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Onde ainda investir em 2022

Apesar de a maioria das pessoas planejar os seus investimentos, seja de renda fixa ou renda variável, tradicionalmente, no início de cada ano, 2022 já apresentou tantas mudanças de cenário econômico, que novas oportunidades se abriram, diferentes das previstas no começo do ano.

Dessa forma, ao invés de esperar passar o réveillon, onde posso investir o meu dinheiro ainda este ano?

Com a desaceleração da inflação, o Banco Central está próximo de encerrar o seu ciclo de aperto monetário, o que significa dizer que a taxa Selic deverá se estabilizar em 13,75% ao ano, ou ter uma última alta, “mais residual”, de 0,25 ponto porcentual, para 14% ao ano, como já sinalizou Roberto Campos Neto, presidente do BC.

Se falando de renda fixa, uma taxa de juros, seja de 13,75% ou de 14% ao ano, deixa essas aplicações bem atrativas.

Entretanto, há oportunidades também na renda variável, uma vez que a própria indicação de final de alta dos juros e a definição do quadro eleitoral podem fazer os investidores retornarem à bolsa de valores ou aos Fundos Imobiliários (FIIs).

Antes de seguirmos, porém, é importante você entender qual é o seu apetite ao risco, como forma de não comprometer o seu patrimônio.

No mais, é importante alertar sobre a recomendação de destinação de uma parte dos seus recursos à reserva de emergência, que, como o próprio nome diz, pode ser sacado a qualquer momento.

Como identificar meu perfil de investidor?  

Primeiro passo antes de decidir onde investir é identificar o seu perfil de investidor. São três tipos: conservador, moderado e arrojado. Eles são definidos com base em uma série de fatores, como o risco que se aceita tomar, o retorno esperado e a necessidade de liquidez da aplicação.

Conservador

Este é o investidor que aplica a maior parte dos seus recursos na renda fixa e tem menor tolerância a risco. Especialistas sugerem destinar cerca de 80% a 90% da carteira a essa categoria. 

Entretanto, o perfil conservador é o mais propício a uma rentabilidade abaixo da taxa de juros ou mesmo da inflação, o que pode significar perda de poder de compra. 

O clássico exemplo é o da poupança, que, com a Selic a 13,75%, rende cerca de 6,15% ao ano, mais a taxa de referência.

Como comparação, a inflação acumulada em 12 meses beira os 10%. Mas há opções mais rentáveis que a poupança dentro da renda fixa!

Moderado

Este é o investidor que aceita tomar uma parte maior de risco – ou seja, rentabilidade –, como em renda variável, mas com uma fatia da carteira entre 20% e 30%. 

Fundos multimercados (que mesclam aportes em renda fixa, ações, juros e moedas) podem ser indicados, entretanto a recomendação para o investidor moderado ainda é aplicar cerca de metade do seu patrimônio em renda fixa.

Arrojado

O investidor arrojado, por sua vez, é aquele que se arrisca mais em busca de uma maior rentabilidade. Na maioria dos casos, já experimentou diferentes tipos de aplicações, sobretudo na renda variável, que pode representar até metade de sua carteira. 

Contudo, também busca oportunidades em renda fixa, fundos multimercados e exterior, para outra parte de seus investimentos.

Reserva de emergência

Agora, para seguir com os melhores investimentos, só falta mais um detalhe: antes de investir é preciso ter em mente que esses valores não podem comprometer o seu orçamento mensal.

Seja 50, 500 ou 5 mil reais aplicados, devem ser a sobra dos ganhos, após o pagamento das despesas fixas e variáveis mensais.

Além disso, uma parte deve ser aplicada em uma reserva de emergência – que é um valor correspondente entre 3 e 6 salários, que podem ser sacados em caso de uma demissão para as despesas mensais, por exemplo.  

A caderneta de poupança pode ser uma opção, por não pagar Imposto de Renda (IR) e ter liquidez imediata, mas há outras opções que podem ser mais rentáveis na renda fixa, como Tesouro Selic ou CDBs de liquidez diária.

Onde investir na renda fixa

Apesar de o nome pressupor uma rentabilidade fixa, os seus rendimentos podem variar, por conta de mudanças nas taxas de juros, inflação e fatores conjunturais, refletindo nos rendimentos das aplicações.

E isso se modificou muito em relação ao começo do ano.

