Petrobras: empresa sabia sobre casos de abuso sexual internamente
A Petrobras sabia dos casos de assédio sexual há 6 meses, mas só tomou providências após o Ministério Público denunciar. Entenda o caso.
A Petrobras sabia dos casos de assédio sexual que aconteceram no Centro de Pesquisas (Cenpes) da empresa, no Rio de Janeiro. Contudo, após investigação interna, concluiu que não tinha provas suficientes e arquivou o caso. Depois, o Ministério Público (MP) carioca denunciou o autor das agressões.
Cristiano Medeiros de Souza, ex-funcionário da empresa, só foi demitido após a intervenção do MP. Ele foi acusado de assediar três mulheres que trabalhavam na faxina do local e eram de uma empresa terceirizada. Após o caso, uma delas pediu demissão.
Em suma, a ouvidoria, o departamento de recursos humanos e a gerência do Cenpes sabiam do caso que aconteceu em setembro de 2022.
Petrobras recebeu ofício do sindicato da categoria em novembro
O Sindicato dos Petroleiros do Rio (Sindipetro-RJ) enviou um ofício à Petrobras em 07 de novembro de 2022, informando sobre o caso. No documento, o sindicato informava que quatro mulheres tinham sofrido assédio sexual e uma era vítima de estupro dentro do Cenpes.
Todas as acusações eram contra Cristiano. O documento ainda cobrava celeridade na apuração das denúncias, uma vez que já havia 2 meses que a empresa estava ciente dos casos. O documento também ressaltava que o descaso do acusado com as vítimas poderia ser um sinal de alerta de novos casos.
Contudo, em 2023, numa reunião com os representantes do sindicato, defesa das vítimas e defesa da Petrobras, a empresa informou que não tinha provas suficientes para punir Cristiano. Por esse motivo, arquivou o caso sem nenhuma punição ao agressor.
MP denuncia Cristiano
Em março de 2023, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou Cristiano por assédio e importunação sexual. Segundo a denúncia, o agressor esfregou seu pênis nas nádegas das funcionárias. Além disso, também balançava seu crachá afim de constrangê-las.
Grupo de trabalho
Após a repercussão do caso, na última segunda-feira, 03 de abril de 2023, a Petrobras anunciou que montou um grupo de trabalho focado em reestruturar os procedimentos internos nas tratativas desse tipo de denúncia.
A previsão é de que o grupo conclua suas análises e entregue um pacote de medidas iniciais, de aplicação imediata, até 20 de abril.
Além disso, a Petrobras informou que “ao longo de toda a análise, serão revistos os processos de proteção às denunciantes e de aplicação de punições, assim como as atribuições das áreas responsáveis pela apuração das denúncias”.
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