STF adia decisão sobre responsabilidade de redes sociais
Supremo Tribunal Federal suspende julgamento que definirá a responsabilidade das redes sociais por postagens ilegais.
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quarta-feira (25) o julgamento que pode redefinir o papel e a responsabilidade das plataformas digitais em relação a postagens ilegais feitas por seus usuários. A Corte discute se as redes sociais devem ser responsabilizadas civilmente por conteúdos ofensivos, antidemocráticos ou que incitem o ódio, mesmo antes de decisão judicial.
Julgamento paralisado para elaboração de tese final
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Segundo o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, o adiamento tem como objetivo permitir que os ministros construam juntos a tese jurídica final que irá nortear futuras decisões. A proposta é formular um entendimento claro sobre quando e como as plataformas devem agir diante de conteúdos ilegais, garantindo segurança jurídica tanto para os usuários quanto para os provedores de serviços na internet.
Caso haja consenso entre os ministros, a tese poderá ser proclamada já nesta quinta-feira (26). Falta apenas o voto do ministro Nunes Marques para a conclusão do julgamento.
Placar parcial: 8 a 2 pela inconstitucionalidade
| Ministro | Voto | Resumo do posicionamento |
|---|---|---|
| Alexandre de Moraes | Contra o Artigo 19 | Plataformas não podem ser “terra sem lei” |
| Flávio Dino | Contra o Artigo 19 | Modelo atual protege mais as empresas do que as vítimas |
| Gilmar Mendes | Contra o Artigo 19 | Artigo ultrapassado, defende novas regras |
| Cristiano Zanin | Contra o Artigo 19 | Texto impõe ônus excessivo às vítimas |
| Cármen Lúcia | Contra o Artigo 19 | A favor da responsabilização das plataformas |
| Luiz Fux | Contra o Artigo 19 | Retirada de conteúdos pode ocorrer por notificação extrajudicial |
| Dias Toffoli | Contra o Artigo 19 | Defende remoção sem ordem judicial |
| Luís Roberto Barroso | Contra o Artigo 19 (com ressalvas) | Ordem judicial só para crimes contra a honra; outras remoções com notificação |
| Edson Fachin | A favor do Artigo 19 | Responsabilização direta pode ferir a liberdade de expressão |
| André Mendonça | A favor do Artigo 19 | Modelo atual preserva equilíbrio entre liberdade e responsabilidade |
Impactos de uma nova regulamentação

Para as plataformas
Se o STF decidir pela responsabilização direta das redes, empresas como Facebook, X (antigo Twitter), Instagram, YouTube e TikTok terão de reforçar seus sistemas de moderação de conteúdo e agir com maior rapidez diante de denúncias.
Para os usuários
A nova interpretação pode facilitar a remoção de conteúdos ofensivos, com mais agilidade no combate a discursos de ódio, fake news e ataques pessoais. Por outro lado, especialistas temem que isso possa gerar censura excessiva, caso as plataformas adotem políticas preventivas mais rígidas para evitar processos judiciais.
FAQ – Perguntas frequentes
A decisão afeta a liberdade de expressão?
A depender da redação final da tese, pode haver impactos, mas os ministros têm indicado que o objetivo é proteger direitos fundamentais sem promover censura.
As plataformas terão que monitorar tudo que é publicado?
Não necessariamente. A decisão deve estabelecer critérios sobre quando há o “dever de cuidado” e em quais situações a plataforma pode ser responsabilizada.
Considerações finais
A suspensão do julgamento no STF não significa estagnação, mas sim uma pausa estratégica para definir com precisão os limites da atuação das redes sociais. A decisão que será tomada nos próximos dias poderá reconfigurar o modo como o Brasil lida com a liberdade e os limites na internet. O país aguarda um novo marco legal que combine responsabilidade, liberdade e proteção de direitos fundamentais no ambiente digital.