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Conheça Geraldo Alckmin, vice-presidente de Lula

Antigos adversários políticos, Alckmin surpreendeu o mundo político e se aliou a Lula para vencer as eleições de 2022

Ex-governador do Estado de São Paulo e atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin é um dos políticos mais experientes e rodados do Brasil, com mais de 40 anos de atuação. No final de 2021, surpreendeu o mundo político ao dar os primeiros passos em direção a uma inusitada aliança com Luiz Inácio Lula da Silva, adversário histórico, para formar uma chapa à presidência nas eleições de 2022.

O resultado da união de opostos foi a vitória nas eleições, com ambos eleitos para comandar o Brasil pelo período de 2023 a 2026. Por trás da união, criticada por militantes do PT, estava a tentativa de atrair um eleitor de centro de direita, como forma de derrotar o então presidente Jair Bolsonaro. E a estratégia, inicialmente vista como arriscada, deu certo.

Conheça a seguir mais sobre a trajetória de Geraldo Alckmin no mundo político.

Quem é Geraldo Alckmin

Nascido em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, em 7 de novembro de 1952, Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho é médico de formação, casado com Maria Lúcia Ribeiro Alckmin, com quem teve três filhos: Sophia, Geraldo e Thomaz – o último morto, em 2015, em um acidente de helicóptero.

Alckmin é conhecido por sua fé e orientação católica, recebida desde criança pelo pai, que era devoto de São Francisco. Ele perdeu cedo a mãe. Também é conhecido por hábitos simples e dedicação à família. 

Ainda na faculdade começou a dar os primeiros passos na política, tendo se filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e sido eleito vereador de sua cidade natal, em 1972, como o mais votado. 

O cacife político, assim, o levou a ser presidente da Câmara dos Vereadores e, em 1976, foi eleito prefeito de Pindamonhangaba. Na ocasião foi o mais jovem eleito para administrar a cidade, tendo ficado por seis anos no cargo.

Deputado

Os primeiros voos maiores vieram em 1982, quando se elegeu deputado estadual de São Paulo. Na eleição seguinte, em 1986, se elegeu com um dos mais votados do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) para deputado federal.

No Congresso Nacional, Geraldo Alckmin foi vice-líder da bancada do PMDB durante o período da Assembleia Nacional Constituinte, que definiu a atual Constituição do país. Com conhecimento na saúde, ajudou a definir os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).

Ele saiu do PMDB e em 1988 ajudou a fundar o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), junto com Fernando Henrique Cardoso, que foi presidente do Brasil, entre 1995 e 2002, Mário Covas, Franco Montoro e José Serra.

Em 1990, Geraldo Alckmin foi reeleito deputado federal e teve como marca projetos ligados ao Código de Defesa do Consumidor, Lei de Benefícios da Previdência Social, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e de doação de órgãos para transplantes.

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Governador Geraldo Alckmin

Com essa experiência em Brasília, o político logo se transformou em um dos quadros de maior destaque dentro do PSDB. No início dos anos 90, foi presidente do partido em São Paulo, se cacifando para ser vice-governador na chapa de Mário Covas.

Assim, em 1994, se elegeu vice-governador, se dedicando a assuntos relacionados a parcerias público privadas, obras de infraestrutura e programas de desestatização. Em 1998, foi reeleito, novamente, vice de Covas, para o Palácio dos Bandeirantes. Já em março de 2001, assumiu o governo do Estado de São Paulo com a morte de Mário Covas. 

No ano seguinte, concorreu a governador, como cabeça de chapa. Após ter 38,3% dos votos no primeiro turno, foi para o segundo, contra o petista José Genoíno, que ficou com 32,4%, com ambos superando Paulo Maluf (21,4% dos votos). No segundo turno, Alckmin foi eleito com 58,64% dos votos, enquanto o segundo colocado ficou com 41,36%.

Alckmin venceu a disputa nas urnas para o Palácio dos Bandeirantes em mais duas oportunidades: 2010 e 2014. Na primeira delas, venceu em primeiro turno Aloizio Mercadante, com 50,63% dos votos, contra 35,23% do petista. Em terceiro lugar, ficou Celso Russomanno, com 5,4%.

Enquanto isso, em 2014, Alckmin foi reeleito, novamente, em primeiro turno, governador de São Paulo. Dessa vez, ele teve 57,3% dos votos, ficando à frente de Paulo Skaf, do PMDB (21,5%) e Alexandre Padilha, do PT (18,2%). 

Apesar de todas as conquistas como governador, fracassou em duas oportunidades, quando disputou a prefeitura de São Paulo. As derrotas aconteceram nos anos de 2000 e 2008. Ele ficou em terceiro lugar nas duas campanhas.

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Marcas nos governo de São Paulo 

Entre as marcas do governo Alckmin no Estado de São Paulo estiveram diversos investimentos em infraestrutura. Ao longo de seus governos, houve aumento da calha do Rio Tietê, implementação do trecho oeste do RodoAnel, ampliação do metrô e de trens, além da inauguração da segunda pista da rodovia Anchieta-Imigrantes, que liga São Paulo à baixada santista.

