Entidade de bancos digitais do Brasil defende mais facilidade na portabilidade de conta salário
A entidade dos bancos digitais no Brasil, Zetta, está buscando uma nova reforma das regras de portabilidade de conta salário. O objetivo é facilitar a utilização do serviço, pois o ritmo de expansão das contas de pagamento no Brasil tem diminuído cada vez mais.
Criado em 2006, o procedimento – que garante a autonomia das pessoas para optarem pelo banco que desejam receber seus salários – passou por mudanças nas regras em 2018, quando aconteceu o fim da cobrança de tarifa sobre o serviço. Isso possibilitou que a instituição financeira de destino desse início ao procedimento.
Contudo, ainda há uma grande burocracia para realizar a portabilidade, o que ocasiona a falta de interesse das pessoas em mudar o banco em que recebe seu salário.
No momento em que é solicitada a portabilidade é preciso apresentar diversos documentos, como RG, CPF, comprovante de endereço e CNPJ da empresa. Devido a esse processo burocrático, a competição no sistema financeiro é limitada, afirma o presidente da Zetta, Bruno Magrani, que também é diretor de relações institucionais do Nubank.
“O uso da portabilidade ainda é ínfimo no Brasil, em parte por causa de exigências relativamente pequenas, mas que desestimulam muito as trocas de instituição” – “Poderia ser tão fácil quanto fazer um PIX”, afirmou Bruna Magrani à Reuters.
O Banco Central, quando consultado, afirmou através de e-mail que “não divulga estatísticas sobre portabilidade de contas salário”.
A Zetta foi criada há cerca de um ano pelo Nubank e Mercado Pago. A entidade defende temas de interesse de seus 20 sócios, que incluem fintechs e corretoras de criptomoedas, no diálogo com o Banco Central e outros agentes do sistema bancário.
A argumentação por uma maneira mais fácil para os usuários efetuarem a troca de bancos acontece ao mesmo tempo em que há diminuição de abertura de novas contas no Brasil, depois de uma explosão na pandemia onde houve grande procura por serviços online, devido às medidas restritivas.
Também há reclamações por parte dos bancos tradicionais, que afirmam que os bancos digitais e as fintechs vêm sendo favorecidos pela assimetria regulatória, isto é, podem prestar serviços financeiros encarando exigências muito menores do que as exigidas ao “bancões”.
Magroni afirma: “Não aceitamos essa tese da assimetria regulatória, as regras atuais já são adequadas.”
Ainda segundo o presidente da Zetta, a participação dos bancos digitais e fintechs nas operações de crédito ainda são ínfimas, o que não deve mudar tão logo, já que leva tempo para aprimorar modelos vigorosos de análise de risco de empréstimo.
“Estamos vendo o desenvolvimento de modelos muito bons com base em tecnologia e que vão ajudar a desconcentrar a originação de crédito no Brasil”, afirmou Magrani. “Mas isso não deve funcionar para valer antes de 2024.”
Big Techs
Segundo Magrani, a Zetta está aberta para uma possível agregação das gigantes da tecnologia, como Facebook e Google, que têm criado seus próprios serviços financeiros. E afirmou ainda não ver risco dessas gigantes virarem concorrentes dos bancos digitais no país.
“Elas (a big techs) já têm um modelo bastante rentável nas suas atividades originais, eu vejo a entrada em serviços financeiros mais como uma forma de prover uma experiência completa aos seus usuários”, disse Magrani.
Hoje, a Zetta tem em seu quadro de sócios também o Mercado Bitcoin e a Transfero, mas em breve contará com mais plataformas de criptomoedas como sócias.
Brasil é o 2º do mundo em crescimento de bancos digitais
Segundo levantamento feito pela Accenture e o N26, o Brasil é o segundo país com o maior crescimento de clientes de bancos digitais no mundo nos últimos dois anos, ficando à frente de países desenvolvidos como a Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido, perdendo apenas para a Suíça.
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Imagem: Dean Drobot / shutterstock.com
