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Fernando Haddad, saiba que é o ministro forte de Lula

Ministro mais importante do 3º mandando do presidente Lula, Haddad trabalha para equilibrar as contas públicas do governo.

Dono do cofre no Brasil, Fernando Haddad foi empossado no início de 2023 como ministro da Fazenda do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Experiente gestor, Haddad já ocupou os cargos de prefeito de São Paulo, entre 2013 e 2016, e de ministro da Educação, durante governos petistas passados.

Haddad também já foi candidato à presidência da República, na disputa de 2018, quando substituiu Lula, pelo PT, quando este foi preso e não pôde concorrer. Na ocasião, foi para o segundo turno, porém, perdeu a disputa para Jair Bolsonaro, tendo ficado com 44,8% dos votos válidos, equivalente a 47 milhões de votos. 

Com posição de destaque dentro do PT, Haddad acumula experiência e comanda, nesse terceiro mandato de Lula, o ministério mais importante do governo. Na Fazenda, ele é o responsável por toda a formulação da política econômica, que dá sustentação para todas as ações do governo. 

Confira neste artigo, agora, a trajetória e os principais feitos de Fernando Haddad ao longo de sua carreira política.

Fernando Haddad: início

Nascido em 25 de janeiro de 1963 (data da fundação de São Paulo), o paulistano Fernando Haddad é filho de um imigrante libanes, que chegou ao Brasil nos anos 20, tendo ascendência síria também. Ele é filho de Khalil Haddad e Norma Goussain, que tiveram mais três filhos: Leda, Leila e Luiz. Haddad é casado com Ana Estela Haddad e tem dois filhos: Ana Carolina e Frederico. 

Mestre em economia e doutor em filosofia, ele foi professor universitário e autor de diversos livros, tendo lecionado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, assim como na FGV. Ele foi também analista de investimentos e consultor econômico da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe. 

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De secretário a ministro

Seus primeiros passos na política foram, em 2001, dentro da secretaria de finanças da gestão da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, tendo atuado também no planejamento. 

Entretanto, seu passo maior aconteceu em 2005, quando assumiu o Ministério da Educação, do primeiro governo Lula, cargo que ocupou também durante a gestão de Dilma Rousseff.

Entre os anos de 2005 e 2012, quando liderou a educação no Brasil, implementou uma série de mudanças e avanços na educação. Confira os principais:

  • Programa Universidade para Todos (ProUni): Oferece bolsas de estudos em faculdades e universidades privadas para estudantes de baixa renda;
  • Fundo de Financiamento Estudantil (Fies): Programa de financiamento a estudantes a juros mais baixos.
  • Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec): Ampliava a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes;
  • Expansão de universidade federais: Desenvolveu o aumento de novos centros universitários e de vagas em cursos já existentes.
Imagem de Fernando Haddad discursando com microfone
Imagem:Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Haddad Prefeito de São Paulo

Após toda experiência e visibilidade como ministro por sete anos, em 2012, Haddad se candidatou a prefeito de São Paulo. Na ocasião, ele venceu o ex-ministro da Saúde de Fernando Henrique Cardoso e ex-governador do Estado de São Paulo, José Serra, do PSDB.

No primeiro turno, realizado em 7 de outubro de 2012, Haddad teve 28,98% dos votos, tendo ficado atrás de Serra, que obteve 30,75% dos votos válidos. Em segundo turno, realizado no dia 28, do mesmo mês, Haddad somou 55,57% dos votos válidos, enquanto Serra ficou com 44,43%.

Assim, em 1º de janeiro de 2013, ele assumiu a maior cidade brasileira, tendo ficado até o final de 2016. No entanto, ao tentar a reeleição, perdeu para João Dória, do PSDB, que venceu em primeiro turno. O candidato tucano teve 53,29% dos votos válidos e Haddad 16,70%.

Gestão de Haddad

Em sua campanha, Haddad defendeu, por exemplo, propostas de melhoria da mobilidade urbana, aumento do número de moradias populares e de redução das desigualdades sociais. 

Como prefeito, implementou iniciativas como criação de faixas exclusivas para ciclistas e para ônibus. Entretanto, as medidas foram criticadas, por gerar mais congestionamentos na cidade.

