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Conheça Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Bolsonaro

Principal ministro do governo do ex-presidente Bolsonaro, foi o responsável pela política econômica.

Ministro forte do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Paulo Guedes comandou a super-pasta da Economia, entre os anos de 2019 a 2022. Ao longo da vitoriosa campanha de Bolsonaro, em 2018, Guedes foi apelidado de “Posto Ipiranga”, uma referência a um famoso comercial, já que ele sempre seria consultado pelo presidente e diria o que deveria ser feito na economia brasileira.

De pensamento liberal, ou seja, defensor de um estado mínimo, onde o governo deveria intervir e investir cada vez menos na economia, Guedes foi bem-visto pelo mercado financeiro e buscou lançar uma agenda de privatizações. A principal delas foi a da Eletrobras, empresa que centraliza todo sistema de energia do País.

No entanto, ao longo do mandato de Bolsonaro, Guedes teve que ceder a uma agenda contrária aos seus princípios. Tudo como consequência dos efeitos da pandemia, já que precisou lançar para milhões de brasileiros o pagamento de auxílios para atenuar os impactos da Covid-19 sobre a economia.

Confira agora a história de Paulo Guedes e os seus principais feitos como ministro da Economia de Jair Bolsonaro.

Quem é Paulo Guedes?

Paulo Roberto Nunes Guedes nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no dia 24 de agosto de 1949, filho de uma servidora pública e de um vendedor de materiais escolares. Ele é casado com Maria Cristina Bolívar Drumond Guedes, tendo Paula Drumond Guedes como filha, e uma vida pessoal bastante reservada.

Começou os estudos de economia na Universidade Federal de Minas Gerais e se formou mestre. Concluiu doutorado em economia na Universidade de Chicago (EUA), obtendo seu Ph.D, com a orientação de um dos mais influentes liberais do mundo, o economista Milton Friedman.

Boa parte de sua atividade até o início dos anos 80 aconteceu na academia. Durante os anos 70, lecionou no Chile e acompanhou as transformações liberais do país, liderada por economistas que ficaram famosos por serem os “Chicago Boys”.

No Brasil, foi professor de instituições de ensino como a Fundação Getúlio Vargas (FGV), PUC do Rio e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Ele ainda foi diretor do Instituto Brasileiro do Mercados de Capitais (Ibmec). 

Banqueiro

O salto na carreira de Paulo Guedes veio a partir de 1983. Ele fundou o Pactual, que se transformou ao longo dos anos – e atualmente se chama BTG Pactual – em um dos maiores bancos de investimentos da América Latina.

O convite partiu de Luiz Cezar Fernandes, que, junto com André Jakurski, fundou o Pactual, com Guedes sendo estrategista chefe da instituição. A intenção era concorrer com o Banco Garantia, de Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, trio de maiores bilionários do Brasil, donos de empresas como a AmBev e Lojas Americanas, recentemente alvo de um escândalo contábil.

Neste período, instituiu uma cultura de meritocracia e atração de jovens talentos do mercado financeiro. O Pactual se tornou referência no segmento, mas Guedes saiu da instituição no final dos anos 80, formando uma nova gestora com Jakurski, a JGP. Ele era também, quando foi convidado para ser ministro, sócio da BR Investimentos. 

Críticas políticas

Antes de virar ministro de Bolsonaro, Guedes criticou diversos planos econômicos ao longo dos anos, desde o Cruzado, passando pelo Plano Collor, que gerou o confisco das poupanças, até o Plano Real, que estabilizou a economia brasileira.

Para Guedes, contudo, o problema dos planos econômicos era que não atacava as causas da hiperinflação, que eram os gastos públicos. Isso o levou a sofrer muitas críticas de outros economistas, inclusive dos formuladores do Plano Real – que se mostrou exitoso até os dias de hoje.

Liberal de pensamento, Guedes seguia a cartilha da Escola de Chicago, que defendia a presença mínima do Estado na economia; ou seja, a venda de empresas estatais, o controle das contas públicas e o investimento (nacional e internacional) privado na economia.

