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CVC: Saiba a história da maior agência de viagens do Brasil

Com 50 anos de atividade, a empresa sofreu os impactos da pandemia, mas segue como a maior do setor no país.

A CVC, uma das maiores empresas de viagens do Brasil, foi fundada em 1972, por Guilherme Paulus e Carlos Vicente Cerchiari. Na época sua área de atuação era pequena e a agência organizava grupos de viagens para os grêmios de funcionários das empresas da região do ABC paulista (SP).

Com o passar dos anos a CVC se expandiu para outras regiões e começou a oferecer uma ampla gama de produtos e serviços relacionados a viagens.

Nesse contexto, pacotes turísticos nacionais e internacionais, que incluíam passagens aéreas, hospedagem, transporte terrestre, passeios turísticos e outras atividades passaram a ser ofertados a seus clientes.

Para que tudo isso fosse possível, a CVC criou parcerias com várias empresas de turismo. Entre elas, estavam companhias aéreas, hotéis e empresas de aluguel de carros – tudo isso pensando em fornecer um serviço completo para seus clientes.

Nos últimos anos a empresa passou por algumas mudanças de propriedade e, em 2019, foi adquirida pela empresa de private equity, Carlyle Group.

Atualmente, a CVC possui mais de 1.200 lojas em todo o Brasil, além de operações em outros países da América Latina.

Impactos da pandemia na CVC

Um episódio importante para a empresa foi o da Covid-19. A pandemia do coronavírus impactou de forma intensa o segmento de turismo no Brasil e no mundo. Isso aconteceu porque, para evitar a propagação do vírus, muitos países restringiram a entrada de turistas ao fecharem suas fronteiras.

Com isso, as pessoas foram impedidas de viajar e as agências de turismo tiveram uma redução significativa nas suas vendas. O mesmo aconteceu com companhias aéreas, que tiveram que cancelar muitos voos, e hotéis e resorts, que cancelaram praticamente todas as reservas.

De acordo com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), o setor de turismo teve uma queda de cerca de 66% em faturamento em 2020 em comparação com o ano anterior. Além disso, o número de passageiros transportados caiu pela metade, de 6,5 milhões em 2019 para 3,3 milhões em 2020. 

A crise causada pela pandemia também refletiu sobre o emprego no setor, que perdeu, conforme o levantamento, 2,7 milhões de postos de trabalho em 2020.

Cancelamentos

No caso da CVC, a companhia teve que cancelar muitas viagens e pacotes turísticos devido às restrições de locomoção. Ao mesmo tempo, muitos clientes pediram o reembolso das viagens que haviam comprado, o que gerou um impacto financeiro muito grande no caixa da empresa.

Como resultado, a CVC enfrentou desafios financeiros significativos, com uma queda acentuada nas vendas e demais operações da empresa.

Nesse contexto, a empresa viu o lucro cair de mais de R$ 2,5 bilhões em 2019 para aproximadamente R$ 200 milhões em 2020. Já em 2021, no meio de um turbilhão, registrou prejuízo de R$ 486,7 milhões.

No entanto, a empresa tomou medidas para reduzir seus custos e preservar sua liquidez, incluindo o adiamento de pagamentos a fornecedores e a redução de despesas. 

A CVC também lançou novos produtos e serviços para atender às necessidades dos clientes durante a pandemia, como pacotes de viagens para destinos próximos e programas de viagens mais flexíveis.

Panorama atual e perspectivas para o futuro

Em 2022, o prejuízo registrado na CVC foi de R$ 433,4 milhões, 10,9% inferior ao reportado em 2021. Apesar de uma leve melhora em relação ao ano anterior, a companhia segue pressionada por dívidas que precisam ser renegociadas. 

O problema se agrava pela capacidade reduzida da companhia em gerar caixa. Ou seja, o dinheiro que a empresa ganha com seus serviços não consegue cobrir completamente as suas despesas. Apesar dos desafios enfrentados, a CVC tem tomado medidas para se adaptar à situação.

Em junho de 2022, por exemplo, a companhia captou R$ 402,8 milhões com a oferta de 52 milhões de ações para estruturar o capital e fortalecer o caixa.

Repetir esta estratégia pode ser uma solução para a empresa assim como buscar outras fontes de financiamento, como captar recursos de terceiros.

Em março, a CVC confirmou que está negociando junto a credores uma reestruturação de sua dívida em um acerto que envolve até R$ 900 milhões em débitos. Isso deve gerar umas redução da dívida e um alívio financeiro.

Conforme relatou a CVC, a reestruturação envolve adiamento de prazos de vencimento dos títulos para 3 anos e 6 meses e amortização de 10% a 20% do saldo devedor, além de pagamento de juros.

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CVC na Bolsa de Valores

A CVC foi a primeira operadora de viagens do Brasil listada na na B3, a bolsa de valores brasileira. Isso aconteceu em 2013.

A empresa está registrada com o código CVCB3 e faz parte do segmento de empresas de turismo. 

Nos últimos cinco anos, porém, as ações da CVC apresentaram um desempenho bastante volátil na Bolsa, com uma queda superior a 90%.

Fonte: Google

Em meados de 2018, as ações da CVC estavam sendo negociadas em torno de R$ 40,00 por ação e tiveram um crescimento até 2019, quando atingiram o pico histórico de quase R$ 60,00 por ação.

No entanto, ainda em 2019, a empresa começou a enfrentar alguns desafios e isso levou a uma queda no valor das ações, que voltaram a ser negociadas na casa dos R$ 40,00 por ação.

Em 2020, a pandemia impactou o setor de turismo e, consequentemente, o preço das ações da CVC. 

Além dos temores sobre o surto de coronavírus, as ações sofreram com as notícias sobre erros publicados no balanço de 2015 a 2019. Contribui também para a queda a máxima histórica do dólar (fator que influencia diretamente nas vendas de viagens para o exterior). 

Nesse cenário, portanto, as ações despencaram de mais de R$ 40,00 em janeiro para menos de R$ 5,00 em março, uma queda de mais de 85% em apenas alguns meses. 

Desde então, as ações da CVC seguem em viés de queda, sendo negociadas a um valor significativamente menor do que antes da pandemia.

Números da CVC

Apesar dos problemas, é inegável que a empresa é uma gigante do setor, que pode se recuperar dos impactos negativos recentes.

Ao final de 2022, a empresa contava com 14 mil agentes independentes atendidos; R$ 13,9 bilhões em reservas confirmadas no ano e mais de 2,7 mil colaboradores no Brasil e na Argentina.