Seu Crédito Digital
O Seu Crédito Digital é um portal de conteúdo em finanças, com atualizações sobre crédito, cartões de crédito, bancos e fintechs.

A distorção dos lucros corporativos das empresas listadas na NYSE

A distorção nos lucros corporativos veem causando na bolsa Americana (NYSE), o principal e maior mercado mobiliário do mundo, uma subida vertical nos preços dos ativos. Em contrapartida, não há  indicadores fundamentalistas para essa alta. Dessa forma, os investidores continuam a pagar altos preços de entrada pelos investimentos, mas será que existe alguma racionalidade nessa espécie de rally pronlongado? 

É provável que você goste também: 

Como simular e solicitar um empréstimo pessoal na Losango

Leilão de imóveis do Bradesco conta com lances a partir de R$ 59 mil

LIVE: Banco Inter atinge a marca de R$ 1 bilhão no CDB Mais Limite de Crédito 

A distorção nos lucros corporativos

A Forbes publicou uma matéria no dia 4 de março que compara o atual cenário com a crise do PontoCom. Esta, por sua vez, ocorrida no final da década de 90, envolvia altas nas ações de empresas ligadas a internet; mercado esse, ainda incipiente naquela época, sem muito lastros fundamentalistas nos marcadores das companhias.  

Segue abaixo um trecho da matéria falando sobre a crise PontoCom:

Companhias sem receitas, sem lucros e, as vezes, montanhas de dívidas, dispararam seu preço quando, na realidade, não garantiam e não poderiam garantir suas avaliações em centenas de milhões e bilhões de dólares.”

Em primeiro lugar, faz sentido comparar os dois momentos? Anteriormente, a crise da internet no final da década de 1990 aconteceu por uma má avaliação do mercado sobre o possível potencial de ganhos nos negócios envolvidos no meio virtual. Todavia, esse otimismo exacerbado acabou gerando uma inflação nos preços dos ativos, o que já era bastante evidente mesmo antes do estouro da bolha. 

Com tal afirmação feita sobre a crise passada e comparando com o cenário atual, há motivos para os investidores ficarem ressabiados com a situação. As semelhanças sem dúvida preocupam muito. 

Cenário Atual

Hoje, das 1500 maiores empresas em valor de mercado nos Estado Unidos, 200 delas não realizam lucro há pelo menos 3 anos. É o que evidência o index criado pela Goldman Sachs (grupo financeiro com sede em Nova York que possui mais de 2 trilhões de dólares sob custódia).  

O index é composto apenas de empresas não lucrativas e mostra um exponencial crescimento do preço de suas ações. Nele, é possível notar um modesto crescimento entre 2015 e 2020, porém, a partir do ultimo ano até o momento de hoje, a cesta já subiu mais de 500%; ultrapassando, e muito, o indice S&P500, que subiu no mesmo período cerca de 75%. 

Qual é o porquê dessa distorção nos lucros?

Contudo, a pergunta mais certa a se fazer é: por que os investidores de Wall Street estão avaliando empresas não lucrativas com um preço tão alto?  

Uma possível resposta ao caso seria a aposta de dias melhores para a economia, em decorrência do combate, até o momento, bem realizado ao coronavírus no país. Contudo, mesmo sob tal perspectiva, é difícil acreditar em um cenário onde um crescimento econômico consiga equiparar o valor dos papéis aos preços praticados no momento.  

Do mesmo modo, outra forma de explicar o evento seria assumir que o lucro por ação dessas empresas demonstra constante crescimento durante a última década. No entanto, a análise é falha nesse ponto. É essencial levar em consideração que a dívida corporativa vem crescendo vertiginosamente no mesmo período, e que grande parte da receita adquirida tem sido gasta com recompra de papéis pelas próprias companhias. Tal movimento suaviza o indicador lucro/ação, pois diminui o número de ações envolvidas no cálculo.  

Assim também, um dos pontos que reforçam essa abordagem seria a injeção de dinheiro nas empresas pelo FED (Banco Central Americano), que bateu e continua batendo recordes a cada mês.  

Com Crédito abundante, companhias que antes teriam dificuldades de financiar mais dívidas têm a oportunidade de realizar a operação e, com o dinheiro arrecado, recomprar suas ações.  

Além disso, as empresas estão realizando outros artifícios contábeis para disfarçar o seu poder de compra e seus indicadores. Nesse contexto, com algumas alterações na métrica de ganhos realizados, é nítida uma diferença gritante entre os ganhos reportados e a realidade econômica dessas companhias. 

Dessa forma, todas as empresas que compõe o índice possuem ROA (Retorno sobre Ativos) negativo, algumas abaixo de –50%. 

Consequências 

Contudo, esse movimento acaba gerando dois fatores que podem acarretar numa derrocada tão rápida e vertical quanto foi a subida.  

Primeiramente, a criação de papéis de dívidas que, a priori, não deveriam existir, pois as empresas não teriam credibilidade suficiente para realizar o crédito em um cenário normal de mercado. O que, em última análise, acaba gerando títulos de dividas com garantias fracas.  

Todavia, somente por esse escopo já seria preocupante a situação vivida atualmente. Da mesma forma que ocorreu em 2008, uma recessão poderia ser iniciada a partir desses títulos insustentáveis a longo prazo. 

O segundo fator seria mais subjetivo, mas igualmente preocupante. Em resumo, a alocação de recursos nessas recompras de papéis e injeções de liquidez poderia estar sendo feita em outros setores da economia, de forma mais produtiva e sustentável.  

Em síntese, existe hoje uma grande diferença entre a expectativa otimista do mercado em ganhos futuros nessas empresas com a realidade apresentada. No entanto, já começa a ficar claro que tais lucros não se realizaram a médio e longo prazo e que, provavelmente, uma bolha está sendo formada, novamente, na maior economia do mundo.  

Enfim, quer ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo das finanças? 

Assim, é só seguir o Seu Crédito Digital no YouTubeFacebookTwitterInstagram e Twitch. Contudo, você vai acompanhar tudo sobre bancos digitais, cartões de créditoempréstimos etc. Siga a gente para saber mais! 

Imagem: EDSON DE SOUZA NASCIMENTO / shutterstock.com