendação é que os brasileiros se preparem para pagar mais caro pela gasolina e continuem a buscar soluções mais acessíveis para não ser afetado pelas altas taxas de combustíveis.

Imagem: Impact Photography / shutterstock.com