Na área administrativa, ampliou o Poupa Tempo, criado na gestão de Covas; no social, aumentou o programa Bom Prato e o Programa Paulista de Mutirão e Autogestão na área habitacional, para construção de moradias. Na economia, promoveu a redução do imposto ICMS, conseguindo elevar a arrecadação, assim como ampliou o sistema de compras eletrônicas em licitações públicas.

Outras áreas de destaque foram na educação, em que o Estados manteve os melhores indicadores do país ao longo de seus governos. Enquanto isso, na segurança pública, ampliou e modernizou a estrutura carcerária, com novas construções e desativação do complexo do Carandiru.

Uma das maiores crises de seus governos ocorreu entre 2014 e 2015, por conta da crise hídrica, quando foi acusado de falta de investimentos no setor. A cidade de São Paulo e região metropolitana sofreram com racionamento de água.

Candidaturas à presidência de Geraldo Alckmin

Mesmo com toda sua experiência no Palácio dos Bandeirantes, casa do governo paulista, Geraldo Alckmin colecionou derrotas nas disputas ao Palácio do Planalto. Na primeira delas, em 2006, Alckmin perdeu para Lula, que venceu o tucano e se reelegeu. 

Nesta campanha, o político ganhou apoio majoritário do PSDB, mas não unânime, principalmente de caciques como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Aécio Neves. 

A eleição foi marcada pela pauta da corrupção, sobretudo após vir à tona o escândalo do Mensalão. O tema foi tratado durante a campanha, mas não foi o suficiente para levar Lula à derrota.

No primeiro turno, obteve 41,62% dos votos, indo para o segundo turno com Lula, que teve 48,6%. No 2º turno, porém, obteve uma votação inferior, de 39,17%, contra 60,8% de Lula.

2018

Em sua segunda tentativa, em 2018, o desempenho foi decepcionante. Alckmin tinha o maior tempo de televisão, mas mesmo assim ficou em quarto lugar na disputa.

Além disso, neste ano, houve um acirramento da polarização política, com a entrada em cena de Jair Bolsonaro e a prisão de Lula, que retirou o petista da disputa.

Ao final do 1º turno, Bolsonaro teve 46% dos votos; Fernando Haddad, representante do PT, 29,2%; Ciro Gomes, do PDT, 12,4%; e Alckmin, pelo PSDB, apenas 4,7%.

No segundo turno, Bolsonaro foi eleito com 55,13% dos votos, à frente de Haddad, que obteve 44,87%. Alckmin não declarou apoio a nenhum deles.

Da união com Lula à vice-presidência

Geraldo Alckmin e Lula juntos posando para foto
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images

Como a política é feita de reviravoltas, várias aconteceram antes das eleições de 2022. A primeira delas foi a volta de Lula à disputa eleitoral, após ser preso, com anulação de suas condenações.

A segunda foi a aproximação entre Lula e Alckmin, antigos adversários eleitorais. Cabe destacar, porém, que Lula sempre teve boas relações com ele, sobretudo entre 2003 e 2006, quando o primeiro era presidente e o segundo governador de São Paulo.

Por trás dessa “união” esteve uma série de desavenças internas entre os principais líderes do PSDB, que racharam. O ápice da crise envolveu João Doria, ex-prefeito e governador de São Paulo, que contrariou acordos firmados com Alckmin, que era seu padrinho político.

Sem força dentro do PSDB e em choque com Doria, Geraldo Alckmin deixou a legenda, que ajudou a fundar, no final de 2021. Na ocasião fez críticas a Doria e apoiou Eduardo Leite como candidato à presidência tucano em 2022. Contudo, nem Dória nem Leite disputaram a presidência.

Nessa época, começou a aproximação entre Lula e Alckmin. Conforme relatos do próprio presidente, os primeiros contatos foram feitos por intermédio de Fernando Haddad, que se tornou ministro da Fazenda, e do ex-deputado Gabriel Chalita. Para tornar a chapa viável, Alckmin se filiou ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).

“Isso chama-se política”, disse Lula, em abril de 2022, ao justificar o anúncio da chapa para concorrer às eleições, em pré-convenção do PSB. Com Alckmin, o petista buscou atrair os eleitores mais conservadores, assim como abrir portas com setores empresariais e do agronegócio.

A chapa Lula-Alckmin, portanto, foi oficializada em julho de 2022.

Vitória nas eleições

Após uma das eleições mais acirradas e polarizadas do país, Lula e Alckmin venceram o pleito, em outubro de 2022, com 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% de Bolsonaro.

Em uma de suas primeiras iniciativas, o vice-presidente eleito coordenou o gabinete de transição entre os governos, trazendo, assim, um diagnóstico dos pontos mais críticos e propostas para a nova gestão.

Dia 1º de janeiro de 2023, enfim, ele tomou posse como vice-presidente, assumindo também o ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Alckmin também vem assumindo, ocasionalmente, a presidência da República, quando Lula está em viagens ao exterior.

Imagem: Antonio Cruz / Agência Brasil