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Conheça a Light, companhia de energia elétrica do Rio de Janeiro

A empresa possui uma infraestrutura bastante ampla e complexa, atuando em três frentes: geração, transmissão e distribuição de energia.

A Light é uma companhia privada que oferece serviços de geração, distribuição, comercialização e soluções de energia elétrica para 31 municípios fluminenses, abrangendo cerca de 10 milhões de habitantes. 

Com sede no Rio de Janeiro, a origem da companhia remonta a 1899, quando a São Paulo Tramway, Light and Power Company foi fundada em Toronto, no Canadá. 

Pouco tempo depois, por meio de decreto do presidente Campos Sales, iniciou atividade no Brasil, com a construção da Usina Hidrelétrica Parnaíba, completada em 1901.

Muitas décadas depois, em 1981, o governo de São Paulo adquiriu parte da Light, dando origem à Eletropaulo. Já a parte do Rio ficou sob a administração da Eletrobrás, responsável pelo abastecimento de energia na região.

Em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso, o programa federal de desestatização foi responsável por promover a privatização da Light, por meio de leilão na extinta bolsa de valores do Rio de Janeiro.

Assim, a Light é uma empresa de capital aberto. Ou seja, a empresa tem ações negociadas na bolsa de valores, por meio do código LIGT3.

Além disso, ela faz parte do índice de sustentabilidade empresarial da B3, sendo considerada uma das empresas mais importantes e respeitadas do setor elétrico brasileiro.

Serviços oferecidos pela Light

A empresa possui uma infraestrutura bastante ampla e complexa, atuando em três frentes: geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. 

A geração de energia é o processo de produção de energia elétrica a partir de diversas fontes, como hidrelétricas, termelétricas, eólicas, solares, entre outras.

No caso da Light, a empresa gera energia principalmente por meio de usinas hidrelétricas, que aproveitam a energia da água para gerar eletricidade. A empresa também possui usinas termelétricas, que utilizam a queima de combustíveis fósseis, como o gás natural, para gerar energia. A companhia ainda opera um parque gerador próprio, com uma capacidade instalada de 873 MW. 

Além de gerar energia, a Light também atua no segmento de transmissão de energia elétrica. Isso significa que a companhia oferece o processo de transporte da energia elétrica gerada até os locais onde ela será distribuída para os consumidores.

Possui linhas de transmissão de alta tensão que ligam as usinas geradoras de energia a subestações, responsáveis por transformar energia em tensões adequadas à distribuição. Essas subestações, por sua vez, distribuem a energia para as redes de distribuição que levam a eletricidade até as residências, empresas e instituições públicas.

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Distribuição de energia

Por fim, atua com distribuição de energia elétrica, sendo responsável por levar energia elétrica aos consumidores finais, como residências, empresas e instituições públicas.

A distribuição de energia elétrica é realizada por meio de uma rede composta por cabos, postes e transformadores que levam a energia elétrica até o ponto de consumo. No caso, as casas e apartamentos das pessoas.

A Light distribui energia para cerca de 4,3 milhões de consumidores. A concessão inclui a região metropolitana do Rio de Janeiro, localizada no estado com 2º maior PIB do país. 

Vale destacar que a empresa também está engajada em projetos de eficiência energética e sustentabilidade, buscando reduzir o impacto ambiental de suas atividades e promover o desenvolvimento sustentável da região em que atua.

conta de energia elétrica
Imagem: Sunshine Studio / Shutterstock.com

Inadimplência e ligações clandestinas

A inadimplência e as ligações clandestinas, porém, configuram um dos principais problemas enfrentados pela Light. Isso porque elas sobrecarregam o sistema elétrico, o que pode causar interrupções no fornecimento de energia e até mesmo acidentes graves.

Além disso, quando há um aumento na inadimplência e nas ligações clandestinas, a Light é obrigada a aumentar as tarifas para compensar as perdas, o que afeta diretamente os clientes que pagam suas contas em dia.

De acordo com o Procon Carioca, no primeiro semestre de 2022, a Light liderou o topo do ranking das 20 empresas mais reclamadas pelos consumidores.

