Instituições oferecem orientação financeira dentro das empresas
Uma ajudinha para sair do vermelho: conforme uma pesquisa da Você S/A, feita com 150 empresas, 75% delas oferece algum tipo de orientação financeira aos colaboradores. O aconselhamento e o suporte para o planejamento estão nas ações de 41% delas. No Brasil, essa estratégia se mostra muito importante, afinal seis em cada dez famílias têm dívidas no país, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Esse é o terceiro maior índice desde 2010, quando esse tipo de levantamento passou a ser feito.
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O país ocupa a 74a posição entre os 144 que fazem parte do ranking global que avalia o nível de educação financeira, feito pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s.
Dívidas afetam a saúde mental e a produtividade no trabalho
Esse alto índice de dívidas sem dúvida o equilíbrio emocional dos endividados e a performance no trabalho. De acordo com uma pesquisa realizada pela Salary Finance, no Reino Unido, os problemas com dívida diminuem a produtividade no trabalho em até 15%.
Ricardo Rocha, professor de finanças no Insper, comentou em entrevista à revista Você S/A que no país “há casos de famílias com renda de R$ 6 mil e cartões com limites mensais que somam R$ 20 mil; há pessoas que usam o cartão de uma bandeira para pagar o de outra; e há quem tenha poupança e mesmo assim utilize o limite do especial”.
Um exemplo de iniciativa positiva citado pela Você S/A é a empresa farmacêutica MSD, que oferece diversos recursos para os funcionários. Exemplos deles são a orientação financeira, jurídica e psicológica. Isso faz parte de um programa global da empresa chamado Resources for Living. São conteúdos disponíveis 24 horas para os funcionários, além de conversas por vídeo ou presenciais para resolver questões dos colaboradores.
Iniciativas de orientação financeira surgem no Brasil
Orientar pessoas financeiramente tem se tornado cada vez mais um serviço oferecido por profissionais da área financeira do empreendedorismo. Exemplo disso é que, no ano passado, um grupo de executivas se uniu para oferecer formação financeira a 60 jovens universitárias. Estavam no projeto a presidente do conselho consultivo do Goldman Sachs no Brasil, Maria Silvia Bastos Marques, e as CEOs do banco Paribas (Sandrine Ferdane), do UBS Brasil (Sylvia Brasil Coutinho), e do Deutsche Bank (Maitê Leite). As aulas ocorreram presencialmente em São Paulo no ano passado, sem custos para as estudantes.
Para as mulheres, o foco dos treinamentos e orientações acaba sendo sobretudo a autoconfiança e a eliminação das crenças de que o mundo financeiro e de investimentos é para os homens. Em cargos de gestão, por exemplo, somente 38% dos profissionais são mulheres, de acordo com o IBGE.
O banco BTG Pactual, também em 2019, no mês de julho, realizou um treinamento para mulheres universitárias em sua sede em São Paulo. As selecionadas para participar receberam os treinamentos e um mês de estágio na instituição. “A iniciativa estimula o público feminino a expandir conhecimento sobre o setor e a ingressar neste mercado”, disse na época Mateus Carneiro, sócio responsável pelo RH.
Quem também segue essa linha é a youtuber Nathalia Arcuri, que fala principalmente para mulheres sobre investimentos e economia do dia-a-dia. Nathalia, além dos vídeos no canal Me Poupe, com mais de 4 milhões de inscritos, promove também um curso online.
Mentoria financeira como um serviço
A orientação também vai sendo incorporada aos serviços de empresas da área financeira. A fintech Rebel anunciou em fevereiro que oferecerá mentoria aos seus clientes que obtiverem um baixo score na pontuação feita pela plataforma da empresa.
Serão enviados conteúdos via WhatsApp, com tarefas que os clientes precisarão cumprir para aumentar seu controle financeiro e melhorar a pontuação. Estão nos planos da Rebel também workshops presenciais, sejam em grupo ou individuais. “Pegamos as pessoas pela mão para ajudá-las a sair do endividamento e usar os recursos de maneira inteligente”, disse em entrevista Rafael Pereira, presidente da empresa.
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Imagem: Valery Evlakhov, via Shutterstock.
