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Saiba tudo sobre a volta do carro popular de R$ 50 mil!

Expectativa é de queda nos preços dos carros; entenda o programa e quais modelos podem ter valores mais acessíveis

A volta do carro popular ao preço de R$ 50 mil ganhou os holofotes do noticiário nas últimas semanas. Não é novidade para ninguém que os preços dos carros subiram – e muito –, mesmo com as vendas caindo.

Em uma tentativa de mudar esse cenário, o governo preparou um pacote de medidas para estimular a produção e a venda de veículos com preços mais acessíveis.

Siga a leitura para saber melhor tudo o que está acontecendo!

Por que o preço dos carros subiram tanto?

Não é mais novidade para ninguém que os preços dos automóveis subiram bastante nos últimos anos, muito acima da inflação. Se antes tínhamos, por exemplo, o carro de entrada no Brasil custando por volta de R$ 45 mil, hoje o modelo mais em conta fica na casa dos R$ 70 mil, facilmente. Mas o que explica tamanha avanço de preço em apenas 3 anos?

Logicamente, o principal acontecimento responsável pelo aumento generalizado de preços foi a crise causada pela pandemia. O evento atingiu todo o planeta e, com isso, as cadeias de fornecimento foram duramente afetadas. Toda a logística mundial precisou ser interrompida para que o fluxo de pessoas nas fábricas e nos portos não aumentasse a contaminação.

Com os portos fechados, portanto, houve o consequente desabastecimento de produtos. Alguns itens até pararam sua produção e, no caso da indústria automobilística, os artefatos necessários à produção de automóveis ficaram escassos e isso aumentou seu valor. Como consequência, o produto final que é o carro teve seu valor drasticamente elevado.

Outro ponto bastante sensível nessa discussão e que merece atenção, contudo, é o preço das commodities. Este fator influencia muito na produção dos carros, pois o aço é uma commodity que tem seu preço regulado pelo mercado internacional. Com a crise da pandemia, portanto, esses valores aumentaram bastante.

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Com o preço dos carros custando mais – e os modelos mais baratos saindo na faixa dos R$ 70 mil –, o Governo Federal resolveu lançar um pacote de medidas que buscam baratear e torná-lo mais acessível.

A ideia é estimular novamente o consumo, já que mesmo com as vendas em baixa os preços continuam subindo.

Um dos incentivos para que houvesse esse olhar para o mercado automobilístico brasileiro foi o encontro de sindicalistas e diretores do setor com o presidente da República. Na ocasião, foi entregue um estudo com diversas informações e ideias possíveis de serem implementadas e que ajudam a esvaziar o estoque dos pátios, que hoje estão cheios.

Entre as medidas sugeridas pelo estudo, estava exatamente promover o chamado “carro popular”. Ele custaria algo entre R$ 50 e R$ 60 mil, a depender do modelo.

E para que ele fosse acessível à população, o estudo também previa a concessão de linhas de crédito com prazo mais estendido, com um possível subsídio dos juros.

O estudo também contemplava um item fundamental para a redução no preço final dos carros: a nacionalização de um número de peças ainda maior.

Essa medida, além de tornar o preço mais em conta, também reduziria a quantidade de etapas para a fabricação do carro, acelerando o processo produtivo.

Renovação de frota

Outra alternativa do programa entregue ao presidente era o estímulo à renovação da frota dos veículos que operam na modalidade de transporte por aplicativo. Muitos desses carros são comprados por locadoras e alugados para pessoas que trabalham nessa profissão. Com a renovação da frota, mais carros seriam vendidos.

Por fim, existe uma ideia de implantar a descarbonização do parque de veículos brasileiros pelos próximos 12 anos e um incentivo à linha de crédito para carros elétricos, além de dar apoio para projetos nacionais. A ideia é aumentar o grau de tecnologia dos carros que rodam no Brasil ao longo do tempo no médio prazo.

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Imagem: lumen-digital / Shutterstock.com

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Como o pacote incentivará o carro popular?