Não é de hoje que a companhia sofre com o furto de energia, popularmente conhecido como “gato”. 

O furto de energia é uma prática ilegal em que consumidores usam artifícios para desviar a energia elétrica do medidor, não registrando o consumo real. Isso prejudica a empresa pois ela deixa de receber o valor correspondente ao consumo de energia que foi desviado.

Segundo dados da Light, o nível de perda de energia fornecido em comunidades é de 80%. Por ano, a companhia estima um prejuízo aproximado de R$ 600 milhões com os furtos de energia cometidos na sua área de concessão. 

Assim, o furto de energia elétrica afeta diretamente as receitas da empresa, que precisa arcar com os custos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, mas não recebe o valor correspondente ao consumo real.

Cabe destacar que a principal fonte de receita da Light vem do seu segmento de distribuição de energia.

Nesse contexto, a queda na arrecadação vem comprometendo o funcionamento da companhia, que já não consegue pagar pelos custos de produção e distribuição da energia elétrica.

Prova disso, são os resultados financeiros da Light. Um dos mais importantes, de dívida líquida, somou R$ 8,7 bilhões no 3º trimestre.

Problemas na Light acende alerta sobre o futuro da companhia

A empresa não apenas está tendo que lidar com a preocupante situação financeira em que se encontra, mas também está perto de perder sua concessão de distribuição de energia, que expira em 2026.

A concessão é um contrato que permite que a Light opere na distribuição de energia elétrica em uma determinada região por um período de tempo determinado. Quando essa concessão está perto do fim, é necessário renovar o contrato para que a empresa continue operando na região.

No entanto, para que a concessão da Light seja renovada, a empresa deve cumprir diversos requisitos e critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Entre eles, a companhia precisa estar com a saúde financeira em dia, o que pode não se aplicar para o caso da Light atualmente. A empresa já comunicou a ANEEL que não tem caixa para sustentar suas operações.

Reestruturação

Nesse contexto difícil, a Light contratou no final de janeiro a Laplace Finanças para assessorar a companhia na análise de estratégias financeiras. O objetivo principal é apresentar melhorias na estrutura de capital da Light.

A notícia acendeu o alerta na Fitch, uma das maiores agências de risco do mundo, que rebaixou a avaliação da Light de ‘BB-‘ para ‘CCC+’, um nível próximo ao calote, de acordo com a escala da agência.

Além disso, um outro fator também chamou a atenção do mercado. Um dos maiores acionistas da Light também está envolvido na crise das Lojas Americanas, que estourou recentemente. Trata-se de Beto Sicupira, empresário conhecido por suas atividades no setor financeiro e de investimentos.

Em 2004, Sucupira e seus sócios Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles fundaram a 3G Capital, uma empresa que concentra investimentos em empresas de diversos setores, como Ambev, dona da Brahma, Skol e Antarctica, além do Burger King e das marca de alimentos Kraft Heinz.

Sucupira, que é um dos principais acionistas, tem mais de 10% das ações da Light. O empresário fica atrás apenas do fundo Samambaia, de Ronaldo Cezar Coelho.

Saiba mais:

Ações da empresa na bolsa

Em 2020, quando esses nomes de peso no mercado entraram no capital da Light, tudo indicava que a empresa estava entrando em um novo e promissor período. As ações responderam às expectativas e alcançaram a marca próxima dos R$ 24 no mês de janeiro de 2021.

No entanto, desde então as ações recuaram de preço. Veja abaixo:

açoes light
Fonte: Google

Portanto, mesmo com todo peso dos acionistas, houve saída de investidores, derrubando o preço das ações.

Assim, apenas nos últimos 12 meses, encerrados no final de março de 2023, as ações da Light recuaram cerca de 75%. Sendo assim, seu valor de mercado foi drasticamente reduzido a cerca de R$ 1,2 bilhão.

Mais do que um investimento, a sobrevivência e o gerenciamento correto da Light diz respeito ao cotidiano de milhares de moradores do Rio de Janeiro. Daí vem sua importância: a boa prestação do serviço de energia elétrica.