‘FGTS Futuro’: financiamento imobiliário lançado em abril ainda não engrenou
O “FGTS Futuro” foi introduzido como uma inovadora modalidade de financiamento imobiliário no Brasil, visando facilitar o acesso à casa própria para famílias de baixa renda.
Embora tenha sido regulamentado pela Caixa Econômica Federal e lançado em abril de 2024, a adesão tem sido bem abaixo do esperado.
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O Conceito do FGTS Futuro
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um direito trabalhista no Brasil que visa proteger o trabalhador em caso de demissão sem justa causa, aposentadoria, ou em outras situações previstas por lei.
É uma conta vinculada que o empregador deve manter em nome do empregado, depositando mensalmente um valor correspondente a 8% do salário bruto do trabalhador. Os recursos do FGTS podem ser utilizados para a compra da casa própria, amortização de dívidas habitacionais e em casos de emergência, como doenças graves ou desastres naturais.
O “FGTS Futuro” permite que trabalhadores utilizem recursos que ainda serão depositados em suas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para complementar financiamentos habitacionais.
Esta modalidade está disponível exclusivamente para pessoas com renda de até R$ 2,6 mil, enquadradas na faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
Objetivo e Expectativas
O principal objetivo é ampliar o poder de compra da população de baixa renda, com a expectativa de beneficiar cerca de 60 mil famílias anualmente, segundo o Ministério das Cidades.
A expectativa inicial era de que a nova modalidade contribuísse significativamente para o aumento de contratos de financiamento dentro da faixa 1 do MCMV.
Desempenho Abaixo do Esperado
Apesar das altas expectativas, os números demonstram um desempenho aquém do esperado. Desde o lançamento, a Caixa Econômica Federal registrou apenas 376 contratos utilizando o FGTS Futuro, somando R$ 3,7 milhões em empréstimos.
Em contraste, o total de operações na faixa 1 do MCMV neste ano chegou a 124,7 mil contratos, movimentando R$ 20,9 bilhões.
Motivos da Baixa Adoção
A vice-presidente de Habitação da Caixa, Inês Magalhães, revelou que o baixo número de contratos motivou uma investigação interna para identificar os fatores que podem estar limitando a adoção da modalidade.
Em entrevista ao Broadcast, Magalhães sugeriu que a falta de entendimento sobre o funcionamento do FGTS Futuro pode ser um dos problemas.
“Acho que as pessoas não entenderam muito bem como funciona, e quem está vendendo pode não estar conseguindo explicar corretamente”, comentou.
Processo de Contratação e Riscos Associados
No processo de contratação, a Caixa deve informar ao trabalhador sobre sua capacidade de pagamento, tanto com quanto sem o uso dos depósitos futuros.
Caso o trabalhador opte por utilizar o FGTS Futuro, os valores serão bloqueados na conta vinculada até que o saldo devedor seja totalmente quitado.
É importante notar que a escolha por usar o FGTS Futuro deve ser feita no momento da contratação, não sendo possível aderir a esta opção posteriormente.
Riscos da Modalidade
Apesar das vantagens, o FGTS Futuro também apresenta riscos. Um dos principais é a possibilidade de perda do vínculo empregatício, o que pode levar o trabalhador a enfrentar dificuldades financeiras, uma vez que terá que pagar parcelas maiores do que inicialmente previsto.
Esse cenário pode comprometer o orçamento doméstico e tornar a modalidade menos atraente para alguns trabalhadores.
Desafios do Programa
Embora o “FGTS Futuro” tenha sido desenvolvido para facilitar o acesso à casa própria para a população de menor renda, seu baixo desempenho até agora indica que há desafios significativos a serem superados.
A falta de compreensão sobre a modalidade e possíveis dificuldades na comunicação dos benefícios e riscos são questões que precisam ser abordadas para que o programa possa alcançar seus objetivos e beneficiar um número maior de famílias.
A continuidade da análise sobre a efetividade do FGTS Futuro e a implementação de medidas para melhorar a adesão serão fundamentais para determinar o futuro dessa modalidade de financiamento imobiliário.
Imagem: Pickadook / shutterstock.com – Edição: Seu Crédito Digital