Número de famílias com dívidas atrasadas é o maior em 12 anos
Segundo Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no dia 3 de março de 2022, o percentual de famílias com dívidas e/ou contas em atraso atingiu em fevereiro o maior patamar desde março de 2010.
“Alcançando 27% dos lares, o indicador de inadimplência apresentou, em fevereiro, aumento de 0,6 ponto percentual (pp) em relação a janeiro e de 2,5 pp na comparação com fevereiro de 2021. Já a parcela que declarou não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permanecerá inadimplente, ela também acirrou na passagem mensal, com aumento de 0,4 pp, a proporção chegou a 10,5%, mesmo percentual de fevereiro do ano passado”, afirmou a CNC.
Ainda conforme a pesquisa, em fevereiro, 76,6% das famílias disseram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa), tornando ao nível apurado em dezembro de 2021. Em fevereiro de 2021, a porcentagem de famílias endividadas era de 66,7%, 9,9 pontos percentuais a menos que o número atual.
É provável que você também goste:
Confira dicas para evitar problemas com dívidas e golpes no cartão de crédito
Prazo para regularização de dívidas de microempresas e MEIs termina dia 31 de março
José Roberto Tadros, presidente da CNC, em nota, opinou sobre o atual cenário, que o aumento constante dos juros, que torna o crédito mais caro e impossibilita a renegociação das dívidas:
“O panorama mostra que, na margem, o custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a contratação de novas dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos.”
Os dados do Banco Central, segundo a CNC, demonstram que as taxas de juros médias nas linhas de crédito com recursos livres para as pessoas físicas aumentaram de 39,4% em janeiro de 2021 para 46,3% em janeiro de 2022. Por outro lado, as concessões de crédito com recursos livres para pessoas físicas cresceram 13,1% em comparação ao ano passado, mas caíram 2,7% de dezembro para janeiro, na média diária.
Aumento das dívidas
O endividamento aumentou nos dois grupos de renda que foram pesquisados. Sendo que:
- Famílias com renda até dez salários mínimos – aumento de 0,4 ponto percentual – total de 77,8%;
- Famílias com renda acima de dez salários mínimos – aumento de 10,1 pontos percentuais – total de 72,2% (maior patamar histórico).
Já em relação à inadimplência, os percentuais de famílias com contas ou dívidas atrasadas são:
- Famílias com renda até dez salários mínimos – 30,3% (maior patamar histórico);
- Famílias com renda acima de dez salários mínimos – 12,6% (maior percentual desde abril de 2018).
O principal tipo de dívida do Brasil é com o cartão de crédito, porém teve uma redução em relação a fevereiro de 2021. Sendo assim, as famílias endividadas com esse tipo de conta chegam a 86,5%.
Para Izis Ferreira, economista da CNC e responsável pela pesquisa, o encarecimento do crédito no país e a instabilidade no mercado de trabalho devem continuar impactando a situação de endividamento e de inadimplência dos consumidores, principalmente esse ano com o processo eleitoral, que gera maior incerteza econômica.
“Consideramos necessárias e relevantes as alternativas que suportem o pagamento dos compromissos financeiros assumidos e a renegociação das dívidas ou contas não pagas”, disse a economista.
Enfim, quer ficar por dentro de tudo o que acontece no mundo das finanças?
Então nos siga no canal do YouTube e em nossas redes sociais, como o Facebook, Twitter, Twitch e Instagram. Assim, você vai acompanhar tudo sobre bancos digitais, cartões de crédito, empréstimos, fintechs e matérias relacionadas ao mundo das finanças.
Imagem: Prostock-studio / Shutterstock.com