Paulo Guedes e Bolsonaro

Assumidamente leigo na economia, Bolsonaro anunciou Guedes como um de seus primeiros ministros, sendo o “fiador” de todas as suas políticas econômicas. O nome de Guedes, porém, já havia sido indicado, de forma informal, quando Bolsonaro era ainda pré-candidato à presidência, praticamente um ano antes de tomar posse. 

Em uma de suas primeiras iniciativas, colocou sob o seu guarda-chuva os antigos ministérios da Fazenda; Planejamento; Indústria e Comércio Exterior; além de áreas do Trabalho. Dessa forma, toda essa estrutura passou a se reportar ao Ministério da Economia. Isso tornou a pasta de Guedes a mais poderosa do governo Bolsonaro.

Outro projeto prioritário de Guedes era o de zerar o déficit das contas públicas, além de arrecadar alguns bilhões de reais com a privatização de empresas estatais. Como já comentamos, a mais bem-sucedida das privatizações foi a da Eletrobras. No entanto, há críticas à forma como foi feita e vem sendo cogitada sua reversão pelo governo Lula.   

Também ocorreu a privatização da BR Distribuidora, que pertencia à Petrobras, sendo responsável pela distribuição e venda de combustíveis no Brasil. A própria Petrobras chegou a contar com desenhos para sua privatização – no caso, a venda do controle do governo na empresa, assim como ocorreu com a Eletrobras –, mas o plano foi enterrado pelo novo governo.

Ex-presidente Jair Bolsonaro e Paulo Guedes
Imagem: Wilson Dias/Agência Brasil

Pandemia e gastos sociais

Um capítulo a parte da gestão de Guedes veio com a pandemia. O Brasil vinha, até o início de 2020, com excelentes perspectivas econômicas. No ano anterior, havia sido aprovada a reforma da Previdência, o que ajudaria a reduzir os gastos públicos – algo defendido por Guedes e por sua linha de pensamento liberal.

No entanto, a pandemia fez tudo mudar. Como medidas para não causar um desastre social, já que milhões de brasileiros ficaram sem renda, o governo precisou desembolsar mais de R$ 700 bilhões em recursos para o combate aos efeitos negativos da Covid-19 na economia.

Nessa época foi criado o auxílio emergencial, pago a trabalhadores formais e informais, além de desempregados. Assim, se garantiu uma renda mensal a cerca de 53 milhões de brasileiros. O valor pago no início da pandemia foi de R$ 600. 

Outras medidas atingiram a liberação de crédito às empresas, prorrogação de pagamento de impostos e um programa de manutenção do emprego, que visava impedir o desemprego em massa de trabalhadores durante a pandemia. 

Houve, contudo, críticas de alguns setores da sociedade, quanto à atuação de Guedes. Conforme informações da imprensa, ele teria resistido à ampliar os benefícios por mais tempo. Tanto que na ampliação do auxílio emergencial os valores foram menores e para uma fatia menor da população.

Saiba mais:

Legado de Paulo Guedes

Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, várias medidas implementadas durante a sua gestão ajudaram no desenvolvimento e modernização do Estado brasileiro, além de promover uma maior abertura da economia.

Paulo Guedes liderou os planos do governo de avançar no ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), algo almejado desde os anos 90. O grupo é composto pelos países mais ricos do mundo. 

Para ingressar na OCDE, o governo precisa implementar uma série de iniciativas de forma a tornar o país mais atrativo para investimentos internacionais. O ingresso, se tudo der certo, está previsto para acontecer em até cinco anos.

Guedes colecionou ainda outras conquistas importantes, como a reforma do FGTS, criando novas regras de saques do fundo; a Lei da Liberdade Econômica, o Marco Legal do Saneamento, a Lei do Gás, das Licitações, entre outras.

Outra semente plantada durante sua gestão frente ao ministério da Economia foi a da própria reforma tributária, que foi gestada no governo Bolsonaro, porém, foi aprovada agora, em julho, pelo Congresso, já na gestão Lula.

Como se vê, mesmo com toda linha de pensamento liberal, Guedes soube mesclar suas virtudes com as necessidades econômicas e sociais do País. Seu legado, positivo e negativo, será, assim, lembrado ao longo dos anos no Brasil.

Imagem: A.RICARDO / Shutterstock.com