Dinheiro estrangeiro na Bolsa brasileira bate recorde
Desde o início do ano até o dia 9 de março, a entrada de dinheiro estrangeiro na Bolsa de Valores brasileira alcançou mais de R$ 71 bilhões, batendo um novo recorde. No ano passado, o saldo de capital externo chegou a R$ 70,7 bilhões.
Segundo analistas, um dos principais motivos para a movimentação é o fato de que o mercado brasileiro possui forte ligação com as commodities (mercadorias de produtos básicos de matéria-prima), que já estavam com alto desempenho e conquistaram mais força após a invasão da Rússia à Ucrânia.
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Brasil é um dos preferidos para investimentos
Em um relatório, o banco Goldman Sachs informou que, diante do cenário atual, está preferindo realizar investimentos no Brasil, Oriente Médio e Norte da África, dado o perfil exportador de matérias-primas que essas regiões possuem.
Portanto, apesar de toda movimentação econômica global, a alta na entrada de investimentos tem gerado a queda da cotação da moeda americana no Brasil.
Na última sexta-feira (11), o dólar fechou cotado a R$ 5,05. A moeda era negociada em cerca de R$ 5,60 no começo deste ano.
O capital pode sair do território brasileiro muito rapidamente
Embora o dólar mais barato ajude a conter a inflação, no cenário atual a situação muda e causa implicações.
Segundo analistas, existe o risco de que esse capital que tem entrado na Bolsa brasileira seja de perfil bastante especulativo e, caso as condições fiquem adversas, poderá sair do território brasileiro muito rapidamente.
Busca pelas commodities brasileiras
Com o atual conflito entre Rússia e Ucrânia, investidores estrangeiros têm mostrado interesse pelas commodities brasileiras.
A pedido do Estadão, a consultoria Economatica realizou um levantamento e evidenciou esse quadro de procura.
Levantamento feito pela Economatica
Dos 33 setores econômicos representados na B3, menos de um terço teve valorização neste ano. Ainda desse número, apenas 3 registraram lucros acima de 10%.
Também apresentaram ganhos os seguintes segmentos:
- Mineração (34,77%);
- Setor agropecuário (17,72%);
- Petróleo e gás (11,78%).
No período, o principal índice da Bolsa, o Ibovespa, cresceu 9%. O estudo também aponta que o setor de computadores e equipamentos já perdeu 34% no ano. Enquanto isso, o de automóveis e motocicletas registrou queda de 19,71% e o de transporte caiu 15,31%.
O peso do setor de commodities na Bolsa brasileira
William Jackson, economista responsável pelos mercados emergentes da consultoria Capital Economics, diz que a falta de ligação do Brasil com a Ucrânia e Rússia e os poucos impactos da guerra em solo brasileiro tem auxiliado na decisão dos investidores.
Jackson também explica que o preço das commodities impulsionará as exportações, atraindo olhares estrangeiros.
Além disso, um relatório do Instituto de Finanças Internacionais (IIF) apontou que somente em fevereiro deste ano, a entrada de dinheiro em países emergentes alcançou US$ 17,6 bilhões. Desse total, US$ 8,7 bilhões apenas para América Latina.
Investimento estrangeiro para o Brasil cresceu mais de 100% em 2021
O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) aumentou em mais de 100% no ano passado. As informações foram passadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad em inglês.
O Brasil ocupa o 7º lugar no ranking global de países que atraem investimentos externos. Dessa forma, na comparação com o valor de US$ 28 bilhões em 2020, momento inicial da pandemia de Covid-19, ele teve um crescimento de 133%.
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Imagem: whiteMocca / Shutterstock.com
