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Por que o governo Lula quer aumentar a meta de inflação?

Expectativa é de que seja alterada em 2023, como forma de ampliar a margem de aumento de preços. Entenda!

A meta de inflação é um dos principais instrumentos utilizados pelo Banco Central para controlar a inflação do país. Basicamente, a ideia é definir uma meta anual para a inflação e adotar políticas monetárias que possibilitem alcançar esse objetivo.

Até o início de abril, a meta de inflação estabelecida para 2023 era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos – ou seja, uma faixa entre 1,75% e 4,75%.

Sendo assim, a meta é importante porque ajuda a estabilizar a economia e a garantir que os preços dos bens e serviços não subam descontroladamente.

Além disso, ela também ajuda a manter a confiança dos consumidores e dos investidores na economia do país, o que pode ser crucial para atrair investimentos e fomentar o crescimento econômico.

Debate sobre meta de inflação

No entanto, mesmo exercendo um papel essencial sobre a economia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem defendendo um afrouxamento da atual meta de inflação.

Conforme o líder político, uma meta de inflação muito baixa pode prejudicar a economia do país, sobretudo em tempos de crise econômica. 

O presidente defende a tese de que para manter a inflação dentro da meta, o Banco Central é obrigado a manter a taxa de juros elevada. De acordo com Lula, isso poderia reduzir o crescimento econômico e aumentar o desemprego.

Quando a taxa de juros está alta, o custo dos empréstimos, por exemplo, aumenta. Isso, por sua vez, reduz a disposição das pessoas e empresas a tomar empréstimos para investir e consumir.

Nesse cenário, desde fevereiro do ano passado o setor de crédito tem sofrido com um declínio na oferta de serviços.

O governo considera que a alta taxa de juros tem influenciado nesse panorama. Por isso, acredita que a melhor alternativa é dar início à redução da taxa básica de juros (Selic) para estimular o mercado de crédito e a atividade econômica.

Diante disso, Lula defende que um aumento da meta de inflação permitiria que o Banco Central reduzisse as taxas de juros. Com isso, o crescimento econômico seria estimulado, ainda que isso significasse que a inflação ultrapassasse a meta no curto prazo. 

No entanto, vale destacar que essa é uma questão complexa e envolve muitos fatores. Nesse contexto, devem ser levadas em conta as condições econômicas do país, as expectativas dos agentes econômicos e as prioridades políticas do governo.

Consequência de aumentar a meta de inflação

Como visto, a meta de inflação é estabelecida pelo Banco Central como uma forma de controlar a alta dos preços e manter a estabilidade econômica. Quando o Banco Central aumenta a meta de inflação, isso significa que ele está permitindo uma inflação mais alta do que antes.

Nesse sentido, quando a meta de inflação sobe, pode haver um aumento na inflação devido a mudanças nas expectativas e comportamentos dos agentes econômicos.

Isso porque, quando a inflação aumenta significa que os preços dos bens e serviços estão subindo de maneira geral no país. O que pode afetar a economia de várias maneiras.

Com a inflação, o poder de compra das pessoas diminui. Isso acontece porque o dinheiro que elas têm passa a valer menos e, portanto, podem comprar menos produtos.

Além disso, se a inflação aumenta muito em relação a outros países, a moeda nacional pode se desvalorizar. Isso torna os produtos do país mais baratos no exterior, o que pode estimular as exportações, mas também pode aumentar o custo de importação.

A inflação também pode afetar os investimentos, já que os investidores podem ficar receosos de investir em um país com alta inflação. Isso pode levar a uma fuga de capitais e dificultar o crescimento econômico do país.

Por fim, a inflação também pode afetar diretamente o custo de vida das pessoas. Com os preços subindo, elas precisam gastar mais para manter o mesmo padrão de vida, o que pode afetar o orçamento familiar.

Briga entre Banco Central e governo

Mesmo com a forte pressão do governo de Lula pela redução dos juros, o Banco Central optou por unanimidade, na reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom), em manter a taxa Selic em 13,75% ao ano

Além disso, não deu nenhum sinal de que haverá quedas e indicou que, se a inflação não recuar, pode retomar o ciclo de valorização do juro básico da economia.

Depois da reunião, o Copom divulgou um comunicado informando que, mesmo com a volta dos tributos federais sobre os combustíveis diminuindo a instabilidade orçamentária do governo no curto prazo, alguns fatores de risco ainda estão presentes para a inflação. Entre estes riscos, estão as pressões inflacionárias globais.

“O ambiente se deteriorou” e os “bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento”, afirmou o Copom. 

Em meio a turbulências no mercado global, o governo de Lula não desiste na tentativa de pressionar o Banco Central a diminuir a taxa Selic. Conforme o presidente, a taxa alta está impossibilitando o acesso ao crédito e atrapalhando a recuperação da economia. 

Mudança no BC

Desde a posse do novo governo, foram usadas diferentes estratégias para influenciar a autoridade monetária: desde ameaças à aproximação amigável entre o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Além disso, o presidente Lula questiona a lei de autonomia do Banco Central, que deu um mandato de quatro anos a Roberto Campos Neto até 2024.

Para que deixe o cargo antes, é preciso que peça demissão ou seja aprovado pelo Senado seu afastamento, a pedido do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Lembrando que o CMN é composto por Fernando Haddad, do Ministério da Fazenda, Simone Tebet, do Ministério do Planejamento, além do próprio presidente do BC. 

No entanto, embora Lula tenha manifestado sua discordância, pessoas ligadas ao governo consideram pouco provável que ele tente afastar Campos Neto, pois as prioridades no Congresso são as aprovações do arcabouço fiscal e da reforma tributária.

Além disso, um pedido de afastamento do presidente do BC poderia trazer um ambiente de instabilidade. Isso poderia, inclusive, dificultar a redução dos juros e controle da inflação.

Assim, o governo Lula deve esperar pelo avanço do arcabouço fiscal para mudar a meta de inflação.