Alta da Selic deve piorar inadimplência, aponta especialistas
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Ela serve como referência para as demais taxas de juros praticadas no país, influenciando desde empréstimos e financiamentos até investimentos e o controle da inflação.
Quando a Selic aumenta, o custo do crédito também sobe, encarecendo dívidas e desestimulando o consumo e os investimentos, o que pode ajudar a conter a inflação. Por outro lado, uma Selic mais baixa tende a estimular a economia, facilitando o acesso ao crédito.
A possível elevação da taxa Selic, prevista para ser decidida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) nos dias 17 e 18 de setembro, tem gerado preocupação entre analistas financeiros.
A expectativa do mercado aponta para um cenário de alta nos juros, o que pode impactar diretamente o nível de inadimplência no Brasil.
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Análise do Cenário Atual: Pequena Alta no Número de Inadimplentes
Apesar de um aumento modesto de 0,22% no número de inadimplentes em relação ao mês anterior, totalizando cerca de 131 mil brasileiros, especialistas alertam que esse crescimento pode se intensificar.
A variação no número de inadimplentes, mesmo que pequena, reflete um cenário já preocupante para muitas famílias que enfrentam dificuldades para arcar com suas dívidas.
O economista Luiz Rabi, da Serasa Experian, destaca que a manutenção das dívidas em níveis gerenciáveis pode estar em risco caso o Banco Central decida por um aumento da Selic.
Efeitos Potenciais do Aumento da Selic nas Dívidas
A elevação da Selic, que hoje já está em um patamar elevado, poderia tornar as dívidas mais caras, especialmente aquelas com prazos mais curtos, como o rotativo do cartão de crédito e o cheque especial. Essas modalidades de crédito, que são frequentemente usadas por pessoas que já estão com dificuldades financeiras, se tornariam ainda mais onerosas.
Luiz Rabi explica que o impacto de um possível aumento da Selic seria mais severo em um cenário de aumentos consecutivos.
“Se o Banco Central optar por uma sequência de elevações na taxa de juros, podemos esperar uma desaceleração mais acentuada da economia, o que pode levar à recessão e, consequentemente, ao aumento do desemprego”, afirma Rabi.
Planejamento Financeiro: Desafios para as Famílias Endividadas
A planejadora financeira Leticia Camargo, certificada CFP, ressalta que o aumento da Selic pode gerar um efeito cascata nas taxas de empréstimo.
Segundo Camargo, “se as taxas de juros subirem, as parcelas dos empréstimos também irão aumentar, o que pode comprometer o orçamento das famílias, levando-as à inadimplência.”
Camargo também menciona que, mesmo que a Selic não seja elevada, a situação continua desafiadora para os endividados.
“A taxa de juros já é alta no Brasil, então, manter a Selic no nível atual pode aliviar um pouco a situação, mas ainda será um grande desafio para as famílias conseguirem pagar suas contas”, destaca a especialista.
Aumento da Inadimplência: Um Cenário de Risco
A combinação de uma economia desacelerada, taxas de juros elevadas e desemprego pode criar um ambiente propício para o aumento da inadimplência. As famílias brasileiras, já pressionadas pela alta dos preços e pelo custo de vida, podem se ver em uma situação ainda mais complicada caso as previsões de aumento da Selic se concretizem.
Analistas financeiros reforçam que é essencial que as famílias mantenham um controle rigoroso sobre suas finanças, priorizando o pagamento de dívidas com juros mais altos e evitando novos endividamentos desnecessários.
A Necessidade de Planejamento Financeiro Diante da Incerteza
Em meio à expectativa de aumento da Selic, é importante que as famílias busquem alternativas para gerenciar suas dívidas de forma eficaz.
A disciplina financeira e o planejamento cuidadoso são ferramentas indispensáveis para atravessar momentos de incerteza econômica.
A prudência nas decisões financeiras pode ser a chave para evitar o agravamento da inadimplência e manter a saúde financeira em tempos de juros elevados.
Imagem: rafastockbr/Shutterstock