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Ataque dos EUA ao Irã provoca queda no hash rate do Bitcoin e levanta suspeitas sobre mineração estatal

A madrugada do domingo, 22 de junho, entrou para a história como mais um capítulo tenso nas relações entre Estados Unidos e Irã. Em uma operação militar batizada de “Meia-Noite”, os EUA bombardearam três instalações nucleares iranianas, com o lançamento de 14 bombas pesadas e dezenas de mísseis.

Logo após o ocorrido, um fenômeno curioso foi registrado na rede do Bitcoin: uma queda de aproximadamente 30% no hash rate global.

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O que é o hash rate e por que ele importa?

O hash rate representa o poder computacional total da rede Bitcoin. É um indicativo direto da força da rede, da sua segurança e do número de equipamentos ASICs ligados em operação ao redor do mundo. Quando o hash rate cai abruptamente, é comum associar o fato a desligamentos massivos de mineradoras, seja por razões técnicas, climáticas ou políticas.

No caso recente, a queda coincidiu com o horário dos ataques dos EUA ao Irã. Coincidência? Nem todos acreditam.

Suspeitas recaem sobre a mineração estatal iraniana

Mineração de Bitcoin
Imagem: Acervo do Unsplash (Creative Commons)

Energia nuclear transformada em Bitcoin?

Nas redes sociais, investidores e analistas levantaram a hipótese de que o Irã estaria utilizando instalações nucleares para alimentar suas operações de mineração de Bitcoin.

Segundo essas teorias, o país estaria convertendo energia em criptomoeda como uma forma alternativa de financiamento, contornando sanções econômicas impostas pelos EUA e União Europeia.

A tese ganhou força ao se cruzarem dois dados:

  • A queda repentina do hash rate;
  • O histórico do Irã como minerador relevante, respondendo por cerca de 4,5% da mineração mundial em 2021, segundo a Elliptic.

Evidências indicam mineração clandestina

Um relatório recente do Conselho Nacional da Resistência do Irã indicou que o país enfrenta apagões devido à mineração ilícita de Bitcoin, especialmente por parte da Guarda Revolucionária. Isso reforça a possibilidade de que parte das instalações atacadas pelos EUA estivesse envolvida na mineração cripto.

Hash rate e a teoria do clima extremo no Texas

Mineradoras americanas desligam por calor

Apesar da coincidência temporal com os bombardeios, uma parte da comunidade cripto argumenta que a queda no hash rate tem uma explicação mais simples: o verão extremo no estado do Texas, EUA.

O Texas é um dos maiores polos de mineração do mundo, com empresas como Riot Platforms e Marathon operando milhares de ASICs. Durante ondas de calor, é comum que essas empresas desliguem parte da sua capacidade para aliviar a demanda elétrica da população.

Daniel Batten, analista especializado no setor, reforçou essa hipótese em suas redes sociais. Segundo ele, quedas de hash rate são recorrentes durante períodos de calor extremo e fazem parte de acordos entre mineradoras e distribuidoras locais de energia.

O papel do Irã no ecossistema cripto global

Sanções econômicas e uso alternativo de criptomoedas

Com um histórico de sanções cada vez mais severas, o Irã tem procurado nas criptomoedas uma alternativa para manter o fluxo comercial e bancário. O uso do Bitcoin permite ao país realizar transações sem intermediários tradicionais, além de ser mais difícil de rastrear.

Nobitex: alvos e ataques

A Nobitex, maior corretora de criptomoedas do Irã, foi atacada por hackers supostamente ligados a Israel na quarta-feira anterior ao ataque militar dos EUA. Estima-se que cerca de R$ 450 milhões em criptomoedas tenham sido queimados.

A Chainalysis aponta que a Nobitex era usada por agentes do governo iraniano para driblar sanções e realizar financiamento de atividades suspeitas.

Bitcoin como peça na teoria dos jogos geopolíticos

Um novo ator na diplomacia internacional

Max Keiser, um dos primeiros investidores em Bitcoin, afirmou que o comportamento do hash rate após o ataque ao Irã é revelador: “O Bitcoin agora é o fantasma supremo na máquina da teoria dos jogos global”. Para ele, nenhuma nação sobreviverá economicamente sem interação com o Bitcoin.

Essa visão é compartilhada por muitos no ecossistema cripto, que enxergam na moeda digital uma ferramenta de soberania financeira, especialmente em tempos de guerra e instabilidade.

Conclusão: Coincidência ou evidência?

Metaplanet
Imagem: Arsenii Palivoda / shutterstock

Ainda é cedo para afirmar com certeza se o ataque dos EUA ao Irã foi responsável direto pela queda no hash rate do Bitcoin. No entanto, a coincidência de eventos e o histórico do Irã como minerador clandestino tornam a hipótese plausível. Se confirmada, a situação mostra como a geopolítica pode impactar diretamente a infraestrutura da principal criptomoeda do mundo.

Por outro lado, é fundamental considerar fatores sazonais e operacionais, como o calor extremo nos EUA, antes de concluir qualquer relação causal.

O que é certo é que o Bitcoin segue como ator central na política e na economia globais, seja como ferramenta de financiamento, como alvo de ataques cibernéticos, ou como indicador sensível a choques globais.

A interseção entre criptoeconomia e geopolítica está apenas começando a ser compreendida, e eventos como esse mostram que o futuro do Bitcoin estará cada vez mais ligado aos rumos do planeta.