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Inadimplência sobe 58% em apenas 1 ano e bancos preveem ‘longo inverno’

Segundo o Banco Central, a taxa média de juros do crédito para pessoas físicas está chegando em 40%, o valor mais alto desde 2017.

Os brasileiros estão apresentando dificuldades em pagar suas dívidas. Segundo os dados do BC (Banco Central), a taxa média de juros do crédito para pessoas físicas está chegando em 40%, o valor mais alto desde 2017, quando o Brasil estava passando por uma crise econômica grave.

O fator mais preocupante é que, em apenas um ano, a inadimplência teve um disparo e atingiu a taxa de 58%. O que liga o momento atual e o quadro de cinco anos atrás é a Selic. Ela atualmente está com a taxa básica de juros em 13,75%, cenário que o país já tinha superado em fevereiro de 2017. 

Juros altos 

De 2017 para cá, os juros básicos despencaram 2%, porém um repique da inflação no início do ano passado fez com que o BC elevasse a Selic novamente. O país saiu da menor taxa da história para 13,75% nos dias atuais. 

Sendo assim, os juros altos não são uma novidade para o Brasil. O analista da Inv, João Abdouni, ponderou que agora não tem tanta certeza de que os juros devem cair logo.

A duração do período de juros altos é um assunto sensível para as instituições, já que, quanto mais caro o crédito é, maiores são as chances dos devedores não conseguirem pagar os seus débitos. Os bancos reconhecem o risco, e por isso costumam reduzir os financiamentos quando os juros estão em alta. 

O analista Abdouni ainda prevê que o Nubank e outras instituições digitais passarão por um longo inverno nos próximos meses, principalmente se os juros levarem mais tempo para cair. 

Recorde de inadimplência

A disparada da inflação fez com que muitas famílias brasileiras usassem o crédito para pagar dívidas do cotidiano. O saldo da carteira de crédito para pessoas físicas aumentou quase 20% em um período de um ano. As contas no cartão de crédito aumentaram ainda mais, 36% entre outubro de 2021 e outubro de 2022.

Segundo os dados do BC, a cada 100 linhas de crédito disponibilizadas, 4 encontram-se vencidas há ao menos 15 dias. A inadimplência da carteira de crédito ficou “mascarada” por conta do crescimento do setor. 

No mês passado, as ações do Bradesco tiveram uma queda de 17% em apenas um único dia, marcando a pior perda diária desde 1998. 

Se a inadimplência dói no bolso dos grandes bancos, os bancos de porte médio e as fintechs podem ser ainda mais prejudicados, especificamente os que possuem maior exposição à carteira de pessoas físicas e a clientes com renda baixa. 

Imagem: SB Arts Media / shutterstock.com