Neste momento, há expectativa de um arrefecimento da inflação, entre outros fatores, pela queda dos preços de transportes, energia e telecomunicações – que impactam a economia como um todo, por conta da redução de tributos – ou ainda pela diminuição dos valores das commodities (produtos agro, energéticos e metálicos com preços internacionais ), diante de um quadro de recessão global.

Além disso, os juros devem parar de subir (até mesmo pela expectativa de menor pressão inflacionária) e, entre agentes econômicos, já se espera um movimento de queda dos juros, entre meados e final de 2023. 

Como comentamos no início do artigo, a Selic atualmente se encontra nos 13,75% ao ano, o que torna muito atrativo os investimentos em produtos de renda fixa. No mais, é um tipo de aplicação que deve estar nas carteiras tanto de investidores moderados, conservadores e arrojados.

Entretanto, é preciso ficar atento aos seus indexadores de rentabilidade.

Independente de se investir em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), títulos públicos do Governo (Tesouro Direto) ou debêntures (quando se empresta à empresas), essas aplicações sempre estão atreladas a um indexador, que pode ser uma taxa pré-fixada, pós-fixada ou híbrida. Agora vamos detalhar:

Pré-fixada

Sempre que for investir em um produto de renda fixa, é possível definir uma taxa, que pode ser de 10%, 12% ou 15% ao ano. Isso significa que, mesmo que a Selic ou a inflação caiam, subam ou se mantenham estáveis, a rentabilidade será a mesma, do início ao vencimento da aplicação.

Trazendo isso para o atual momento, significa que podem surgir oportunidades de aplicações de um, dois ou mais anos (importante dizer que estes investimentos não podem ser resgatados antes do vencimento, a menos que tenham liquidez diária) de retornos líquidos, após desconto de IR, de 12% ou 13%. 

Ou seja, mesmo que a inflação e os juros recuem, o investidor terá garantida a taxa escolhida no momento da aplicação.

Como tivemos deflação em agosto e a Selic não deve ter mais altas agressivas, é uma chance de ganhar no médio e no longo prazos acima desses indicadores – aproveitando a atual conjuntura.

Pós-fixada 

No caso do investimento pós-fixado, ele consiste no estabelecimento de um indexador fixo, mas que vai se alterando ao longo do tempo. Aqui, estamos falando de um porcentual em relação ao CDI, que se move conforme a taxa Selic.

Dessa forma, toda vez que a Selic sobe, a rentabilidade do CDI cresce, assim como ao contrário, em situação de queda.

Então, como ainda estamos em um momento de Selic em altos patamares, o investidor deve procurar por aplicações que paguem o máximo em relação ao CDI. 

Por exemplo: 108%, 110% ou até 200% do CDI, que algumas corretoras oferecem, geralmente para períodos de 3 meses, quando um cliente abre uma conta. 

Neste momento, a vantagem de aplicar no pós-fixado é a de que o rendimento vai variando conforme a Selic, que é o principal instrumento do BC para conter a inflação.

Logo, a Selic só vai recuar quando a inflação estiver sob controle. 

Assim, é bem provável que estes investimentos tenham ganhos reais, acima da inflação ao longo do período aplicado.

Híbrido ou inflação

Neste tipo de aplicação, a rentabilidade do título de renda fixa conta com um indexador, em sua maioria o IPCA – que mede a inflação oficial do governo –, mas também pode ser CDI, mais uma taxa pré-estabelecida (fixa). 

Portanto, o investidor vai encontrar rentabilidades de CDBs ou título do Tesouro Direto com os seguintes indexadores: IPCA +3%, IPCA +5% ou CDI +3%.

Isso significa que o investidor vai sempre ter um “prêmio” de rentabilidade acima da inflação, no caso dos indexados ao IPCA.

Esse indexador é recomendado, sobretudo, em períodos de escalada dos preços, o que não é o caso neste momento.

Porém, para atrair aplicações, alguns CDBs estão oferecendo taxas atrativas, como IPCA +8% ou IPCA +6%. 

Dessa forma, caso o Brasil ou o mundo enfrente algum novo choque de oferta, como o que aconteceu no início da guerra entre Rússia e Ucrânia, que fez disparar os preços do petróleo, de fertilizantes e alimentos, o investidor estará protegido de uma nova alta da inflação, com um “prêmio”, até o período de vencimento do título de renda fixa.

