IBGE revela que mais pessoas usam aplicativos bancários no Brasil
A digitalização dos serviços bancários no Brasil deu um salto histórico em 2024. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20 milhões de brasileiros passaram a utilizar aplicativos de bancos e instituições financeiras pela internet em apenas um ano.
A informação faz parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua sobre Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad TIC), publicada nesta quinta-feira (24).
O levantamento mostra que 71,2% dos brasileiros usaram a internet para fins bancários em 2024, frente aos 66,7% registrados no ano anterior.
Especialistas consideram esse crescimento como um dos mais expressivos já observados na série histórica da pesquisa.
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O impacto da popularização do Pix
Um marco nas transações financeiras digitais
Um dos fatores que explicam a explosão do uso dos serviços bancários pela internet é o sucesso avassalador do Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central.
Dados do próprio BC revelam que foram realizadas 63,4 bilhões de transações via Pix em 2024, um crescimento de 52% em relação ao ano anterior. O Pix se consolidou como o instrumento de pagamento mais utilizado no país.
Facilidade e gratuidade impulsionam adesão
O apelo do Pix está em sua simplicidade: transferências em segundos, 24 horas por dia, sete dias por semana, sem tarifas para pessoas físicas. Essa conveniência eliminou a necessidade de visitar agências bancárias para grande parte dos serviços do dia a dia.
Além disso, o sistema é integrado com praticamente todos os bancos, fintechs e cooperativas, o que garante acesso abrangente, inclusive para os consumidores das classes C e D.
A transformação dos hábitos financeiros
Digitalização como regra, e não exceção
A digitalização dos hábitos financeiros dos brasileiros é confirmada por outras fontes. Segundo levantamento da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), 82% das transações bancárias realizadas no país em 2024 foram feitas por canais digitais, como apps e internet banking.
Esse percentual confirma uma tendência de transformação profunda na forma como o brasileiro lida com o dinheiro — de pagamentos a investimentos, tudo cabe agora na palma da mão.
Redução da exclusão bancária
Outro efeito colateral positivo é a redução da exclusão bancária no país. O acesso facilitado por smartphones e internet móvel permitiu a inclusão financeira de milhões de pessoas que antes estavam à margem do sistema tradicional.
Com isso, o Brasil dá um passo importante rumo à bancarização em massa, algo que por décadas foi considerado um desafio estrutural.
Compras on-line também ganham espaço
E-commerce avança mesmo após a pandemia
A pesquisa do IBGE também mostra que o uso da internet para compras de bens e serviços cresceu de 44,7% em 2023 para 48,1% em 2024. Ou seja, quase metade dos usuários da rede no país já faz compras on-line regularmente.
O hábito, que se intensificou durante a pandemia de Covid-19, continua ganhando força mesmo com o retorno da atividade presencial ao varejo tradicional.
Reflexos no setor comercial e no varejo
Essa mudança de comportamento impacta diretamente o comércio brasileiro, que tem se adaptado com rapidez. Mais lojas passaram a operar também como e-commerces ou via marketplaces, aproveitando o crescimento do número de usuários que compram pelo celular ou computador.
Além disso, plataformas de entrega e pagamento digital se tornaram indispensáveis para pequenos e médios empresários, ampliando a competitividade de quem está fora dos grandes centros.
Outros usos da internet também crescem
Serviços públicos digitais avançam com Gov.br
Além dos serviços bancários e das compras on-line, o uso da internet para acessar serviços públicos também apresentou crescimento relevante: passou de 35,9% em 2023 para 38,8% em 2024.
Boa parte desse avanço é atribuída ao fortalecimento da plataforma Gov.br, que hoje concentra centenas de serviços federais, estaduais e municipais, de emissão de documentos à consulta de benefícios.
Leitura digital se mantém estável
A pesquisa mostra que 68,9% dos usuários usam a internet para ler notícias, livros ou revistas, um número praticamente estável em relação a 2023 (69%). Isso evidencia que a leitura digital se consolidou, mesmo com a ascensão de conteúdos audiovisuais e redes sociais.
Comunicação ainda lidera o uso da internet
Apesar do crescimento do uso da internet para finalidades mais complexas, os recursos de comunicação continuam no topo da lista: 95% dos entrevistados utilizam chamadas de voz ou vídeo, e 90,2% enviam mensagens por texto, áudio ou imagem por meio de aplicativos.
Essa prevalência mostra como a internet ainda é, para a maioria, uma ferramenta de relacionamento e conexão interpessoal, mesmo em meio à expansão dos serviços digitais.
Desafios da conectividade e da inclusão digital
Acesso desigual à internet
Apesar do avanço generalizado, o acesso à internet ainda não é plenamente universal no Brasil. Em áreas rurais e nas regiões Norte e Nordeste, a qualidade do sinal, o preço da conexão e a falta de infraestrutura ainda são obstáculos para milhões de brasileiros.
A popularização dos serviços digitais também impõe o desafio de letramento digital, especialmente entre idosos e pessoas com baixa escolaridade.
Segurança digital em pauta
Outro ponto de atenção é a segurança nas transações digitais. Com o crescimento das operações financeiras on-line, crescem também os riscos de golpes, fraudes e vazamentos de dados.
Órgãos como o Banco Central, Febraban e o próprio IBGE têm alertado para a necessidade de campanhas de conscientização sobre uso seguro de senhas, autenticação em dois fatores e verificação de fontes confiáveis.
Brasil caminha para uma sociedade digital
Transformação digital como motor de inclusão
O crescimento do uso de aplicativos bancários e compras on-line reflete mais do que uma tendência: aponta para uma transformação estrutural na forma como os brasileiros vivem, trabalham e se relacionam com o Estado e com o mercado.
Essa nova realidade exige políticas públicas voltadas à inclusão digital, educação tecnológica e investimento em conectividade, sobretudo nas regiões menos desenvolvidas.
O papel da tecnologia no futuro do país
Para especialistas, a tecnologia é hoje um dos principais vetores de desenvolvimento econômico e social. E o Brasil, apesar dos desafios, tem dado sinais de que pode se tornar um exemplo em soluções digitais voltadas à inclusão, acessibilidade e eficiência.
A digitalização do sistema bancário, a popularização do Pix, o crescimento do e-commerce e o uso crescente dos serviços públicos on-line são evidências concretas de um país em transição para o mundo digital.
Conclusão: uma revolução silenciosa, mas profunda
A explosão do uso de aplicativos bancários no Brasil, revelada pelo IBGE, não é um fenômeno isolado. Ela está inserida em um movimento mais amplo de transformação da sociedade brasileira, que passa pela tecnologia, pela conectividade e pelo acesso aos serviços digitais.
Em apenas um ano, 20 milhões de pessoas passaram a usar serviços bancários on-line, demonstrando que a digitalização é irreversível — e que seus impactos vão muito além das telas dos smartphones.
Agora, o desafio é garantir que essa transformação seja inclusiva, segura e sustentável, garantindo que todos os brasileiros possam se beneficiar das oportunidades do mundo digital.