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Inflação americana tem alta histórica; o que isso pode gerar?

Inflação americana tem alta histórica e novamente veio alta no mês de maio, acima do que as previsões esperavam. 

Inflação americana tem alta histórica e novamente veio alta no mês de maio, acima do que as previsões indicavam. 

A inflação sobre todos os itens em 12 meses chegou em 5%, e em todos os itens menos energia e comida foi de 3,8% no mesmo período.  

Somente em maio, aconteceu um aumento de preços gerais de 0,6%. O CPI (Consumer Price Index) foi de 4,92%, maior patamar desde a crise de 2008. 

Efeito da Base Fraca pode ser uma das causas da inflação americana

Em primeiro lugar, vale frisar que o efeito da base fraca considera que um período de deflação é seguido por um aumento de inflação. E isso aconteceu nos EUA, pois em abril e maio do ano passado houve deflação dos preços. Portanto, isso por si só já levaria a uma inflação acentuada em 12 meses.  

Contudo, mesmo levando em conta somente o CPI dos últimos 6 meses, a inflação ainda é alta, chegando a quase 3% (maior patamar desde 2008). 

Sendo assim, é possível concluir que somente o efeito da base fraca não explica o fenômeno da alta de preços no mercado norte americano. 

Demanda por trabalhadores 

Nesse sentido, a participação da força de trabalho nos EUA também não está no patamar esperado para um período de recuperação. Com já foi explicado nesse artigo, o problema da falta de trabalhadores ainda é perceptível no país. 

Desse modo, em abril a porcentagem da Labor Force Participation (participação da força de trabalho) era de 61.7% e, em maio, chegou a cair para 61.6% 

Por outro lado, o número de vagas de empregos não para de aumentar e estão batendo recordes. Somente em abril tal número chegou a mais de 9 milhões de vagas. Em suma, é notável um cenário de superaquecimento da maior economia do mundo. 

Em alguns setores, o caso é ainda mais perceptível, como o setor de manufaturas, que, por demandar uma mão de obra mais especializada, sofre mais ainda com o período peculiar da economia.  

Possíveis futuros agravantes 

Contudo, até mesmo esse cenário pode piorar. Apesar dos EUA já estar com uma vacinação bem adiantada, nem todos os serviços foram normalizados ao nível pré-pandemia, e essa volta ao normal pode empurrar ainda mais a inflação para cima.  

Ainda nesse cenário, a demanda por mão de obra que não está sendo preenchida pode gerar um aumento no salário médio ofertado, o que por si só já levaria a uma tendência de aumento da inflação a curto prazo.  

Outra possível causa da inflação americana

Além disso, alguns outros pontos se destacam na análise do aumento de preços. As commodities viveram um boom histórico nos últimos meses e começam a voltar para o preço normal recentemente. Esse aumento drástico nos preços dos produtos comercializados mundialmente também já foi abordado aqui e pode ser lido nesse artigo.  

Mas o que isso pode causar? 

A primeira consequência seria uma diminuição no poder de compra americano, o que já pode ser visto como uma consequência terrível para uma economia interna tão forte como a do país.  

Além disso, uma queda na taxa de juros pode ser vista como uma resposta à taxa de inflação crescente no país. O banco central americano já havia anunciado uma nova política monetária com relação à taxa de juros do país, e indicava fortes quedas no futuro próximo. 

Assim também, os títulos do tesouro americano sofreram reajustes e tiveram seu preço avaliado pelo mercado diminuído. A queda desse ativo é mais complicada de explicar, uma vez que em uma economia com sinais de retomada de crescimento, o normal seria uma valorização desses títulos.  

Contudo, a queda pode indicar um receio por parte do mercado, que já estaria reconhecendo que a volta ao normal pode não estar sendo tão saudável quanto aparentava à primeira vista.  

Compra de ativos pelo FED 

Todavia, além dos motivos listados acima, outro movimento inédito na economia americana pode estar causando uma inflação deste patamar. Em abril, a compra de ativos pelo banco central americano (FED) superou a emissão de dívida, um marco histórico. 

Atualmente, o FED tem em seu balanço mais de 8 trilhões de dólares em ativos, marca absolutamente recorde. Contudo, mesmo nesse patamar, os diretores do banco não parecem que vão recuar em sua política monetária, pelo contrário.  

Já foi disponibilizada a ata de uma reunião ocorrida há cinco anos atrás (o banco central americano disponibiliza as discussões de suas reuniões na íntegra depois de 5 anos) e alguns diretores já apontavam que seria difícil retornar ao molde de política monetária anterior à crise de 2008.  

Em síntese, antes da crise imobiliária, o cerne da política monetária e taxa de juros era o regime de escassez de reserva pelos bancos privados. Contudo, tudo isso mudou desde a última grande crise mundial. A partir do final de 2008, uma quantidade considerável de dinheiro foi injetada na economia americana (movimento conhecido como Quantative Easing).  

Com isso, a liquidez do mercado aumentou muito, mas, em contrapartida, o balanço do FED começou a inchar, chegando a 3 trilhões de dólares no primeiro ano da política e agora já ultrapassando os 8 trilhões de dólares.  

O que será feito a seguir? 

Analisando a partir das premissas do FED, que seria garantir a estabilidade de preços e a oferta de empregos, a situação não está tão crítica. Deste modo, o banco central americano ainda pode se dar ao luxo de manter a taxa de juros baixa por algum tempo. 

Sendo assim, é discutível a adoção de alguma medida imediata para combater essas anomalias econômicas. Contudo, é de suma importância para qualquer investidor prestar atenção nos próximos movimentos dos grandes players e governo americano, uma vez que o dólar é a moeda de reserva mundial, qualquer alteração nas suas bases pode causar grandes mudanças de perspectiva para o mercado global.  

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Imagem: Ronnie Chua / Shutterstock.com