Onde investir na renda variável

Recomendado para perfis agressivos e, em menor parte para moderados, o investimento em renda variável requer vários conhecimentos prévios ou o auxílio de um assessor de investimentos. 

Por ser variável, o investimento em ações, FIIs, BDRs (que são recibos de empresas estrangeiras negociados no Brasil) ou fundos de ações (quando um gestor faz o controle das aplicações) pode trazer grandes retornos, assim como enormes perdas.

Mesmo que a bolsa esteja com uma rentabilidade positiva de cerca de 4% em 2022 até o início de setembro, ou seja, rendendo abaixo da inflação e da Selic, são em momento de “baixa”, quando os ativos estão “baratos”, que os investidores devem se posicionar, para ganhos no longo prazo.

Portanto, como a bolsa antecipa e reflete as perspectivas futuras, o investidor deve se ater ao cenário, minimamente, de 2023, 2024 ou mais adiante.

Neste caso, um dos fatores que influenciam a bolsa é a própria taxa de juros. 

Como os agentes do mercado projetam uma taxa Selic mais baixa até o final do próximo ano, a expectativa é de que haja uma migração de investimentos da renda fixa para a renda variável, ao longo do próximo ano e de 2024 – o que tende a valorizar os ativos.

Este movimento já é observado, principalmente, entre investidores estrangeiros, que já aportaram quase R$ 70 bilhões na bolsa brasileira, até o início de setembro, antecipando o ciclo de baixa dos juros. Este é o maior montante em mais de seis anos.

Isso acontece porque diferente de outros países, como EUA e os da Europa, onde a inflação preocupa e as expectativas são por novas altas de juros, o Brasil está na contramão deste movimento. 

Quais ações ou FIIs investir?

A seleção de papéis é uma tarefa que requer experiência ou recomendação. Várias corretoras disponibilizam carteiras de ações, FIIs e BDRs para se investir na semana, mês ou até para um período mais longo.

Importante sempre na hora de investir em ativos de renda variável estabelecer algumas estratégias: se é ganhar com a valorização do ativo ou com o recebimentos de proventos, como dividendos ou juros sobre capital próprio (JCP).

Valorização dos ativos

Para ganhar com a valorização dos ativos é preciso buscar sua compra “na baixa” e sua venda “na alta”.

Isso não é uma análise simples, já que depende de vários fatores, sejam eles internos das empresas ou externos, do país ou setor de atuação das empresas.

Muitos investidores que ganham com a valorização das ações são aqueles que utilizam a estratégia chamada “buy and hold”, ou seja, compram e seguram os papéis por longos períodos. 

Entretanto, há os que apostam em operações de curtíssimo prazo, como são conhecidos os “day traders”, que compram e vendem as ações no mesmo dia. Essa estratégia consiste em estabelecer um preço de entrada e outro de saída – geralmente são de ganhos mínimos, assim como de perdas mínimas.

Por fim, entre esses dois perfis, há um intermediário, que é o investidor de “swing trade”, que pode comprar um ativo, considerado “barato”, com perspectiva de ganhos em dias, semanas ou poucos meses, e, assim que obtiver essa rentabilidade desejada, se desfazer.

No caso de FIIs e BDRs, geralmente os investimentos que buscam ganhos por valorização fazem uma mescla de estratégias entre ‘buy and hold” e “swing trade”.

Dividendos

Além do ganho de valorização, o investidor pode aplicar em empresas que são reconhecidas por sua distribuição de dividendos.

Companhias de setores com receitas estáveis, como de energia ou de commodities, geralmente são boas opções de renda passiva.

Particularmente em 2022, um dos grandes destaques vem sendo a Petrobras, assim como a Vale, que estão distribuindo uma parte considerável de seus lucros aos acionistas. 

Contudo, concessionárias de serviços públicos costumam ter uma consistência maior, ao longo do tempo, na distribuição de proventos, atraindo investidores de longo prazo.

Entre os FIIs, os pagamentos de dividendos são mais tradicionais, com grande parte dos fundos chegando a pagar uma rentabilidade acima de 1% ao mês. 

Isso acontece, sobretudo, porque os FIIs são obrigados por lei a distribuir no mínimo 95% do seu lucro a cada seis meses – o que acaba chamando muito a atenção dos investidores.