Já no combate às desigualdades, contudo, não foi bem-sucedido nas propostas relacionadas aos problemas da Cracolândia, região de consumo intensivo de drogas, nem das periferias.

Na área da finanças, porém, ocorreu o grande marco de sua gestão. Em 2014, ele refinanciou a dívida da capital paulista com o governo federal. Assim, o passivo que era de quase R$ 65 bilhões caiu para R$ 28 bilhões. 

Para isso, ele conseguiu alterar o indicador de correção da dívida, que era de IGP-DI mais 6% a 9% por IPCA mais 4%. “É o maior feito já conseguido por um administrador público no país. Um abatimento de mais de 40% de uma dívida que estava consolidada e que era impagável”, declarou ele, na ocasião.

Preço das passagens

O ponto mais polêmico de sua gestão, como prefeito, contudo, aconteceu em 2013. Em junho daquele ano, após propor um reajuste de R$ 3,00 para R$ 3,20 das passagens de ônibus, na capital paulista, viu eclodir uma série de manifestações.

Apesar de começar por São Paulo, os protestos contra o aumento de vinte centavos no transporte público se espalharam por todo o Brasil, tendo sido liderados pelo Movimento Passe Livre.   

Surpreendentes, as manifestações levaram milhares de brasileiros às ruas, que passaram a protestar contra todo tipo de problema, como saúde, educação, impostos e corrupção. Foi o momento ainda de união dos partidos de oposição aos governos do PT.

O episódio marcou, também, a decadência da popularidade do PT, levando, um tempo depois, a aumentar a insatisfação contra o partido, culminando no impeachment de Dilma, em 2016.

Para Haddad, estes protestos fizeram despencar sua popularidade. Tanto que, na tentativa de reeleição, acabou sendo derrotado, em primeiro turno, por Dória, e marcando o momento em que o PT deixou não só a prefeitura de São Paulo como o Palácio do Planalto.

Ministro da Fazenda

Após todos esses episódios, em 2023, eis que não só Haddad como o PT voltaram ao poder, após uma dura campanha eleitoral contra Jair Bolsonaro. Haddad, logo que começou a ser cogitado para o cargo de ministro da Fazenda, de Lula, enfrentou resistências.

Eram contra a sua posse na Fazenda algumas alas do PT, que o consideravam “o mais tucano” entre os petistas, bem como o mercado financeiro. A preocupação entre os investidores era de que Haddad implementasse uma agenda econômica de mais gastos públicos. 

Entretanto, as primeiras medidas econômicas foram no sentido equilibrar as contas do governo, reduzindo o déficit fiscal (ou seja, o quanto o governo gasta a mais do que arrecada). 

A promessa de Haddad, assim, é a de zerar o déficit primário nos dois primeiros anos do governo Lula. Isso seria obtido com medidas que visam aumentar a arrecadação, não necessariamente apenas por corte de despesas.

Medidas

Entre as medidas estão alterações em processos julgados pelo Carf, que decide sobre multas que as empresas pagam ao governo; volta da cobrança de tributos federais sobre a gasolina; e um programa de refinanciamento de litígios tributários. 

Com essas iniciativas, o governo projeta uma elevação na arrecadação de quase R$ 200 bilhões e um corte de cerca de R$ 50 bilhões em despesas.

Além disso, o governo apoiou e viu sendo aprovado no Congresso Nacional uma nova regra fiscal no Brasil. O projeto que teve amplo apoio, inclusive de partidos da oposição, limita os gastos a 70% da receita. A proposta estabelece ainda um limite máximo de avanço dos gastos. 

Ademais, mais uma medida que vem tendo apoio do Congresso é a da reforma tributária, que busca melhorar o caótico sistema de impostos no Brasil. A medida é debatida há muitos anos, mas nunca saiu do papel. No entanto, tudo se desenha para a sua aprovação.

Já para buscar melhorar a economia, Haddad lançou, por exemplo, medidas de estímulo ao crédito e de refinanciamento de dívidas das pessoas com os bancos, o programa Desenrola. Também anunciou um programa de redução de preços dos carros.

Homem de confiança do presidente e com muita visibilidade, analistas políticos enxergam Haddad, portanto, como um nome de peso, dentro do PT, para suceder Lula daqui alguns anos.

(Cândido Mendes)

Imagem: JFDIORIO/Shutterstock