Depois de anunciar que o pacote seria lançado, o governo precisou lançá-lo de fato porque houve uma parada nas compras. Todos que estavam prestes a comprar um carro esperaram as medidas, lógico. Com isso, houve um freio nas vendas.

Dessa forma, o programa acabou sendo lançado no dia 5 de junho e trouxe as “regras do jogo”. A primeira delas é que nos primeiros 15 dias, as vendas sob o programa serão destinadas apenas para pessoas físicas. Só depois disso é que as empresas poderão comprar nas mesmas condições.

Outro ponto é o prazo de validade do programa. Infelizmente ele não durará para sempre. O crédito de desconto concedido pelo Governo Federal foi de R$ 1,5 bilhão no total, sendo R$ 500 milhões para os carros de passeio. Assim que esse dinheiro acabar, o programa acaba. Ou então depois de 4 meses, o que ocorrer primeiro.

Por fim, existem os critérios para atribuir o desconto. Eles ficaram definidos em 3 critérios: eficiência energética, densidade industrial e menor preço. Assim, quanto menor o preço, maior será o desconto. 

No final das contas, o desconto será aplicado em carros com valor abaixo de R$ 120 mil e irá de R$ 2 mil até R$ 8 mil, divididos em 7 faixas diferentes. As montadoras ainda vão indicar quais serão os seus modelos que participarão do programa para que o consumidor compre os carros com esse desconto.

Que carros são os candidatos ao título de carro popular no Brasil nesse momento?

Existem alguns modelos que podem ser apontados como fortes candidatos ao título de carro popular nesse momento. Conforme o jornal Folha de S. Paulo, a maior redução de preço poderá ser vista no Renault Kwid, que já é anunciado pela montadora com o valor de R$ 58.990,00. Esse preço é R$ 10 mil mais barato com as medidas anunciadas.

Outro modelo com forte tendência de queda nos preços é o Mobi Like, da Fiat. Existe até uma mensagem da montadora em seu site dizendo que haverá uma oferta em breve com preços reduzidos. A expectativa de redução é dos atuais 68.990,00 para menos de R$ 60 mil.

Já a Volkswagen retirou os preços dos carros de sua página na internet e disse em nota à Folha que suas concessionárias estão aptas a ofertar um bônus de até R$ 5 mil nos carros. Enquanto isso, a Hyundai ofereceu uma promoção no seu modelo HB20 1.0 Sense, de R$ 82.290,00 para R$ 74.290. Um desconto de R$ 8 mil.

Por fim, existe uma alternativa que corre por fora e vem da montadora Toyota. É o Vitz, um modelo hatch que atualmente é comercializado na África por U$ 9.990,00. Se ele realmente for colocado no mercado brasileiro pela conversão direta, seu preço final ficaria por volta de R$ 50 mil, um valor bem atrativo para o mercado nacional no momento.

O que acontece com a economia após o pacote de carro popular a R$ 50 mil?

Mais do que oferecer opções mais acessíveis, o pacote do carro popular a R$ 50 mil tem outros objetivos. Estudos apontam três possíveis cenários em relação ao setor automobilístico do país, após as medidas.

No primeiro e mais otimista deles, o Brasil faria uma espécie de transição qualificada em relação à sua tecnologia de produção de autos, tornando-se um centro produtivo relevante. 

Já no segundo cenário, o Brasil poderia ficar estagnado por não adequar seu parque fabril e isso o tornaria um dos últimos centros de produção de carros movidos à combustão.

Por fim, o terceiro cenário seria o de irrelevância global, sem a inovação da cadeia produtiva e com a completa importação de veículos mais avançados tecnologicamente.

Entender o movimento de volta do carro popular de R$ 50 mil é muito importante nesse momento, principalmente se você pensa em comprar um carro atualmente.

Com a implementação de um programa dessa natureza, certamente o preço de todos os carros sofreriam uma queda, tanto de veículos novos como de carros usados – ao menos é isso que se espera.

(Com Ronaldo Araújo)

Imagem: Mikbiz/Shutterstock.com