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Consórcio: saiba por que você pode perder dinheiro ao não resgatar valores esquecidos

Os brasileiros deixaram R$ 2,08 bilhões esquecidos em consórcios encerrados até o final de 2024, segundo levantamento do Banco Central (BC). O valor representa um crescimento de 7,7% em comparação com os recursos não procurados (RNP) registrados no ano anterior.

Esses valores pertencem a cotistas de grupos de consórcio que foram encerrados, mas que não realizaram o resgate dos créditos a que tinham direito. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como falta de informação, desorganização financeira, mudança de endereço, falecimento ou mesmo esquecimento puro e simples.

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A fatura do esquecimento: taxas reduzem os valores disponíveis

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Imagem: SewCreamStudio/shutterstock.com

Custo da taxa de permanência

Apesar de o Sistema de Valores a Receber (SVR) ter facilitado a devolução de valores esquecidos — com R$ 1,34 bilhão devolvido em 2024 — a cobrança de taxas pelas administradoras ainda representa um problema.

Em 2024, foram cobrados aproximadamente R$ 948 milhões em taxas de permanência pelos valores não resgatados. Isso equivale a um aumento de 14,2% em relação ao ano anterior. Ou seja, o tempo de esquecimento tem um preço alto, corroendo os valores que deveriam retornar integralmente aos consumidores.

Quais valores são esquecidos?

De acordo com o Banco Central, os montantes se referem, principalmente, a:

  • Saldos residuais
  • Fundo de reserva não utilizado
  • Créditos principais não resgatados

Em alguns casos, os valores envolvem até mesmo cotas contempladas que nunca foram utilizadas. A falta de acompanhamento por parte do cotista ou de seus familiares pode fazer com que esses recursos permaneçam parados por anos.

Como consultar e recuperar valores esquecidos

Acesse o SVR com segurança

O Sistema Valores a Receber (SVR), disponível no site do Banco Central, é a principal ferramenta para resgate desses valores. Para realizar a consulta, o cidadão deve possuir uma conta gov.br com nível prata ou ouro, além da verificação em duas etapas ativada.

Passo a passo para resgatar

  1. Acesse valoresareceber.bcb.gov.br
  2. Faça login com sua conta gov.br
  3. Caso existam valores disponíveis, o sistema apresentará as opções de resgate
  4. Escolha uma chave Pix para recebimento
  5. Informe seus dados pessoais para a devolução
  6. Aguarde até 12 dias úteis para o depósito

Importante: nunca forneça senhas

O Banco Central alerta que nenhuma instituição está autorizada a pedir sua senha bancária ou de acesso ao gov.br. Caso receba qualquer contato suspeito, não forneça informações sensíveis.

Herdeiros também podem resgatar valores

Procedimentos para famílias de falecidos

Muitos dos recursos esquecidos pertencem a pessoas falecidas. Nesses casos, os herdeiros legais podem reivindicar os valores, desde que apresentem documentação comprobatória, como:

  • Certidão de óbito
  • Documentos de identidade
  • Termo de inventariante ou alvará judicial

A consulta também pode ser feita com o CPF do falecido no sistema do SVR.

Por que tanto dinheiro fica parado?

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Imagem: rafapress / shutterstock.com

Falta de informação e comunicação

Muitos cotistas de consórcio não acompanham de perto seus contratos. Após o encerramento do grupo, caso não recebam notificações das administradoras, simplesmente esquecem de verificar se há algum valor a receber.

Mudança de perfil financeiro

Alguns consumidores deixam de considerar o consórcio uma prioridade ao mudar de emprego, entrar em dívidas ou reestruturar o orçamento. Isso também contribui para o esquecimento dos valores.

Falecimento sem planejamento

A morte do titular da cota sem que a família saiba da existência do consórcio é outro fator relevante. Nesses casos, os valores permanecem nas administradoras, sem nenhuma solicitação de devolução.

O consórcio ainda é uma boa opção?

Modalidade sem juros

Uma das principais vantagens do consórcio é a ausência de juros, o que o diferencia dos financiamentos bancários tradicionais. Em vez disso, são cobradas taxas de administração que, embora existam, são mais leves do que os juros compostos de outras modalidades.

Flexibilidade e planejamento

Hoje, há consórcios para diversos objetivos, como:

  • Imóveis (residenciais ou comerciais)
  • Automóveis
  • Motos
  • Equipamentos agrícolas
  • Serviços (viagens, festas, cirurgias)
  • Educação

A pessoa pode definir o valor da carta de crédito, prazo de pagamento e a periodicidade das assembleias, ajustando o consórcio ao seu planejamento financeiro.

Dicas para evitar perdas no consórcio

Consórcios
Imagem: Helder Almeida / shutterstock.com

Acompanhe suas cotas

Sempre que possível, consulte o status da sua cota, principalmente quando o grupo estiver próximo do encerramento. Confira se há saldo residual ou fundo de reserva a ser devolvido.

Atualize seus dados com a administradora

Garanta que seus dados estejam atualizados para receber notificações e comunicados importantes.

Informe seus familiares

Deixe registrado entre seus documentos que possui consórcios em andamento ou finalizados. Assim, seus herdeiros saberão como proceder em caso de falecimento.

Consulte periodicamente o SVR

Mesmo que você não se lembre de nenhum valor pendente, vale a pena consultar o SVR de tempos em tempos. Isso ajuda a evitar surpresas e garante que o dinheiro não fique retido sem necessidade.

Conclusão

Os mais de R$ 2 bilhões esquecidos em consórcios mostram que muitos brasileiros ainda negligenciam o acompanhamento financeiro de médio e longo prazo. A cobrança de taxas de permanência torna esse esquecimento ainda mais oneroso, prejudicando diretamente quem já tem valores a receber.

Ferramentas como o Sistema Valores a Receber (SVR) são fundamentais para resgatar esse dinheiro. No entanto, mais importante ainda é a educação financeira preventiva, com foco no controle dos contratos, atualização de dados e comunicação familiar. O consórcio continua sendo uma solução viável — desde que bem administrado e acompanhado até o fim.